Poema curto
Se os meus suspiros pudessem
Aos teus ouvidos chegar
Veria que uma paixão
Tem o poder de curar
Não são de zelos
Os meus lamentos
Nem de ciúme abrasador
São das saudades
Que me atormentam
Na dura ausência
Do seu amor
Dormir para quê?
Tantas coisas boas para fazer
Tantos lugares para conhecer
Tantos livros para ler
Ah insônia...
Onde anda você.
Você me olhou e viu o que ninguém mais via,
Me fez sentir de novo o que eu já não sentia,
E eu inocente cai no que lá na frente eu descobri que era amor.
...e ainda é amor. Um grande amor.
Poeta Sonhador
E eu que pensava que podia tudo...
Mas tudo não passou de mera ilusão
No jogo de cartas marcadas
Fui iludido e mal pago
Triste fim de um sonhador
Agora o que será de mim
Feito uma flor lançada ao mar que a onde levou, tão pálida estava quando uma linda sereia a encontrou e a pôs em seus cabelos.
Feito uma garrafa lançada ao mar que a onda levou, levou para o infinito meus versinhos de amor.
Assim e muito mais me sinto
quando distante de você.
Eles que vivem
Não são como nós
Eu e tu,
Os mortos do real
Do que existe e do que não;
Tu que te iludes
Vós que vos iludais
Penseis que vivem
Quando o não;
Eu.
Gostava de ser como os outros
Os simples Calculista
Fingidores e inteligentes
Inocentes e malévolos;
Mas , se não consigo nem ser eu
Como hei de ser alguém que nem sou;
Gostava só de ser alguém
E não aquilo que sou
Que nem alguém sabe o que é
Porque alguém nunca o foi.
Foi há muito tempo
Mas eu ainda me lembro
Como se fosse hoje
Por amor a um grande amor
Deixe de viver um grande amor
Sob a face serena
E o olhar tranquilo
No fundo do peito
Acima de qualquer suspeita
Há sempre um vulcão
Louco para entrar em erupção
O que é isso, o poeta?
Poeta é aquele ser estranho
E cujas palavras
Eu encontro palavras
Para explicar a minha dor
E o meu amor
A alma acostumada
A navegar
Em mares sombrios
E tempestuosos
Nas manhãs de calmaria
Desencanta-se...
Então, o vento veio
E levou tudo
E me deixou
Desde então
Ando a procura de ventanias
Que me arranquem – com raiz e tudo
Deste chão - onde eu fiquei pregado pelo medo
Olho para o alto, tentando ver o céu
E o que vejo são os edifícios
e sinto pena, um arranha-céu inteiro
Não vale um poema.
Meu bem,
não deposite suas fichas
em mim.
Sou feito
das mesmas matérias
desse solo,
e corro o risco de ceder
com a chegada
do mau tempo.
Roney Rodrigues em "Deslizamento"
Pássaro preso
não canta, lamenta.
Coração acorrentado,
não bate, só vibra.
Roney Rodrigues em "Cativeiro"
Meu passo torto e trêmulo,
minha camisa mal passada,
meu tênis sujo,
pedaços de vidro
chovendo do céu,
tudo é tão ruim,
quando não me visto
de você.
Roney Rodrigues em "Intempérie"