Poema curto
Mas ainda lembro,
Atônito,
Que os ouvia conversando
Sobre ter adiantado um vale
Para pagar o mercado
Da mulher e filha,
Sobre ser feliz e
Brindar cada dia
Os amigos...
E era disso que eu queria
Ter tecido minha poesia,
Que se foi
E não volta mais,
Pois cada momento é
Único.
Não há um pensamento sequer
Para dizer o indizível
Existente.
O cantar do galo
Quebra instantaneamente
O exprimível
No poema.
És bela sim, por natureza,
Esbelta aos olhos do luar,
Onde se afloram canções inigualáveis
De silêncio.
Com isso, descobre-se que
O nosso maior medo é recomeçar,
Mas que não vale a pena se perder,
Pois em meio a esta sórdida embriaguez,
O que importa é amanhecer.
Deixa amanhecer...
Há mil motivos para viver.
Mudamos de infância para adolescência,
De adolescência para juventude,
Tornamos adultos.
Muita coisa fica,
Nem tudo se vai,
Nem tudo muda.
Mudamos de máscaras.
Porém a verdade
Está no íntimo,
No mais íntimo de nossas mudanças.
O brilho nos olhos
E os sorrisos dos rostos,
Mostraram toda a sensação
Que é o viver,
O sentir,
A saudade em si...
Alguma coisa sucedeu-se
Dentro de mim.
Atormentando minha alma serena,
Transformando meu espírito brando,
Sucumbindo toda a dialética.
Porque dor é fácil de sentir,
Ainda mais quando se percebe o movimento
De luzes, som, calor.
O que será que se expressa na real intenção?
Relato nas calçadas
A reflexão ausente
De uma falta de
Mim,
Uma decisão amuada
Pelas ruas solitárias
De vultos e memórias.
E a felicidade,
Amigo(a) leitor(a),
Nasce assim
– Dentro da gente –
Simples, reluzente,
Desta vida tão esquecida e fútil
Que vivemos.
Esta rua que trafego
Todas as noites
Tem espionado minhas
Fraquezas
E o meu medo de encarar
De frente a realidade
Íntima e última.
Enquanto acho que é tão difícil
Lidar com certas situações,
Ele me diz:
'É muito bom. Dá uma
Sensação de liberdade
Que não tem explicação.'
Explique-me, por favor,
Caro(a) leitor(a),
O que é liberdade?
A humanidade é indiferença pura:
Do país que não investe seu dinheiro em cultura,
Da criança que tem fome na barriga,
Do mendigo que na rua se abriga.