Poema Casa
Rol de nomes aos bois,
sem guardar orgulho da raça
que tem barulho
de carroça na cabeça,
descamisado no parapeito
da janela, grito palavras incabíveis
na beleza de um poema.
Os animais fogem para a cidade,
os homens para a selva,
rastro de pétalas, caule e espinho,
vereda de flores feridas,
fragrâncias fúnebres.
A manhã plácida clareia
o sorriso dos homens,
o sol nem esquenta a cabeça
por trás de nuvens alvas...
No jardim, Maria do Rosário,
prece à primavera:
Todas as flores
são rosas
todas as mulheres
são Marias...
Ave pétala,
o seu perfume
faz milagres!
Calma filha, não chore, ele volta!
Por romance, ou por revolta, ele volta!
A pé, ou de carona de carroça, ele volta!
Na pequena cidade, o galo não canta,
os jardins escavados, o povo acorda tarde,
nas soleiras das portas, toda mulher solteira
tem um buquê de rosas.
De passagem é o meu povo!
Coral de loucos apaixonados:
Liberdade aos corações aprisionados!
Salve o meu povo e suas paixões!
Agora a culpa é do chá frio,
do lampião apagado,
da boca queimada,
da mesa sem capricho,
da falta de luz, de fulano sumido,
do fantasma do galo finado,
da prosa pra outro dia (Aí não!)
A garota rock’n’roll,
em pouco tempo,
faz a próprio gosto,
um belo
de um acabamento!
Nem truque, ou custa
de memória, ela vai para
o Guinness Book,
entro para história!
derrama vinho no sofá:
— Tudo bem meu amor, isso é normal,
mas cuidado com o cigarro aceso em cima da minha…
— Da nossa…
— De nenhum dos dois (Coleção de poesia marginal).
com três anos de namoro,
riscou o meu álbum
duplo de vinil:
Do Bob Dylan… Não, não!
Garota rock’n’roll!
O “Blonde on Blonde,” não!
Garota rock’n’roll!
Garota rock’n’roll!
Grita de madrugada
no portão, quebra a corda
(MI menor, sem dó!)
do velho violão!
entre um horário e outro,
momentos sagrados:
Trabalho, meditação,
refeição, descanso
as minhas fantasias.
O pernilongo esperneia
ao pé do ouvido,
suspeito violino,
aberta a cortina,
o concertino sai,
entra a orquestra,
uma salva de tapas!
Sentava na última fileira,
entrava na terceira aula,
marquei falta numa segunda-feira
ferida de raios e sustos!
O melhor lugar do mundo é a nossa casa,mas também é um dos mais temerosos lugares que existem.
É em casa que se passa tribulações,que se sufoca com a rotina,que se lembra dos problemas e das dificuldades.
É o lugar onde se é corrigido,mais protegido e às vezes mais desprezado.
Onde os esforços são inúteis e os acertos insuficientes,onde o erro tem clima seco e rarefeito;onde as dúvidas atormentam.