Poema Concreto sobre Festa
Penso, logo existe!
Ante a inexistência do concreto
Busco na existência do meu ser
Em algum lugar inóspito, desconhecido
Algo que devo explicar,
Mas, que ainda não se pode provar.
Logo, penso, repenso, busco respostas plausíveis
Poetizo, chego até filosofar.
O que para muitos é utópico, pra mim é salutar.
Deus, por exemplo, a ciência não consegue explicar
Mas um artista, com sensibilidade no olhar
Vê Deus, vê vida onde não há.
Uma rosa arrancada, sem essência,
torna se viva na memória de quem a ganhou.
Um abraço, um sorriso, um afago de mãe,
cura uma dor intrínseca;
Uma velha foto no porta retrato arranca suspiros
E as lembranças se afloram...
A afetividade, não há ciência que explique.
Existe vida, onde eu quero que exista,
Num ser vivo pensante ou num ser inerte
Depende da sensibilidade.
Para convencer a ciência e o homem insensato
De que a afetividade é algo real, nato,
Há de se mergulhar num mar de possibilidades,
despido de regras complexas, estudadas,
se entregando a simplicidade que existe
em cada ser animado ou inanimado
Sendo assim, penso, logo, existe!
Por Marta Souza Ramos
Aspiração
Já não quero
O cheiro do betume,
O cinza do concreto,
A estupidez cotidiana
Selada no desespero.
Quero a fuga prá Pasárgada
Ambição dos poetas
Esquizofrênicos da dor.
Já não quero angústias,
Espaços limitados,
Ruídos encalhados,
Mulheres ritmadas.
Quero abismos iluminados,
Aromas selvagens,
Melodias,
Procissões,
Liberdade e campo.
Já não quero
Vozes tépidas
Melodramáticas,
Seios camuflados,
Pânicos programados,
Anti-mundo.
No teatro mundano,
Sonhos aéreos
Quisera querer,
Utopias valiosas vadias.
Livro: Travessia de Gente Grande
Autor: Ademir Hamú
NASCER DE NOVO
Nascer: findou o sono das entranhas.
Surge o concreto,
a dor de formas repartidas.
Tão doce era viver
sem alma, no regaço
do cofre maternal, sombrio e cálido.
Agora,
na revelação frontal do dia,
a consciência do limite,
o nervo exposto dos problemas.
Sondamos, inquirimos
sem resposta:
Nada se ajusta, deste lado,
à placidez do outro?
É tudo guerra, dúvida
no exílio?
O incerto e suas lajes
criptográficas?
Viver é torturar-se, consumir-se
à míngua de qualquer razão de vida?
Eis que um segundo nascimento,
não adivinhado, sem anúncio,
resgata o sofrimento do primeiro,
e o tempo se redoura.
Amor, este é o seu nome.
Amor, a descoberta
de sentido no absurdo de existir.
O real veste nova realidade,
a linguagem encontra seu motivo
até mesmo nos lances de silêncio.
A explicação rompe das nuvens, das águas, das mais vagas circunstâncias:
Não sou eu, sou o Outro
que em mim procurava seu destino.
Em outro alguém estou nascendo.
A minha festa,
o meu nascer poreja a cada instante
em cada gesto meu que se reduz
a ser retrato,
espelho,
semelhança
de gesto alheio aberto em rosa.
CAPRICÓRNIO
símbolo de ambição e resistência; é flor nascida no concreto, espírito de luta cultivado em persistência. é vinho sofisticado que melhora envelhecendo e uísque forte que desce aquecendo. semente que germina no próprio tempo, ela tem a paciência e cautela como adubos do seu crescimento. ela que é silêncio e livro discreto, jogo de xadrez, enigma secreto. é a ferida não exposta para não demonstrar fraqueza. amores rasos e conversas vazias não ganham sua atenção: ela ama com a cabeça e escolhe com o coração. trata cada bloco e cicatriz do alicerce que construiu de si mesma com respeito. é ser realista com sabor de pessimista e responsabilidade com olhar de seriedade. é a montanha profunda difícil de escalar. é guerra fria. território que poucos conseguem pisar. de energia leal, estrutura firme e honesta, ela é planta difícil de se abrir, paixão difícil de se entregar. é andar com os pés atrás, nunca esquecer de onde veio, e por isso sabe onde quer chegar.
Amor Morto
Estive num sonho incrédulo
Sem ter-te por perto
Não sentia-me concreto
Faltava-me algo, talvez um remédio
A solidão já estava presente
Diferentemente de você
Que sumiu
E eu nem se quer sei o porquê
Mas tudo bem
Quero ver-te engrandecer
Os dias passam-se
Com, ou sem ti
E eu, estupidamente, continuo aqui
Esperando você
Mas eu sei:
Teu caminho não mais cruzarei
Saudades e lembranças
Foi o que você deixou
Deitou-me no amor
E depois, sem compaixão
Me matou
Onde podemos amar por extenso?
há um nada de concreto
nestas eloquências passadas e futuras
um pequeno quê na verdade com que amo
nesse local certo em que existes
no tempo em que estamos
como se nunca houvesse outra forma de estar
outra forma de existir e aí juntos apenas fossemos
a verdade com que somos…
amar não é apenas dádiva ou gesto,
tão pouco chega a ser palavra
amar é uma forma de existência terrena
uma forma de perpetuação da correspondência
uma forma de divindade do corpo…
onde podemos amar por extenso?
não sei, não me preocupa a definição
talvez seja céu, Olimpo, paraíso
ou esse azul-brilhante dos dias
ou no negro perfurado pelas estrelas
não sei onde, mas sei que essa extensividade,
esse amor por definir, apenas faz sentido a dois…
apenas faz sentido ali, enquanto damos existência,
enquanto nos damos…
Alberto Cuddel
26/02/2020
16:03
In: Nova poesia de um poeta velho
As vezes quero ser pura, mas sou
pedreira, concreto,
Linhas duras, ângulos ...
Paralelas infinitas, pontos sem finais...virgulas
reticencias...
Vez ou outra, sou janela aberta,
com cortina de seda, esvoaçante , transparente
onde o vento me percorre...
As vezes um banco vazio,
a espera da mudança das estações...
Muitas vezes me confundo
entre folhagens, relva e a própria chuva...
e fico a esmo, sem saber bem o que sou...
Quero ter um caso concreto
com você,
mas não quero que seja divergente,
quero uma só corrente
que entrelace as boas intenções
da gente.
Quero mesmo ter um caso
concreto
com você.
Mas não é "concreto" de cimento,
é "concreto" por ser real,
tendo como norma de fundamento
a de eficácia plena ao casal.
Quero viver um caso concreto
com você.
E a gente chamará este caso
de nosso caso,
caso você queira, é claro.
Só não sei se "a gente"
é pronome do caso reto
ou do caso oblíquo.
Ou de nenhum dos casos?
É, talvez eu esteja criando
caso à toa...
Mas não!
Você é o maior CASO
que eu quero
e espero
na vida.
De todos os CASOS
que eu já vivi
você não é
despedida.
Com base na minha carência,
te quero com tanta urgência
que o meu caso parece
caso de polícia.
Se eu não me policiar,
te prendo em mim
comigo dentro
sem chave
e sem chance
de livramento.
Então, você já sabe que eu quero
realmente,
ter um caso concreto
com você.
E neste caso,
por acaso,
quem sabe
eu caso.
A solidão se concretiza no silêncio.
É a certeza de que só existe ar e concreto,
Entre sua alma e tudo a sua volta.
É o vácuo que pressiona nosso corpo
Contra matérias frias e duras.
Acredite num final, seja feliz ele ou não, apenas almeje algo concreto
Sabe aquele percurso que parece não ter fim…quando até o cansaço se satura
Do “Desistir” tire o “D” e coloque “R” do retroceder que ficará Resistir
Estique o braço e abrace…porque o amor fortalece o espirito e saberá prosperar
Cré que no fim está o recomeço
O amar…só será amado se saber que vale a pena amar.
HOSPÍCIO
vivo num concreto espaço
e fujo da besta draconiana
tão besta quanto insana
ela degrada pelo cansaço
a fraca mente humana
aqui, neste louco hospício
neste pouco espaço
isolo-me do homem demente e mal-encarado
imundo, mas bem-humorado
vejo-me são num mundo deturpado
para além daquela porta
reina a insanidade, a vida de ilusão
mas aquém da vida torta
apenas eu, e meu mundo são
neste cubículo
tão concreto como abstrato
eu vejo o meu retrato
e nele percebo
o quanto sou ingrato
já vivi lá fora
e um dia fui um louco
agora, eu tenho um grande amigo
o médico do inimigo
hoje me chamou, sorriu e escancarou:
- lamento, meu amigo, mas a inês é morta.
lamento pela Inês.
Crescemos. Por diversas vezes sentados nessa escada.
Ela é mais feita de passado que de concreto, mais de imagens que de tijolos.
Nela vimos a chuva cair, o inverno passar, o sol chegando em diversas manhãs e a lua surgindo no céu de noites claras. Nessas noites a gente também contava as estrelas com medo de verrugas crescerem na ponta dos nossos narizes.
Vimos a guerra e a Paz, a fé das procissões e a mentira dos políticos que passavam em frente ao portão. Vimos a cidade se transformar, a vida se refazer tantas vezes...
A mãe acenava de lá, pra gente, quando saíamos pra escola e o pai nos aguardava nela pra nos corrigir quando precisava.
Nela sentamos e rimos, nela sentamos e choramos. Por pessoas que chegaram e pessoas que partiram.
Na hora de brincar, a ordem era: "Não saiam da escada." E de tanto não sair dela, ela não saiu de mim.
É a escada da varanda lá casa, é casa simples, mais feita de sonho que de matéria, de gente e boa gente.
Ela foi lugar de muitas emoções e ainda será. A velha casa, a mesma escada e a vida, sempre nova.
Vejo a cidade em seu tom de lamentação,
O cinza escuro do tempo e do concreto que ofusca minha visão,
Vejo um pouco do princípio, mas a cada dia mais e mais edifício,
Tudo em que piso foi reconstruído, não sei como era antes disso, mas já sinto saudades das cores tapadas pelo consumismo.
Eu quero espaço, sem mato, terra seca sem vida, se levantaram vigas, construimos muros em cima e por cima do campo, se levantará mais um edifício, tirando a visão do meu encanto.
V.H.B
Na minha vida apenas o que é concreto; é o rosa do meu batom.
O restante é incertezas, vou vivendo o que a vida me oferece no momento. Abraço o que chega com delicadezas, porque o amanhã tá muito longe; já o hoje está a um passo.Por tanto é o hoje que vale a pena!
Por mais incerto que tudo seja, sei que com fé, fico de pé.
"Ora, vivo o agora, o amanhã só a Deus pertence."
#Autora #Andrea_Domingues ©
Todos direitos autorais reservados 03/11/2018 às 12:00
Construa á sua frente,
Use concreto de dedicação
E uma boa massa de esforço,
Para sua base de respeito,
Levante com a sua força de vontade,
E cubra simplesmente com o seu jeito,
O que você imagina não é seu,
O que você realiza sim, depois de feito.
Que construir o futuro?
Transforme seus sonhos presente em algo concreto e esquece do passado ele não faz parte do seu presente e nem tão pouco do seu futuro!
Shirlei Miriam de Souza
O Último Pelicano da Península Bubabote
Enraizado em concreto,
Ele expôs toda sua naturalidade.
Crendo num volume exorbitante de coisas,
Obviamente a nenhuma delas,
Atribuiu muito crédito.
Nunca descobriu tua vocação,
Aquele talento inato,
Dom divino,
Predestinação.
Emblemática, a alternativa que lhe restou,
Dedicação incondicional.
Amou com paixão
E apaixonadamente odiou.
Viveu, vagou, volveu,
Não bastou mudar o mundo,
Foi essencial chegar cedo para a ceia.
E sua única mágoa em relação à vida,
Foi ter que sair dela morto.
Enraizado em concreto,
Ele expôs toda sua naturalidade.
Crendo num volume exorbitante de coisas,
Obviamente a nenhuma delas,
Atribuiu muito crédito.