Poema Concreto sobre Festa
TRISTEZA MARAVILHOSA
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Rio de Janeiro,
sob teu corpo de concreto
teu santo padroeiro
dorme, como um feto.
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Ainda não nasceu, teu santo,
ainda é cedo para o milagre;
e a lágrima doce do teu pranto
não é vinho, é só vinagre.
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Baía de Guanabara,
como mente o teu postal.
Vejo fome em pau-de-arara
sob a camada social.
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Queria entender teu segredo,
tua miséria, tua mentira;
mas o que vejo é o degredo
que escapa da tua mira.
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Seres humanos migratórios
compelidos à mudança
cujos mortos compulsórios
são produtos da esperança.
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Rio, Deus te abençoe,
e do alto do Corcovado
em pedra o Cristo nos perdoe
por teu índio dizimado.
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Cidade Maravilhosa,
herança dos guaranis...
na tua culpa misteriosa
guarda a lembrança dos brasis.
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Rio, cidade poesia,
olha teu negro na construção;
não lhe conceda alforria:
tu és a própria escravidão.
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Rio, alguém que tardia
espreita em teu carnaval;
sobre a tua fantasia
jaz a beleza de um postal.
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Rio de Janeiro,
teu caminho não é reto;
ao sul do teu cruzeiro,
um voto vira um veto.
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Ainda não nasceu teu quebranto,
ainda é cedo para o céu;
e a cachaça do pai de santo,
não é néctar, é só mel.
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[BARROS, José D'Assunção. Publicado na revista Insurgência, 2023]
Na calçada onde o concreto se racha,
Sob passos apressados, vejo figuras:
Mendigos, esses monumentos esculpidos pela dor e pelo abandono,
Partes da paisagem, sombras de aversas.
Estátuas esquecidas em praças que ignoramos,
Com rostos e histórias, mas nós, indiferentes,
Passamos como se o tempo não os reclamasse,
Mergulhando na rotina, nas horas lentas.
Hoje me interrogo: o que é ser visível?
A roupa que visto, o bem que acumulo,
É só camuflagem, armadura que me isola.
Sob essa fachada, frágil e cativa,
Sinto a tênue linha entre ser e não ser. Vida miserável...
Eu, que me nomeio alguém, sou apenas um rosto entre muitas máscaras,
Um nome sem significado na memória do mundo.
Se eu me apagasse, quantos chorariam a ausência?
A vida seguiria, indiferente às minhas lutas.
Um mendigo cai, e a rua devora o corpo,
Com a mesma indiferença que o ignorou em vida.
Passam as gentes, a calçada permanece,
E a vida avança, sem pausas, sem lamentos.
A invisibilidade é pena pesada;
E eu, tão próximo desse triste destino,
Percebo que o meu endereço é só um nome,
Uma casa, talvez, mas não um lar.
Fernando disse sabiamente: “Hoje não há mendigo que eu não inveje,
Só por não ser eu.” Na imensidão citadina,
Todos somos mendigos, de afeto, de memória, de um sentido,
Buscando ser vistos, mesmo que por um breve instante,
Nessa profunda solidão que é viver.
Escudos
Apesar desse concreto que te protege de mim..
Te sinto linda, doce e frágil…
Continuo a te buscar…
Ainda derrubo estes teus escudos…
Mimética
Sou da mata, não me acerto na cidade.
Defendo-me do cativeiro de concreto,
Num desejo violento de liberdade.
Desamarroto as asas do pensamento,
Extrapolo pés automotivos, passivos,
Sedentos... Olhos de onça pintada, radar de morcego,
Patas de guará correm no cimento.
Naturalmente anti-cibernética, instintiva, apelativa,
Permissiva... Sou bicho-palha, macaco-prego,
Saci de duas pernas, Caipora, trilha refrescante.
Toda mata vive no meu corpo, plagas verdejantes.
Em mim vivem formas selvagens,
Sonhos que devoram ansiedade, viragens:
Bosque de mil segredos e folhagens.
Minh’alma ponteia verde estandarte.
Disfarçada na anacrônica Campinas fumegante,
Sou anti-vigas de aço, primitivamente blindada.
Naco de floresta oculta por pele esbranquiçada.
Mimética, simbiótica, defendo-me da morte.
Mas se um talho, um corte...
Verão que é seiva meu suporte.
Concreto
Tudo se inicia do fantasiar o cheiro das flores.
A vontade absorve todo sentimento de coragem e perseverança.
Após a conquista vem a luta do permanecer.
Vez em quando a realidade configura-se perdida, aflita, daí a totalidade do ser aparece.
O sonho antes na conjuntura de algo longínquo havendo somente o almejar.
Já aqui se desperta para o que realizado foi.
No prazer da vida o olhar para o que foi, traz sensações sublimes em que a alma movida duvida, mas se agita, dança, sonha novamente e se impulsiona para conseguir.
O fogo que há no querer é que te lança, vem de dentro, queima, fortalece, revigora, aquece e destrói o não.
Racional, pensativo, pausado, em doses suaves de fortaleza e otimismo.
O que se quer aparece onde ninguém ousaria supor e a gente se por.
Se pôr a frente, correr, ultrapassar barreiras, derrubar muros, avançar.
Até que o longe se faça perto e o concreto vire pedra.
Abençoarei seu planos
Sonhos e projetos, no íntimo abstrato e concreto, sei dos teus desejos, sei da sua capacidade, sou eu que alimento teu pensamento, sou eu que cuido da tua ferida, curo tua dor, equilíbrio a tua mente, atendo o clamor pela tua gente.
Oh amigo e amiga, oh Brasil, oh povo, Deus fala contigo eu creio que assim seja, continuo no clamor gladiador, que não pode cessar, a mim e a ti que está lendo, pelas famílias brasileiras, pelo desamparada, humilhado, pelo necessitado, pelo desprezado, as crianças inocentes, aqueles presidiários e também os presentes em asilos, órfãos, viúvas, estrangeiros refugiados, oh altíssimo, socorro presente, atenta tua misericórdia e teu amor, pelas promessas da cruz, ao nome de Jesus, acolhe estes teu filhos no colo, suplico e imploro, invoco e me humilho, tão que sozinho nada posso e nada consigo e é em ti que espero, para teu nome ser glorificado por toda geração de graça e bênçãos recebidas.
Giovane Silva Santos
Tempo, um substantivo concreto que ultrapassa as barreiras do infinito, leva esperança, destrói impérios, cria deuses, ergue e derruba reis.
O tempo, apresentou a homens comuns a grandeza dos reis, a tolos a nobreza dos sábios, e a gentileza dos monges.
O tempo não se desculpa, não se recente, não se limita. Ele vem e vai de acordo com sua vontade constrói e destrói se isto o convier, tempo ele é, o que é.
A este mesmo tempo que te trouxe para mim peso apenas que me permita uma ponta de seu olhar, e que eu não me envaideça, e com o passar do tempo tenha direito a um lugar no seu coração.
O que seria do concreto,
Se não fosse o abstrato,
O próprio do comum,
O derivado sem o primitivo,
Sendo simples ou coletivo,
Na forma de nós Substantivo.
.e
..er
...ter
isto é concreto?
claro que não
...e
..er
.ser
isto sim
isto concreto é
poesia de alvenaria by piu
Importa é ser pequeno; se inteiro.
Se verdade, se concreto, se perene.
Importa é ser miúdo; se pulsa.
Se explode, se arrasta, se aprende.
Importa é ser real!
Importa é ser simples; se vivo.
Se elevado, se digno, se nobre.
Importa é ser comum; se anima.
Se envolve, se floresce, se alegra.
Importa é ser ser!
A efemeridade pode se retirar.
É dispensável!
Dispensam-se firulas,
Lisonjas estão banidas.
O que é, é o que basta.
O que de fato é, é reto, é puro, é íntegro.
É existência, é essência, é consciência
Sendo imóvel,
Ecoa e os seres comove.
Importa é ser!
NASCER DE NOVO
Nascer: findou o sono das entranhas.
Surge o concreto,
a dor de formas repartidas.
Tão doce era viver
sem alma, no regaço
do cofre maternal, sombrio e cálido.
Agora,
na revelação frontal do dia,
a consciência do limite,
o nervo exposto dos problemas.
Sondamos, inquirimos
sem resposta:
Nada se ajusta, deste lado,
à placidez do outro?
É tudo guerra, dúvida
no exílio?
O incerto e suas lajes
criptográficas?
Viver é torturar-se, consumir-se
à míngua de qualquer razão de vida?
Eis que um segundo nascimento,
não adivinhado, sem anúncio,
resgata o sofrimento do primeiro,
e o tempo se redoura.
Amor, este é o seu nome.
Amor, a descoberta
de sentido no absurdo de existir.
O real veste nova realidade,
a linguagem encontra seu motivo
até mesmo nos lances de silêncio.
A explicação rompe das nuvens, das águas, das mais vagas circunstâncias:
Não sou eu, sou o Outro
que em mim procurava seu destino.
Em outro alguém estou nascendo.
A minha festa,
o meu nascer poreja a cada instante
em cada gesto meu que se reduz
a ser retrato,
espelho,
semelhança
de gesto alheio aberto em rosa.
Árvores entrelaçadas no concreto
Raízes quase mortas
Eu vi o dia virar noite e as estrelas surgirem no chão
“Ainda há sentido na vida de um mateiro urbano, planta no concreto e encanta no abstrato.”
Giovane Silva Santos
Penso, logo existe!
Ante a inexistência do concreto
Busco na existência do meu ser
Em algum lugar inóspito, desconhecido
Algo que devo explicar,
Mas, que ainda não se pode provar.
Logo, penso, repenso, busco respostas plausíveis
Poetizo, chego até filosofar.
O que para muitos é utópico, pra mim é salutar.
Deus, por exemplo, a ciência não consegue explicar
Mas um artista, com sensibilidade no olhar
Vê Deus, vê vida onde não há.
Uma rosa arrancada, sem essência,
torna se viva na memória de quem a ganhou.
Um abraço, um sorriso, um afago de mãe,
cura uma dor intrínseca;
Uma velha foto no porta retrato arranca suspiros
E as lembranças se afloram...
A afetividade, não há ciência que explique.
Existe vida, onde eu quero que exista,
Num ser vivo pensante ou num ser inerte
Depende da sensibilidade.
Para convencer a ciência e o homem insensato
De que a afetividade é algo real, nato,
Há de se mergulhar num mar de possibilidades,
despido de regras complexas, estudadas,
se entregando a simplicidade que existe
em cada ser animado ou inanimado
Sendo assim, penso, logo, existe!
Por Marta Souza Ramos
Aspiração
Já não quero
O cheiro do betume,
O cinza do concreto,
A estupidez cotidiana
Selada no desespero.
Quero a fuga prá Pasárgada
Ambição dos poetas
Esquizofrênicos da dor.
Já não quero angústias,
Espaços limitados,
Ruídos encalhados,
Mulheres ritmadas.
Quero abismos iluminados,
Aromas selvagens,
Melodias,
Procissões,
Liberdade e campo.
Já não quero
Vozes tépidas
Melodramáticas,
Seios camuflados,
Pânicos programados,
Anti-mundo.
No teatro mundano,
Sonhos aéreos
Quisera querer,
Utopias valiosas vadias.
Livro: Travessia de Gente Grande
Autor: Ademir Hamú
O velho em cima do telhado a proteger seu teto,
limpando e arrumando telhas sob o concreto,
protege também seus pensamentos de memórias,
que como gotas poderiam inundar seu castelo.
O velho em cima do telhado a proteger seu teto,
para por um momento a observar as flores e pessoas,
que transitando trazem consigo todas as lembranças,
de todos os amores perdidos e do tempo de criança.
Castelo
Castelos seduzem
Os brancos sugestionam paz
Mas, nem todos são de concreto
E sendo de areia, o sonho desfaz
O seu encanto nem sempre traduz romance
Às vezes, só uma história de encontro é permitido nele viver
A sua imensidão é um labirinto confundindo o seu interior
Onde a majestade decide pelo súdito entre ascender ou se conter
Todo castelo tem o seu precioso valor
É mágico, imponente e apaixonante
Porém, é uma edificação estática
Não anseie incorporá-lo ao movimento da vida
Seja visitante