Poema de Criança
Podemos facilmente perdoar uma criança que tem medo do escuro; a real tragédia da vida é quando os homens têm medo da luz.
Tudo o que dorme é criança de novo. Talvez porque no sono não se possa fazer mal, e se não se dá conta da vida, o maior criminoso, o mais fechado egoísta, é sagrado, por uma magia natural, enquanto dorme. Entre matar quem dorme e matar uma criança não conheço diferença que se sinta.
O estudo em geral, a busca da verdade e da beleza são domínios em que nos é consentido ficar crianças toda a vida.
A religião é o suspiro da criança acabrunhada, o coração de um mundo sem coração, assim como também o espírito de uma época sem espírito. Ela é o ópio do povo.
No momento em que uma criança nasce, a mãe também nasce. Ela nunca existiu antes. A mulher existia, mas a mãe, nunca. Uma mãe é algo absolutamente novo.
Criança é esse ser infeliz que os pais põem para dormir quando ainda está cheio de animação e arrancam da cama quando ainda está estremunhado de sono.
Quando vejo uma criança, ela inspira-me dois sentimentos: ternura, pelo que é, e respeito pelo que pode vir a ser.
A miséria de uma criança interessa a uma mãe, a miséria de um rapaz interessa a uma mulher, a miséria de um velho não interessa a ninguém.
Ele sempre foi muito esperto, mesmo quando era criança. Mas uma coisa é ser esperto, outra é ser sábio.
Ao brincar, a criança assume papéis e aceita as regras próprias da brincadeira, executando, imaginariamente, tarefas para as quais ainda não está apta ou não sente como agradáveis na realidade.
Sai da mão de Deus que a contempla / antes de criá-la, como uma criança / que chora e ri sem verdadeiro motivo, / a alma ingénua que tudo ignora, / excepto quando, movida pelo desejo de retornar a Ele, / segue de bom grado o que a diverte.
Nunca houve criança tão amável a ponto da própria mãe não ficar satisfeita ao conseguir adormecê-la.