Poema de Amigo de Augusto dos Anjos

A grandeza de uma profissão é talvez, antes de tudo, unir os homens: não há senão um verdadeiro luxo e esse é o das relações humanas.

O incapaz se cobre; o rico se enfeita; o presunçoso se disfarça; o elegante se veste.

Falta-nos o amor-próprio suficiente para nos não importarmos com o desprezo dos outros.

As coisas mais desagradáveis que os nossos piores inimigos nos dizem pela frente, não se comparam com as que os nossos amigos dizem de nós pelas costas.

O tempo é o único capital das pessoas que têm como fortuna apenas a sua inteligência.

Tolo e muito tolo é aquele que, ao revelar um segredo a outra pessoa, pede-lhe encarecidamente que não o conte a ninguém.

Esse privilégio de sentir-se em casa em qualquer lugar pertence apenas aos reis, às prostitutas e aos ladrões.

Os homens inteligentes não podem ser bons maridos, pela simples razão de que não se casam.

Uma viva inteligência de nada serve se não estiver ao serviço de um caráter justo; um relógio não é perfeito quando trabalha rápido, mas sim quando trabalha certo.

É menor pecado elogiar um mau livro sem o ler do que depois de o ter lido. Por isso, agradeço imediatamente depois de receber o volume. Não há vida literária plenamente virtuosa.

Ao reencontrar os amigos, todos nós já provamos o encanto das más lembranças.

Pensar e fumar são duas operações idênticas que consistem em atirar pequenas nuvens ao vento.

As palavras são como moedas: uma pode valer por muitas, e muitas não valer por uma.

Não é o quanto fazemos, mas quanto amor colocamos naquilo que fazemos. Não é o quanto damos, mas quanto amor colocamos em dar.

As conquistas são fáceis de fazer, porque as fazemos com todas as nossas forças; são difíceis de conservar, porque as defendemos só com uma parte das nossas forças.

O meu maior desgosto é que Deus, na realidade, não exista, privando-me assim do prazer de o insultar mais positivamente.

Um monte de pedras deixa de ser um monte de pedras no momento em que um único homem o contempla, nascendo dentro dele a imagem de uma catedral.

O tempo é um rato roedor das coisas, que as diminui ou altera no sentido de lhes dar outro aspecto.

Eu passava muito bem sem Deus e, se utilizava o seu nome, era para designar um vazio que tinha, a meus olhos, o clarão da plenitude.

As paixões humanas não passam dos meios que a natureza utiliza para atingir os seus fins.