Poema de Mãos
A Vida tem pontes
Que se constroem
De mãos dadas...
E Luz nos horizontes,
De quem tem Essências partilhadas !
Quando erguia os braços me pedia "bólo"
Te carregava no colo e te dava carinho
Era meu, bebê...
Quando segurava os chinelos entre os dedos
Com força para não sair dos pés
E não deixava colocar a correia
Era o menino querendo crescer
De opinião forte e decidido...
Minhas mãos já não te alcançam mais...
Seus pés... Andam por caminhos diferentes
Dos meus...
Aguardo num canto guardado pelo dia em que quererá meu colo e me pedirá carinho
Te amo, filho.
Poema QUINTANARES
Há tanta moça bonita
Nas ruas que não andei,
Que há até uma encantada,
Que nem em sonhos, sonhei.
Mas se a mim me permitir,
A vida em redemoinho,
Quero me ir levemente sorrindo,
Como se vão aquelas folhas outonais,
Que varrem as ruas centrais da cidade que habito.
E se não for por ventura,
Que o coração se reparta,
Quero que arda em fogo árduo,
A pungente alegria, daqueles que se embriagam,
Simplesmente enamorados na claraboia da lua.
Há tanta coisa escondida, nestas ruas que andarei,
Até mesmo a própria vida, feita uma canção atrevida,
Que quiçá, talvez um dia,
Com as próprias mãos tocarei.
Carlos Daniel Dojja
Em Homenagem a Mário Quintana
LUZ DAS ESTRELAS
Certa feita estive numa aldeia.
Lá me deparei com uma menina,
Sua fome me olhava atentamente.
Tinha o nome de luz das estrelas.
Seu pai não se sabia e sua mãe não vinha.
Perguntei-lhe se sonhava. Disse-me que não.
Mas que quando deixasse de ser miúda,
iria ser médica para cuidar das pessoas e dos que vão nascer.
Você sabe o que é poesia?
Não, não a conheço, interpelou-me rapidamente.
Poesia é feita pra gente?
Passei a visitá-la.
Numa manhã que chovia, nova indagação.
Do que você gosta? Prontamente me disse:
Gosto de comida, de escola e de brincar de casinha quando faz frio.
E vou lhe confessar algo.
- Também brinco de agarrar nuvens com as mãos
Carlos Daniel Dojja
Para Luz das Estrelas, em Angola.
"...Poucas coisas me pertencem.
Os olhos que me deixaste na sombra.
Aquele beijo soprado no eclipse.
O dia em que te bordei em meu peito.
Poucas coisas me seguem.
A estrada em que teus pés me nasceram.
Tua voz chamando quando eu amanheço,
Com a memória acessa de tuas mãos..."
Carlos Daniel Dojja
In Fragmento Poema Inventário
Ah, esses lábios... Esses braços, abraços, seus lábios...
Ah, esse corpo... Seu corpo, junto ao meu corpo. Suas mãos, o descompasso do meu coração.
Ahh, meus pensamentos, meus devaneios, a vaguear, sempre em busca de, ao menos em sonhos, te encontrar.
Nem as estradas são paradas.
Quando você olha para o horizonte
Verá que elas estão caminhando.
E se algum dia você se deparar com uma que chegou ao fim, é por quê ela está esperando você continua-la com suas próprias mãos.
Pensando em me iludir?
Desculpe...
Já estou iludindo você...
Lhe entreguei tudo..
E tudo, agora, lhe tomo...
Realidade, de mãos dadas, estou...
Esperei por tanto tempo...
Um tempo que já acabou...
A vida é uma viagem...
Vou usar minha passagem...
E olhar pra esse mundo...
Bem além do horizonte...
Adiante...avante...
Onde o longe não será distante...
Sandro Paschoal Nogueira
— em Conservatória Pousada Chic Chic Casa do Sandrinho.
não LAVE AS MÃOS
Há pouco tempo, eu diria
Dei mais peso a uma palavra.
Me cutucava todo dia
Em toda parte a encontrava.
Fui obrigada assim
A refletir mais profundo,
Porque aprender não tem fim
Então passei a olhar pra mim
E não para todo mundo.
Que palavra é essa
Que hoje muito interessa
Àquele que não foge
De crescer, evoluir?
RESPONSABILIDADE!
Palavra grande e de peso
Dela não se sai ileso.
Todos têm o rabo preso.
Não adianta querer fugir.
Nem adianta lavar as mãos.
O tempo todo, todo tempo.
Somos todos vilãos
Tudo é muito nojento.
Então trago pra mim
O que é meu dever,
Onde está meu poder,
O que devo fazer
Com todo meu talento.
E assim vou Abraçando
Tudo aquilo que me cabe
Por onde eu for andando
Antes que tudo desabe:
Ser feliz por mim mesma,
Cuidar do meu coração,
Estar disponível a um irmão,
Andar, criando união
Antes que o mundo acabe.
Mirian Rebeca Lalli
(depois que cansei de lavar as mãos)
Janela Parte I
Na sacada a visão emociona,
O amor me abandona,
E o medo me abraça.
O sufoco me mata,
E o desespero me enlaça,
Com tal força que me impressiona.
A decisão torna-se tão incómoda.
Meu desejo é o socego.
É como o belo sobejo,
Que a morte me traz.
Perde-se então a paz,
Pois não acalma o que a alma faz
Para me tornar um pouco cego.
Minhas mãos tocam o ar que não pego.
Bom dia planeta VIDA
Deus está com todos nós:
Basta abrirmos os olhos
E ver que a terra é um globo
Que gira
Nas mãos dele
Do criador de tudo
Estamos nele
E ELE
Em Nós
Amém
Não sei se lavo as mãos,
Ou esfrego o corpo.
Se me isolo então
E me entrego todo.
Talvez assim
cheio de mim
viva mais um pouco
Até voltar a saber
o que não fazer de novo.
André Luz
Punção
O passado é a marca deixada pelo punção, no agora, para que se abra um furo futuro. O passado é o Ser no presente, que se desloca para a bancada, onde trabalha todos os dias. É o Ser de mãos calejadas e duras, às vezes até dormentes, que de forma expedita pega com a sua mãos direita e mais forte no martelo, com a sua mão esquerda, a sua mais precisa, segura o punção e com sagacidade desfere sua energia no ferro e deixa a sua marca no tempo. Essa marca e a energia que ela contem, o seu propósito para o Ser... é o seu sentido de orientação. É onde ele vai fazer o seu furo, orientar a sua peça, construir o seu engenho e moldar o seu futuro!
O Ser Humano tem Pulsões que o próprio Punção desconhece.
Direccionemos sempre as nossas pulsões para o bem, por mais difícil que isso seja. Esse caminho exige observação, consciência e identificação do que nos leva a determinados actos na nossa vida. É no amor e nos afectos que o ser humano descansa as suas pulsões. Seja autentico e entusiástico. Abrase, beije e ame, deixe a ocitocina fluir no seu cérebro. Já fez alguma destas coisas hoje?
E O VÍRUS RONDOU A FAVELA
Faltava tudo na casa do pobre homem,
só não faltava fome.
Como essa desgraça é coisa pra se matar,
um vírus armado rondou por lá.
Casa sem porta, faltava trancar.
Como era de se esperar,
ao reles morador algo mais faltou:
faltou-lhe o olfato.
Até já se acostumara com esse "nada ter".
- "Ora, se aqui todos suportam o mau-cheiro
da lama e nem mais reclama, olfato pra quê?!"...
Também era asmático.
Ar falto.
Remédio mais ouvido:
- "Mãos ao alto!"...
Digo - pra ser mais enfático:
...o remédio mais ouvido
na entrada de um ouvido
antes de ouvir o estampido...
- "Quem me socorre?"...
Como sempre, ninguém.
Faltou o afeto.
- "Então leve, leve sim,
leve tudo o que tenho,
ninguém se apieda de mim,
mas me salve a vida!"
- "Ai, Senhor, que dor,
quanta falta de amor!"...
Única sentimental saída,
prenúncio de despedida:
É que o vírus,
atlético, patético e antiético,
por não ter encontrado nada,
tirou do nauseante moribundo
o que ele inda lutava pra não perder,
acreditando ser-lhe dalguma valia,
mesmo neste degradado mundo,
onde ninguém o ouve,
onde ninguém o socorre.
onde toda ilusão é vã - e morre.
(fernandoafreire)
OUSADIA
No meu intimo, uma desnecessidade se aguça.
Creio descomplexa, de não ter nada a desdizer.
Já me levo inteiro de indagações a juntar atalhos,
De quem bem sabe o quanto custa o desviver.
Mas não existo o bastante para deixar de aspirar.
Espio manhãs. Não graduo conjuras.
Apraz-me compreender que uma reta contém variáveis.
Meus poros se aguçam de humana estatura.
Minhas inquietações desfiam-se visíveis.
Confesso-me indisciplinado com as formalidades do risco.
Em quase tudo me arde, o que suponho merecer.
E se não o sentir, não me impele o florescer.
Tenho dificuldades com prognósticos do viver pré-definido.
Não uso decifrador de tempo, para embeber-me do instante.
Declaro-me avesso em não desfrutar o que o momento instaura.
E quando me chega, pousa em minhas mãos, como se vindo da alma.
Carlos Daniel Dojja
Ela tá bem, tá em paz...
Seguindo firme
de mãos dadas com Deus
e essa Fé inabalável
de que tempos bonitos
estão por vir !
"Com os ramos de arruda nas mãos e as orações invocando a Santíssima trindade (Pai, filho e espírito santo), a fé me conduziu na realização do benzimento"
Toinha Vicentina (1911-1998)
Escritora Markenciana
Busque a felicidade em si mesmo!
Ela não está nas mãos de outra pessoa.
E sim, em suas próprias mãos.