Poema com cachorro
JOSEFA
Josefa matou o cachorro porque latia muito
Matou o gato porque miava
A galinha porque cacarejava,
Matou o avô de quem não gostava muito
A avó porque reclamou do suco
O tio porque era um vadio
A tia porque criava cutias
Josefa matou o vizinho porque não dava bom dia
Matou seu Mané no boteco
Porque botava boneco quando bebia
Josefa matou o carteiro porque não dava notícias
Josefa matou a enteada
Porque falava no ex-marido
O finado morreu de um pirão que comeu
Seu segundo marido comeu baião e nunca mais acordou
Seu último companheiro morreu de martelada
Desconfiado não queria comer nada...
Hoje Josefa paraplégica na cadeira de roda sob a sombra do oitizeiro
Rever todos os que partiram
Sabe que morreu faz tempo
Mas o tempo não quer saber de Josefa...
No frio intenso daquela manhã
O cachorro latia tão alto
Era muito amor que o demonstrava
Não existia aflição de dor
Pois só sentia saudades e afeto
Daquele seu dono sonhador
Aquele dono sonhava não somente para si
Mas para todos
Era um jovem tão pequeno
De pequeno o tamanho
Mas Acolhia multidões para desfrutar do seu sonho
Ensinava com parábolas
Falando da justiça, perdão e a humildade
Curando até pessoas desprezadas
Para verem a verdade
Foi traído maltratado
Nem todos acreditavam
Não merecia um fim tão trágico
Seu sangue escorria
Enquanto aquele rei sentado assistia
Aquela cena comovente
De enorme Euforia
Minha vida e ouro a tua e lata.
Cachorro que late nao morde se morde, eu ja estou vacinada.
Eu sou tudo voce e nada..
A.G.O.R.A C.O.P.I.A R.E.Q.U.A.L.Q.U.A.D.A
Ouço, vejo e sinto
Ouço carros passando na rua,
Ouço latidos do cachorro do meu vizinho,
Ouço canções sinceras de um morador de rua,
Mas e o som da tua voz? Por onde anda?
Para onde foi? Não a ouço mais...
Vejo pessoas de expressões vazias e corações cheios,
Vejo casais sorrindo ao pensar no futuro,
Vejo pessoas em busca da sua felicidade.
O que sou? Humano. Quem sou? Não sei.
O que sinto? É difícil...
Sinto cheiro de coisas novas,
Sinto cheiro de novos amores,
Sinto cheiro de futuro...
Mas quem é que disse que penso em futuro?
Ser como Bicho
Voar feito borboleta,lutar feito um leão,amar feito um cachorro,ter olhos largos e bem abertos feito uma coruja,enxergar de longe feito uma águia,cantar feito passarinho,procurar as coisas doces feito um beija-flor,ser forte sem deixar de ser fofo feito um urso,pular de felicidades feito um canguru,sorrir sempre feito um macaco.Mas tem um problema não seja como uma cobra que joga o seu veneno e depois rasteja para chegar nas pessoas.
Seja como um bicho e seja sempre feliz!
Eu faço dos meus sentimentos meu segredo
por que o mundo é igual um cachorro
ele pode sentir seu medo...
DEIXE O GATO
Vai embora... Deixe o gato
e leve o cachorro contigo
o gato cairá melhor,
na hora do meu desatino.
Pelo menos o gato, não vai ladrar
quando a saudade me bater
nem ecoará o seu grunhido
na hora do meu chorar.
Ele ficará calado
observando o meu coração
ali quieto do meu lado
curtindo minha solidão.
Não imitirá um rosnado
para quebrar o meu silencio
já o cachorro, coitado
ficará também propenso.
Vai embora... Leve o cachorro
ouça o que eu tenho p'ra falar
o cachorro, chorará seu choro
na hora em que você chorar.
Antonio montes
O cachorro late no portão
e tenta desesperadamente
passar algo além do focinho.
Ele quer sair
e mijar nos postes
com os outros cachorros.
Mas ninguém entende.
Ele pertence aos donos do portão.
Então ele grita.
Acham que ele é bravo.
Ele grita mais.
Acham que ele incomoda.
Aí jogam água
e além de puto ele sente frio.
Pensam em adestrar
no Método Ludovico
mas sabem que no fundo
ele será sempre o mesmo cachorro.
Então, numa certa noite,
cortam suas bolas.
E o cachorro não late mais.
Não quer mais gritar.
Não quer mais sair do portão.
Não quer mais ver os amigos
nem mijar nos postes.
Só quer ficar velho,
doente e acabar logo com isso.
Soa familiar?
Você deve ter visto algum cachorro desses
em algum espelho por aí
ou em qualquer reflexo de vitrine.
Pois é…
Agora o portão fica aberto
e o cachorro olha pra rua
sem vontade de sair
nem de latir.
Setembro 2010 – “O Diabo Sempre Vem Pra Mais Um Drink”
Enterrei mais coisas nessa vida
que um filhote de cachorro
Nesse cemitério deserto,
uma pausa para respirar.
Olho em volta,
um sem número de covas abertas,
muita lama e poças de chuva,
e nenhum guarda para me parar.
O fato, amigo, é que enterrei mais coisas nessa vida
que um filhote de cachorro.
Talvez por herança genética,
de velhos lobos hoje tão non sense,
mas ainda assim,
um filhote histérico,
bobo,
desesperado
e nem por isso inocente.
Respiro fundo.
Tomo um gole antes de recomeçar
e dou uma boa olhada em volta.
Sei que o que é morto deve ficar morto,
mas é preciso
quando enterramos errado,
sem partes,
ou varremos dormindo e não falecido
pra debaixo do tapete,
de bruços ou sem pontos finais,
sem lápides ou fortes trancas nos caixões.
E como em uma gincana de crianças
onde achar uma pista leva a outra,
cada cova que eu abro
me leva exaustivamente a uma diferente
que ainda preciso abrir.
A garoa fina desce pelo rosto,
tomo coragem,
ergo a pá com um brinde
e vou para a cova seguinte.
"-Mais uma rodada?",
o barman pergunta.
"-Espero que a última...",
respondo com os olhos.
Pois esse cemitério que carrego
precisa dar descanso
a esse coveiro cansado
de enterrar erros
e fraquezas
e desculpas
e pesos
e medos.
01/03/2017
LEMBRANÇA
A casa era branca como a lã branca. Nos fundos: o cachorro rottweiler, as mangueiras, carambolas, forno a lenha, varais, ruínas do cantinho deleitoso da finada Narda e o chiqueiro. Centro de Mucurici. Os coqueiros-imperiais a chilrear um canto melindroso acompanhados dos sinos de Fátima compunham as auras interioranas.As solidões de pores alaranjados já enterneciam o poeta da família. A casa era branca como a branca neve. Na varanda: verde-mato. Vértices e colunas prestes a desgarrar da construção. Vez em quando, sentíamos a noite. Branco-breu, sem fundos, sem varada, sem mato. Mas havia a cadeira de balanço e nela vovó sentava-se.
Feche os olhos trabalhador miserável.
escritório é lugar de ensinado,
onde se viu cachorro comer em prato?
Aceite o salario lhe ofereço um quarto.
Meu senhor, trabalhador tambem sonha,
casa própria e um bom salario,
minha familia padece. Aceito o quarto,
o salario nao cobriria alugueis tao caros.
Esta contratado! começa hoje seu trabalho,
apronte-se, final do mês te pago.
Direitos trabalhista, converse com o sindicato, se tiver disposto a ser afastado.
Entendi chefe, serei adestrado.
Mês do pagamento.
Onde esta o quarto?
Aqui está, um quarto do salario.
Vida de cachorro vira-lata não é fácil.
Basta um pratinho de comida, um pouquinho de carinho e ele vai te seguindo, se torna até seu melhor amigo.
É tão forte, não existe doença que o derrube, um cercado que o segure e nem um cão bravo que o iniba.
Mas passa uma cadelinha no cio e cadê teu grande companheiro? Se perdeu no mundo!
Sem rumo, brigando, passando frio e fome.
Vida de cachorro vira-lata não é fácil.
O CACHORRO DO MACHADO DE ASSIS
Como pode um cachorro ser destinatário de herança?
Juridicamente é impossível!
Na verdade, foi Rubião quem herdou, sob uma condição:
Cuidar do cachorro, que tinha o nome do dono,
Quincas Borba.
Aquele velho Quincas de Memórias Póstumas de
Brás Cubas.
O problema é que pessoas gananciosas
Logo trataram de tirar-lhe a herança.
Pobre Rubião!
Assim, restou-lhe apenas a loucura
E a companhia do velho amigo Quincas,
O cachorro.
Também, fizesse Rubião como Machado
Superado as dificuldades
E adquirido um legado com seus próprios méritos
Estaria entre os maiores gênios da
Literatura mundial.
Mas, voltando à estória do cachorro...
O que um cão deve fazer com tanto dinheiro?
Sei lá!
Pergunte ao Machado, que é imortal.
Porque o cachorro, já morreu.
Raiz.
A vida aqui é um combate
a cada ano uma guerra
cachorro fraco não late
cabrito magro não berra
nem que o destino maltrate
ou mesmo a seca me mate
não abro mão dessa terra.
Para onde o cachorro vai ele leva as pulgas,
A tristeza não está ligada a onde moramos,
Pode mudar mais você levará suas rugas,
A mudança é interna, aí isso independe de ruas.
Aí vc acorda muito cedo pra dar conta das demandas do dia.
Cuida de filho, de marido, de cachorro, de casa, das contas, das roupas..... Parari parará.... Então chegou a hora da academia, mas tenho manicure, cabeleireiro, uma roupa pro conserto, farmácia, passou o horário, vou me irritando porque mais tarde tenho curso e mais uma vez, mais um dia, ficando pra trás... Culpa de quem? E a revolta continua.Tantas coisas que tenho pra fazer, tantas coisas nas minhas costas, que maluquice isso. Será que só existe eu nessa casa? Tudo vem pra que eu faça, e aí? E ai que faço tudo reclamando porque me acho coitadinha, sobrecarregada, ninguém me dá atenção, ninguém se importa.... Pára pára e pára tudo. A culpa é minha, sua, daquele que se permite ser, ser o faz tudo. Então pare, pense, reflita e...
Dê graças por ser tão importante na vida das pessoas.
Por ser você a cuidar dessas pessoas.
Por ter tantas coisas a fazer.
Por ter seu dia preenchido.
Por ter saúde pra isso.
Por estar presente.
Por ser um escolhido.
Dê graças por estar dando graças. Muitos esperam uma graça para que vejam graça em viver.
NUNCA ESTAREI SÓ!
Tenho sempre ao lado, meu velho violão Tárrega, meu cachorro vira-lata e o GRANDE ARQUITETO DO UNIVERSO! Três companheiros inseparáveis, que nunca me deixam só. Os dois primeiros, basta invocá-los para ouvir respostas; quanto ao Onipotente, sinto sua presença, aqui, ali em todo lugar!
Pedaço de bife
Eu sou um cachorro obediente,
O que mandam fazer, eu faço.
Corro atrás de tanta gente,
Pulo e deito, rolo e lato...
Mas sou um cachorro carente,
Não tenho nenhuma namorada.
Ninguém por aqui me entende,
Só como ração e bebo água...
Tantas coisas eu queria fazer...
Procuro sempre te falar.
Mas parece não me entender...
É egoísta até na hora de almoçar.
Eu só quero nesse momento lhe dizer:
Estou vazio e cheio de fome,
Não aguento mais ração comer,
Me dê um pedaço de bife e some!!!