Poema de Pablo Neruda Crepusculario

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Procuro palavras, rabisco frases inacabadas.
Vasculho sentimentos meus nesta confusão que encontro dentro do meu coração.
Tento falar para o mundo mas sons vindos da alma não conseguem romper a barreira do espanto.
Esse e o instante que me devolvo a você.
Que me envolvo em sua luz e que passo a ser o brilho que vem de você.
Esse é o momento da voz que emudece, do corpo que para, das mãos que se quedam.
E chegada a hora da celebração da alma.
E é assim que meus olhos percebem na quase escuridão desse dia que amanhece, uma pequenina estrela, por pouco não mais que um pontinho brilhante, balançando solto no espaco.
E vai clareando meu corpo.
De azul e rosa colore meus sonhos.
E de dourado tinge meu caminho como um sol na preguiça do amanhecer.
E as frases perdidas se encontram na porta do coração, sentimentos confusos se ajeitam dentro da alma.
As mãos, inda ha pouco paradas, tremulam suavemente. O corpo, como um sopro, se curva a esse instante tão belo, tão raro.
E a voz, por tanto tempo calada, timidamente ensaia uma canção de ninar.

Inserida por yamica

⁠⁠É um ardor.
Sinto-o em todo o corpo
Como algo que queima
Tão devagar que não faz chama.

É uma dor constante
Uma dor oculta
Envergonhada
Com medo de se manifestar.

Não tento pô-la em palavras
Para ouvidos mudos.

Guardo-a para mim
Até a solidão voltar
Até nada restar para além do silêncio

Aí, expresso-a pelos meus olhos abaixo.
Escorre com sabor a mar
Tão inocente...

O ardor deixa de o ser.
Torna-se incêndio.
Espalha-se pelo corpo,
Que passa a ser nada mais que combustível.

Talvez um dia lhe ponha um fim.
Talvez um dia acabe.
Talvez um dia apague.
Talvez.

Inserida por Maria_F

⁠Quando foi que eu deixei de ser criança
Lembro de quando pequena
Subia na árvore e os galhos eram como trapézio.
Não tinha medo, nem mesmo tontura
Só a diversão de estar ali pendurada.

Depois com o tempo
As árvores viraram meu refúgio
Lá eu ficava, ninguém me via
E assim acredito acabei crescendo
E com o tempo deixei de subir nelas

Hoje sinto falta delas. De sua altura
Mas com a idade é falta de jeito
Já não sei mais subir em uma árvore

O tempo passa , as coisas mudam
Não diga que não se esquece, esquece sim
Com o tempo perdemos o jeito.
Perdemos nossa desenvoltura
E acabamos por ficar adultos
E esquecendo de como é ser criança.

Feliz aquele que mesmo com o tempo
Jamais perdeu sua infância.

Inserida por Poema-as-Bruxas

⁠O fundo do mar
Despertar interesse
Qual seria esse?

Quando se está perdendo o ar
Tudo instiga
Mas no mar! Como seria?

Cores vivas, água é vida
E lá no fundo, bem no fundo
Existe vida?

Inserida por Poema-as-Bruxas

⁠Um dia te falei
Aonde me encontrar

Indiquei o caminho
E todas as jogadas

As páginas de um livro
O filme que me tocava

Mas foi a música que disse
Tudo ... mas você não ouviu nada.

Inserida por Poema-as-Bruxas

⁠Um dia você vai dizer que me ama
Mas quando este dia chegar
Eu vou estar dizendo adeus a este mundo.

Será meu último adeus
Minha última alegria
Minha despedida

Inserida por Poema-as-Bruxas

O nosso amor-próprio exalta-se mais na solidão: a sociedade reprime-o pelas contradições que lhe opõe.

Faço dizer aos outros aquilo que não posso dizer tão bem, quer por debilidade da minha linguagem, quer por fraqueza dos meus sentidos.

O rosto de uma mulher, seja qual for a sua discrição ou a importância daquilo em que se ocupa, é sempre um obstáculo ou uma razão na história da sua vida.

Os homens de pouca inteligência não sabem encarecer a própria capacidade sem rebaixar a dos outros.

Pouca ou nenhuma vez se realiza com a ambição coisa que não prejudique terceiros.

Saber viver com os homens é uma arte de tanta dificuldade que muita gente morre sem a ter compreendido.

A modéstia é para o mérito o que as sombras são para um quadro. Dão-lhe forma e relevo.

Todos os homens são bestas; os príncipes são bestas que não estão atreladas.

Agrada-nos o homem sincero, porque nos poupa o trabalho de o estudarmos para o conhecermos.

Para o homem, apenas há três acontecimentos: nascer, viver e morrer. Ele não sente o nascer, sofre ao morrer e esquece-se de viver.

Onde intervêm o favor e as doações abatem-se os obstáculos e desfazem-se as dificuldades.

A indiferença ou apatia que em muitos é prova de estupidez pode ser em alguns o produto de profunda sapiência.

Os velhos que se mostram muito saudosos da sua mocidade não dão uma ideia favorável da maturidade e progresso da sua inteligência.

Aqueles que nós definimos como os nossos dias mais belos não são mais do que um brilhante relâmpago numa noite de tempestade.