Poema Carolina

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Essa minha cara, meia-cara, cara fria, cara à tapa, talvez fosse isso que merecesse. Sinto-me incapaz de proferir o que há de mais ingênuo, sinto-me, também, covarde ao entregar os pontos, ao abrir os olhos e ver que não consigo manter-me de pé sem uma terceira perna, fazendo-me então um tripé estável. Sinto falta de ser arriscada, pelo menos eu podia caminhar, fosse para frente, para trás ou para os lados nos meus momentos de perplexidade. Acontece que com essa terceira perna não há locomoção. Eu tento, tentei, mas sou cristal que se encostar... Vivo num mundo onde o tudo é inconstante e o nada se tornou totalidade.

Ah! Eu detesto ser melodramática.

Inserida por carolinapires

Ao mesmo tempo que pode parecer tão simples, torna-se esdruxulamente destruidor e fatal ao ponto de atigir me.
É um conjunto de sentimentos que tornam se em um só incógnita, fazendo minha cabeça delirar e todos os meus pêlos se ouriçarem a ponto de que se fossem afiados, arrancarem completamente todo sangue do meu corpojorrando o pele a fora.
Capaz de facinar e de machucar todas as células mortas e vivas do meu corpo em questões de segundo.
Bonito, desejável mas completamente impossivel de alcançar. Um amor de vitrine, daqueles caros e brilhantes.
Faz me sentir idiota e sonhadora, mais do que isso faz me sentir ridicularmente hipnotizada. E a medida do possível a realidade bate à porta e entra como um jorro de água fria da cabeça aos pés.
A verdade é que tropecei em sua hipocresia, achando que ela podia ser ignorada, a chutei para o lado e continuei seguindo em direção a ti.

Inserida por carollzp

Queria que olhasses na minha cara e me falasses mal. Anda, vá em frente! Eu agüento! Livre-se logo de todo esse peso e rancor que carregas sobre as costas por minha causa. Bata nas paredes, quebre as portas ou desconte toda tua raiva, com força, em mim. Prometo não reclamar. Mas pelo menos, depois disso tudo me olhe, mas olhe no fundo dos meus olhos com toda aquela intensidade que um dia me possuiu devorando-me com uma única tragada. (E os tragos me fazem lembrar de ti, uma ironia e tanto.) Eu ao menos gostaria que entendesses esse meu infinito todo vulgarmente conhecido como minha vida.

Com todo o meu amor um pouco torto,
Carol.

Inserida por carolinapires

Dizer o que se é, reduz grandes experiências em pequenos rótulos.
Dizer o que se é, pra mim, não é grande coisa quando se entende que "ser" é "estar" agora nesse segundo, nesse minuto de vida. No dia seguinte você já pode ser de outra maneira. Pensar e agir um pouco diferente. Melhor ou pior. Depende do ponto de vista.

Dizer o que se é, pra mim, é pura perda de tempo e trabalho.
Dizer o que se é, minimiza e reduz em palavras a grandeza do que é existir e ser completamente único.
Portanto, não digo quem sou.
Digo que hoje estou.

Inserida por leobueno

Todas essas coisas são quase tão imóveis como pedras, não mudam, ou mudam mas só daqui a milhões de anos.
Eé aí que você nota que o indiferente começa a fazer diferença.
Que todo aquele rochedo esfarelou, virou areia - pó.

Inserida por carollzp

Vaidade.

Um espelho, Narciso.
O mais grave dos sete pecados.
Atrair atenção, atrair olhares teus.
Cobiça. A vaidade quer aplauso.

Inserida por carolinapires

Golpe.

Aquele álcool que viajou por minhas veias, retardou meus reflexos, fez-me deliciar nos graves braços do ignorado que me beijando os lábios calou-me as palavras. Larguei por distração. Ouso dizer que algo me prende onde não deveria. O odor de fumo encravado em meus fios de cabelo relembra-me do instante em que virei deixando marcas de batom; joguei-me de cara aberta, sem minha espada e armadura, pensando no ineficaz, abocando em mim uma cobiça daquele corpo, desejo frígido, consternação, com uma breve pretensão de assassinar, trucidar por despeito. Sinto-me obtusa.

Inserida por carolinapires

Hausto.

Em meio a murmúrios de versos abafados pelas gargalhadas, encontro-me, minúscula, debilitada por uma hipnose descuidada. Olho a minha volta, melancólico júbilo, ecoei sublimemente, refleti afastada. Egos, ostentações dispersantes, rompidas.
Eu, outrora entusiasmada por mãos robustas, pujantes, vigorosas, já amei servilmente, estoicismo era minha dita muda. Hoje não, apenas desejo, ambiciono o acesso dos encantos vedados, um desses cujo desdouro possui a mesma fórmula intensa que o rosto de um idiota.
Vou pra casa descansar. Deleitar-me-ei, beberei, traçarei o rum aos grandes tragos.

Inserida por carolinapires

Curva dos S.

Singelamente poder dizer-te amor.
Singularmente poder sentir-me tua.
Separadamente de outrem ter meu peso sobre ti.
Supinamente repartir do mesmo devaneio.
Simplesmente eu, inteiramente você.

Inserida por carolinapires

Conflagração.

A tempestade fluindo pela vidraça, adágios além-mar, o frio cortando-me a tez crua e a fragrância intensa penetrada em minhas madeixas trazem-me a nostalgia. Encontro-me entorpecida e ainda sinto seu gosto doce, aturado, por entre meus lábios. Meu corpo sente falta dos braços teus e unhas ferindo-me o dorso. Fechar os olhos, dormir, acordar e reviver tudo do mesmo modo numa magnitude muito mais elevada. Num inevitável incêndio libertino, senti-me manipulada por alguns dons artísticos dele no tocar-me.

Inserida por carolinapires

Pra quê?


Pra que há guerras, que não acabam mais?
Pra que há morte e rendas desiguais?
Pra que há pobreza? Pra que destruição?
Por que não um sorriso? Ou um aperto de mão?

A culpa, na verdade é nossa.
É da humanidade.
É do homem que cansou de dizer não e
Que se acomodou com essa realidade.

A culpa de um mundo assim,
De um mundo que parece perto do fim,
É de todos e não é de nenhum.

É do homem que resolveu matar,
São dos muitos que preferem roubar,
A culpa é da bala perdida e da bomba que caiu do céu.
A culpa é da corrupção
E é da lei que não prende ladrão.

Na verdade a culpa é minha e sua,
Que resolvemos nos acomodar.
De nós que fechamos nossos olhos a noite,
Sem em nossos irmãos pensar.

Sem pensar no tiro, sem pensar na morte,
Sem pensar na agressão.
Na verdade a culpa é nossa,
de nós que esquecemos o que é ajudar.

Inserida por CarolinaMoraes

Carinhoso.

Nosso delírio
Teu desvairo
Meu frenesi.
Doce insensatez
De puro encanto
Porte dote.
Minha graça
Tua poesia
Nosso poema.
Meu fascínio
Tua atração.
Meu trovador
Meu bardo
Meu poeta
Meu amor.

Inserida por carolinapires

amar é divino, é pra poucos.. ser amado então, é muito mais raro, mais delicado, mais sutil, mais honesto..
aprendi que não sei o que sinto, e isso é bom,
por que o verdadeiro amor, é indescritível..

Inserida por borboletaamada

coração vagabundo! como pode se entregar tão fácil pra quem não gosta de você?
chega!
vc está preso!
vc não vai mais sair por aí, se machucando..se prejudicando..
tá maluco? quer se perder de vez, e nunca mais voltar? me deixar sem alma, sem vontade de amar?
ei, volte aqui!
...
fiquei sem coração..
aquele vagabundo me deixou!
...
olha lá, ele...
vem vindo, todo machucado...eu disse!
escute bem, mocinho...você nunca mais vai sair daqui, entendeu? nunca mais você vai atrás de ninguém!!!!
...
quem é esse?
esse coração que se aproxima?
olha, ele tá pedindo pra entrar...
olha, meu coração, esse coração quer ficar no seu lugar!
mas, eu já aviso...aqui, quem entra, não sai!
esse novo coração me olha e diz:
não se preocupe, eu vim pra ficar,
pra sempre..
mas e o meu coração?
o que vai ser dele?
e se ele se perder de novo?
e se se machucar?
o novo coração diz:
ele vai ser muito bem cuidado..
lá de onde vim,
tem muito amor pra acolhe-lo..
então, eu me rendo!
pode entrar, a casa é sua.."

Inserida por borboletaamada

Póstumo rubro caústico.

Sair da base, bater as asas, quebrar as estruturas. Isso que farei. Desafinarei o piano e arrebentarei as cordas do meu bom e velho violoncelo. Não agüento mais a monotonia de nossas vidas, as reuniões de família em pleno alvorecer, ter de jantar com vários homens que nem conheço sendo apresentada em casamento só porque eles são bem sucedidos. Cansei do chá das cinco, de cuidar dos meus irmãos. Gostaria de exceder minhas fronteiras, esvaecer. Pular do nosso século dezenove diretamente para o século vinte e um, era da perdição. Lá eu viverei ao som de “Highway to hell – AC/DC”, a ilustre liberdade, meu livre-arbítrio. Tenho certeza que não há nada mais completo do que isso.
Enfim optarei com quem casar isso se o fizer. Desculpe-me desde então se isso ferir seu orgulho papai, mas apreciarei vários homens, sairei com eles, beijá-los-ei e irei pra cama com todos. Pagarei minhas dívidas com o corpo, viverei da minha tez e minhas pernas nunca impedirão miúdos varões de deleitarem-se do meu néctar, do meu mel. Não serei mais forçada a ir aos saraus da cidade, tendo que voltar “tarde” pra casa, às dez horas da noite. Sairei de casa nesse horário e chegarei ao amanhecer seguido de um nascer do sol sendo levada no colo após uns grandes tragos de rum e várias doses de merlot.
Tomarei pílulas anticoncepcionais e usarei a nova invenção contraceptiva, chamada camisinha, para não cometer a ousadia de ter uma família com sete componentes, feito a nossa. O custo de vida médio de lá é muito baixo e fica difícil existir muitas famílias com mais de três filhos. Por fim, em uma de minhas futuras saídas pela madrugada afora, sofrerei meu primeiro porre, esquecerei das pílulas, da camisinha, logo engravidarei de um desconhecido aos meus quinze anos de idade. “Au revoir.”

Inserida por carolinapires

Strawberry Fields Forever.

E era impossível colocar um ponto final em uma história que nem sequer obteve vírgulas.

ahhh o amor!

Inserida por carolinapires

Seria ironia de minha parte dizer que tudo percorre minhas veias como fluidos cristalinos. Tudo dói, tudo pulsa e tudo dói.

E eu me sinto tão... tão... ahhh!
Um vazio aloja-se em meu ventre.

Inserida por carolinapires

Medo
Como será esse medo?
Medo de sofrer?
Pode ser
Medo de sonhar
Não nunca será

Acho que não tenho medo de nada
Ou teria medo de alguma coisa?
Há sim !
Mais acho que meu medo e bobo
Meu medo e de amar..
Não amar por acaso
Não amar inesperado
Não amar ameaçado
Mais de amar e não ser amado !!!

Inserida por Carolzinhaa14

Olharíamos um pra cara do outro recusando-nos a manter uma relação um tanto quimérica. Emudeceríamos. Pensaríamos novamente - uma, duas, três, quatro vezes se precisasse - para juntos chegarmos a uma questionável conclusão:
- O que temos a perder com isso?
- Tudo.
Entregar-nos-íamos mais uma vez nessa literatura mal esboçada em rascunhos com pontilhados desalinhados, e depois negaríamos tudo de novo. Rasgaríamos a folha de rascunhos e sonharíamos juntos até que acabássemos com a tinta da caneta.

Inserida por carolinapires

Compassos.

A cada segundo que se estendia mais eles atrelavam-se um ao outro e novamente tinham certeza de que ali ficariam; ele dela, ela dele; ininterruptamente.
Aqueles dois amantes desciam as escadas despindo-se, peça por peça. Experimentaram todos os vértices da casa e se manteram unicamente nas pré-liminares. Cobiça escorrendo poro a poro, pretensões irreprimíveis na ponta de cada garra e mais uma vez minutaram suas iniciais em ambos os dorsos.

Inserida por carolinapires