Poema de Luto
Saudade é um sentimento que se resume em tristeza e alegria.
Tristeza por está longe de quem amamos, e alegria pelos bons momentos que estivemos juntos.
Mais que a oração são as nossas atitudes. Somos falhos não por pouco orar, mas por agir muito em desacordo com as nossas próprias orações. Luto muito contra as minhas falhas, e algumas parecem ser impossíveis de vencer, mas não desisto e faço dessa "indesistência" a minha melhor oração.
Neste momento de dor, enviou minhas condolências aos nossos vizinhos é muito triste saber que sua dignidade foi roubada.
Quando você perde alguém, a dor que sente é por si mesmo, a dor de saber que você nunca mais verá essa pessoa novamente, nunca ouvirá a voz dela novamente, que sem ela, você pensa acha nunca conseguirá seguir. A dor é egoísta. Foi isso que me deixou com raiva.
O ato de escrever não foi exatamente um momento de alívio ou cura – nem gosto muito dessa palavra. Mas quando eu escrevia acontecia algo ali que me conectava de novo ao mundo. Ou à minha filha. Hoje eu nem entendo como fiz isso. Eu estava completamente destruído e, mesmo assim, escrevia.
Não deu tempo de levar a Minha Filha para Paris, para as praias no Nordeste, para mergulhar em Bonito. Não deu tempo de tomar com ela um copo de cerveja e uma taça de vinho. (...) Não deu tempo de ela andar ao meu lado no banco da frente do carro. Não deu tempo de parabenizá-la por ter entrando na História, na Arquitetura, na Medicina, por ter decidido não fazer faculdade e ter largado tudo para ir morar em uma comunidade em Piracanga. (...) O que realmente me dá medo é o que não deu tempo para ela pensar em fazer comigo. Os sonhos dela. Ou ainda, o que ela nem chegou a sonhar. Esses se tornaram insondáveis. Um mundo que eu não posso acessar. Fechado no cérebro já desligado dela.
Somos como pétalas ao vento, um sopro e dançamos em sincronia, todas juntas, porém, conforme o poder do sopro acaba, caímos uma a uma, até que o último dançarino termine de se apresentar.
Circunstâncias podem mudar de uma hora para outra, mas a fortaleza que nos impulsiona para dar a volta por cima vem de dentro de nós.
A vida e seus limites, um ponto em uma reta, nos curvamos diante da saudade e é isto que nos torna humanos, amar além da inteligência.
O que me conforta na morte é a ideia pura e simples de que tudo que morreu um dia viveu, não importa o quão longa ou curta fora a existência deste ser, ou o quão injusta fora sua morte, o fato de ter surgido mesmo que por um milésimo de segundo neste universo já é tão grande e incompreensível que por si só sustenta todo o meu luto.
Refugiada sob a saia de uma mulher, senti se solidificar em mim, como uma lava, um sentimento que deveria nunca mais me deixar, mescla de terror e luto.
A morte não é algo que você supera. É o rasgo que divide a vida em um abismo, com antes e depois, e tudo o que você pode fazer é tentar existir da melhor maneira possível no depois.
Mais um ciclo de vida se encerra, uma vida de altos e baixos, uma vida tão comum ao acaso, uma vida que deu vidas, uma vida que sarou corações, que conquistou multidões, que buscou felicidade como tantas outras vidas, o coração que pulsava nesse peito era de fato só mais uma vida, mas para quem ousou conhecê-lo, era tudo que importava.
Cada vez que um coração muzambinhense para, outros vinte mil disparam gritando saudade. É que em cidade pequena as distâncias são curtas e o amor singelamente mais perto.
Perder uma Mãe é levar uma tremenda paulada e lembrar dessa dor a vida inteira. As vezes nosso egoísmo não aceita essa partida. A tarefa foi cumprida e é chegada hora de voltar para o lar lá de cima.
Um dia a gente descobre que somos obrigados a viver sem as pessoas que fizeram parte atuante do cenário da nossa felicidade, dos momentos mais bonitos, das memórias mais queridas, das risadas mais sinceras.
Um dia a gente descobre que viver sem essas pessoas não é opção, é uma exigência da vida e que ela não é nem um pouco complacente conosco. Nesse dia, descobrimos também, que mais que viver sem elas, somos obrigados a ser felizes sem elas. E isso acontece não porque nos tornamos insensíveis ou porque somos especialistas na arte de lapidar egoísmo, muito pelo contrário, isso acontece porque descobrimos que o melhor lugar para guardar a memória dessas pessoas tão especiais é um coração feliz, com todas as janelas abertas para o infinito.
Uma das coisas mais difíceis de aceitar quando alguém que você ama morre é que a vida continua. É como um rio que nunca para.
Há algo sobre perder a sua mãe que é permanente e inexprimível - uma ferida que nunca cicatriza completamente.
O tempo sempre é um grande aliado. Já se vão alguns anos que perdi meu pai, e a vida trata de nos conduzir da melhor forma, trazendo novos significados para a dor. Um deles é a gratidão. Como palestrante e padre, acompanhar o sofrimento de tantas famílias que vivem a dor e a tristeza do luto só é possível graças a essa experiência vivida.