Poema curto
Micropoemas do infortúnio - 2
Para viver um grande amor
Inês e Neves deram-se o sim.
Quando Inês já era morta,
sem falar que aí já morrera o Neves,
tal o tardamento.
Meu desejo é que eu desperte,
amores, paixões, afetos...
não dores.
Mesmo em preto e branco,
que me vejam...
em cores.
Que me acusem de atrair,
mais amores.
Que eu desperte por aí,
mil amores.
Feito pólen em bico de
beija-flores.
Podem prender-me
mãos e pés
fechar-me os olhos,
calar-me a boca,
tapar-me ouvidos e narinas
anular-me o paladar
Mas
enquanto estiver vivendo
há algo
que não podes prender
que não podes calar
que não podes tapar
que não podes anular
O meu pensar.
Não importa seu estado
quero ver resultados!
Chega de enrolação
‘fossa’ é imaginação,
cala a boca
e já para ação!
Assim disse o patrão.
"Não tenho vocação para andar em trilhos
O desconhecido me atrai porque não tenho medo do que imagino
Inevitavelmente,
Eu vivo de arrepios"
Um cigarro,
Para quem quer fumar,
Para quem respira diferenciado,
Cheio de fumaça, ódio e rancor,
Cheio de si,
Aquele que domina a arte de morrer,
Que tem entre seus dedos, queimando,
Suas vidas, dores e amores,
E as cinzas,
As consequências de uma história.
AO MEU AMOR
Dependurei a lua cheia no céu
Para iluminar teu nome
Bordado com as estrelas
Que bailam entre nuvens ao vento
Espalhando o amor
Que vai em meu coração
ANJO LOUCO BARROCO MODERNO
Quando nasci
Eis que me veio o anjo
E me olhou sem pressa
Com cara de espanto
Não apertou a minha mão
Apenas franziu a testa.
Alma inquieta, noite fria
e uma mente turbinada, louca, amante
sem se quer parar.
Faz os versos pra essa moça linda
que domingo de manhã vem me namorar.
Cospe do peito o amor guardado.
Rasga o verso ao soletrar,
que esse amor é verdadeiro
vindo ao pé do ouvido sussurrar.
ALMA NÃO TEM COR
Alma branca
Alma negra
Qual alma será a tua
Mas se alma não tem cor
Com qual se compactua
Alma negra, Alma branca
Lá no céu ou lá na rua
Toda essência da matéria
É o sentimento que inclua
O vermelho de um corpo
Que irriga as fontes suas.
Doar-se
Nunca tive muito a oferecer a ti
Por isso lhe dou estes poemas
Chamados Eternidade
E juro sempre ser seu nome a inspiração;
E então, dou-lhe
A maior frase do mundo: eu te amo.
O maior verbo do mundo: amar.
O maior nome do mundo: amor.
O maior poema do mundo: tu
Ricardo Cabús
REENCONTRO
(Estações Partidas)
O prazer de rever
Sem antever o ponto
Sem prever a duração
Entre o ver
E o rever
Haver e reaver
Ter
Sem reter
Nem deter
Compraz-me
Talvez eu deva ficar aqui
Isolada, trancada, amuada.
Talvez eu deva ser assim:
Ser o que eu nunca fui em mim.
Ou talvez eu deva fazer isto:
No meu viver dar um sumiço.
Sou
Sou dor,
Sou alma cansada,
Sou a voz calada,
Sou marcas de amor.
Sou desilusões,
Sou realidade,
Sou tristes canções,
Sou infinidade.
Sou meu mundo,
Sou rocha,
Sou profundo,
Sou flor que desabrocha.
Arauto sem Nobre
Bruxo em seus próprios paranhos.
Feiticeiro medíocre de encantos bisonhos
Que ilude com a magia pobre
Das simples palavras e sonhos.
Disparidade
Palavras, incógnitas;
Frases desconexas;
Um ciclo Ilógico;
Perguntas simples e complexas;
Em quais perguntas está a resposta ?
Em quais respostas está a lógica ?
Em um mundo sem explicação.
Em que momento temos compreensão ?
Eu pensador
Eu crítico
Nos meus rompantes
Nos momentos excitantes
Penso e crio
Vivo e fantasio
Falo não só de mim, mas também de ti
Poesia é suor
Poesia é descrever um momento maior
Precisamos de mais que uma eternidade
Tempo que o tempo não pode nos dar
Quando o tempo parar
A terra não mais girar
E nada mais importar
Pararemos pra refletir
E ai sim descobriremos
O que realmente nos faz sorrir.