Poema Carolina

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Eu me enganei demais com você, pensei que pelo menos como amigos seriamos para sempre, amarga ilusão que alimentei ferozmente.
Hoje em dia você me ver passar e fingi que nunca vivemos as mais profundas emoções!

Pense, repense, respire, corra, te dou todas as liberdades do mundo, toda a felicidade te desejo. Não quero te aprisionar, não quero ser prisioneira. Viva e deixe viver. Só prometa que um dia voltar pra me ver e dizer que tudo está bem. Mas que em seguida partirá novamente, pois não suportaria não sentir saudade sua, eu necessito sentir tua falta. Só não me abandone de fato, e diz que um dia volta pra me olhar nos olhos e dizer que está partindo, seguindo seu caminho, descobrindo coisas novas. Sempre vá, sempre volte. Eu necessito disso. Tu necessitas disso. É isso que me faz feliz, recomeçar toda vez que te encontro, como se fosse a primeira vez.

Está na hora de ser eu mesma. Pensar como quero pensar, fazer como quero fazer, agir como devo agir, falar como devo falar. Tenho minhas idéias. Não sou uma formiga sem nenhum livre arbítrio. Viver em busca da evolução, e não da regressão. Sonhar, viver e nada mais.

A vida para uns são cheias de curvas que dá impressão que eles seguem para o calvário conduzindo uma cruz que se chama "custo de vida".

Vivo aprisionada a 7 chaves, a 7 pecados capitais, desculpe minha indelicadeza mas devo acrescentar você ao 8º.

Duvide de mim,
quando eu disser que eu estou bem, eu sei disfarçar muito bem meus sentimentos.

Fiz café para o João e o José Carlos, que hoje completa 10 anos. Eu apenas posso dar-lhes os parabéns, porque hoje nem sei se vamos comer.

⁠A vida é igual um livro. Só depois de ter lido é que sabemos o que encerra.

Carolina Maria de Jesus
Quarto de despejo. São Paulo: Ática, 2014.

Tem gente que ama carrossel, andam em círculos o tempo todo e depois reclamam quando são chamadas de tontas.

⁠O Brasil precisa ser dirigido por uma pessoa que já passou fome. A fome também é professora. Quem passa fome aprende a pensar no próximo, e nas crianças.

Carolina Maria de Jesus
Quarto de despejo: diário de uma favelada. São Paulo: Ática, 2014.

⁠A noite está tepida. O céu já está salpicado de estrelas. Eu que sou exotica gostaria de recortar um pedaço do céu para fazer um vestido.

Minha mãe dizia que as exigências na vida nos obrigam a não escolher os polos. Quem nasce no polo norte, se puder viver melhor no polo sul, então deve viajar para os locais onde a vida seja mais amena.

Lembra de quando eramos crianças, e não nos importávamos se nosso cabelo estava bonito, se nossa roupa estava limpa, se alguém iria pensar que você é louca. Eu gostava daquele tempo, as coisas eram mais fáceis, o mundo era perfeito aos meus olhos. Eu acreditava que um homem distribuia presentes para todas as crianças do mundo, em apenas uma noite. E também acreditava que existia, em algum lugar por ai, um coelho que fazia ovos de chocolate. Eu acreditava que em baixo na minha cama, existiam perversos monstros, e que escondido no meu guarda-roupa estava o pior deles. Eu lembro, que se eu fechasse os olhos eu poderia ir a Marte conversar com alguns alienígenas, ou então seria uma super-heróina, como nos desenhos do Super-Man. Eu podia ser quem eu quisesse, o presidente, o superman ou a mulher maravilha, eu podia ser a dona do Mundo e também da loja de doce do shopping. Hoje já me falaram que Papai Noel era apenas uma historia, que quem faz os ovos de chocolate é uma fábrica, que em baixo na minha cama, tem apenas sujeira, e no meu guarda-roupa, roupas, hoje minha imaginação é controlada, eu não voo mais nem vou a Marte, eu aprendi que pra tudo tem que ter dinheiro, pra ser presidente precisa de uma campanha, pra ser a dona do mundo preciso ter o triplo do dinheiro que o Bil Gates tem, e pra ser dona da loja de doce preciso de um financiamento. Antes tudo era mais fácil, mais bonito e divertido.
Sabe, eu sinto saudade de ser criança...

O mundo é cruel com os perdedores, mas também não é fácil para os vencedores.

Independente de tudo, de qualquer coisa, de qualquer pensamento, ato, fato, musica, foto, desenho, texto, olhar, palavras, recados, depoimentos, declarações, brigas, ilusões, palavrões, abraços, beijos, contratos, artefatos, teatro, novela, cinema, passeio, recreio: Obrigada!

Daí você se pega lembrando de inúmeros fatos agradáveis e únicos que nunca aconteceram, o que é isso?! Loucura?! Tudo é relativo, prefiro acreditar que em um universo paralelo isso aconteceu.

Quero muitas coisas, algumas a longo prazo, outras a curto prazo, algumas vezes não saem conforme o esperado, mas sempre tenho um plano B, e se o plano B falhar... o alfabeto é extenso.

Encontre alguém que te aceite como você é, mesmo você não sabendo nada de física quântica, química avançada e até mesmo, que você tenha dificuldade em matemática básica. Encontre alguém que diga mais "eu te amo" do que "você precisa emagrecer". Encontre alguém que te queira sempre por perto, até mesmo quando está longe. Alguém que queira ser seu ombro amigo quando você precisa. Encontre alguém que goste de olhar suas fotos antigas e ver o quanto você mudou e dar risada. Encontre alguém que queira compartilhar de momentos simples. Alguém que não queira parecer o que não é. Encontre alguém que acredite em você, acredite em seus sonhos, alguém que te apoie. Encontre alguém que saiba que não existe perfeição, e que ache bonitinho seus olhinhos pequenos, seus dedinhos tortos, seu nariz Romano. Encontre alguém que dê risada quando você faz careta, que não te prive de tentar fazer rir. Alguém que aceite que todos um dia envelhecerão, e que com você não será diferente. Encontre alguém te faça sentir bem, confiante e segura. Enfim, encontre alguém que não ame por aparências e, acima de tudo, alguém que te complete por inteiro e não pela metade.

A vida é igual um livro. Só depois de ter lido é que sabemos o que encerra. E nós quando estamos no fim da vida é que sabemos como a nossa vida decorreu. A minha, até aqui, tem sido preta. Preta é a minha pele. Preto é o lugar onde eu moro.

Carolina Maria de Jesus
Quarto de despejo. São Paulo: Ática, 2014.

É quatro horas. Eu já fiz almoço – hoje foi almoço. Tinha arroz, feijão e repolho e linguiça. Quando eu faço quatro pratos penso que sou alguém. Quando vejo meus filhos comendo arroz e feijão, o alimento que não está no alcance do favelado, fico sorrindo à toa. Como se eu estivesse assistindo um espetáculo deslumbrante.