Poema Borboleta
A borboleta é a imagem do espirito que voa em liberdade mas nunca da vulgaridade de viver sem responsabilidade em diversos casulos.
Às vezes, ela chega mansa, nas asas de uma borboleta, me rouba um longo suspiro e, novamente se vai.
O casulo é só uma fase, um estágio de desenvolvimento, um local de concentração onde a borboleta fortalece as asas e se prepara para o vôo.
Borboleta é uma palavra com asas que me remete à longos vôos à infância.
Acho que esqueci minhas asinhas em uma daquelas tardes perfumadas pelos ventos que traziam o cheiro das flores, prenunciando a primavera. Era ali no meio das flores que eu me embriagada com o olor primaveril e o canto nostálgico dos pássaros, que eu ensaiava a coreografia dos vôos ao lado de borboletas miúdas que vinham dorminhar nos jasmineiros floridos que eu cultivava na inocência do meu olhar de menina.
A vida é uma borboleta misteriosa de longas asas douradas que pousa na sublime flor da existência uma única vez. Só quem tem olhos encantados é capaz de admirá-la com a magia que o espetáculo da sua aparição sugere. Só os que possuem a capacidade se espantarem com o simples, o corriqueiro, o banal sabem apreciá-la na totalidade das suas cores em tão curto espaço de tempo. E é exatamente a brevidade desse pouso que o faz assim tão precioso! É necessário não perder um só instante dessa apreciação divinal, porque mais rápido do que imaginamos a borboleta bate asas e sem que nos demos conta, sutilmente voa.
Toda mulher tem coração de guerreira e alma de borboleta. Ela enfrenta sem medo as dificuldades porque sabe que depois de cada uma delas, ressurge das cinzas inteira, rompe o casulo da dor e como uma fênix dourada voa pelo céu lindamente.
Às vezes, a gente não sabe que é borboleta e rasteja triste pelo chão, maldiz o isolamento do casulo, acha que a vida terminou ali, mas não terminou! Um belo dia a metamorfose acontece, a borboleta abre a asas e linda no seu esplendor de cores voa livre pelo céu.
Uma das poucas certezas que tenho na vida é que o mundo é um casulo e que nós somos todos borboletas em diferentes estágios de transformação. A metamorfose é a nossa essência, a mudança é a nossa lei. Se pretende mudar, mude porque a situação requer, porque a vida pede, porque você sente que chegou a hora. Algumas pessoas vão gostar de você exatamente por você ser quem é, enquanto outras pelo mesmo motivo não vão gostar, então, mude, mude sempre, nas mude por você, pra você e não para agradar quem quer que seja.
Nenhuma borboleta nasceu voando, antes de voar ela teve que aprender a rastejar, a escalar. Instintivamente ela sabia que não é com o vôo que se aprende a voar.
Ao contrário da borboleta a metamorfose do amor é no fim. É no final que ele se torna uma sombra imprecisa, um espectro triste e pálido do que foi. É nesse tempo indefinido e tardio que ele tenta se manter vivo alimentando-se com as migalhas que sobraram. Como uma lagarta arrasta-se carregando o peso e a culpa do fim. Agarra-se com tanta força às lembranças que chega a pensar que são reais. Mas como amor é par, sozinho definha aos poucos, rende-se ao tanto faz da indiferença e resignado à triste sorte entrega-se à clausura do casulo .
Não é da noite para o dia que a lagarta se transforma em borboleta. As mudanças são demoradas, às vezes, doloridas, mas sempre libertadoras. É indestrutível a sensação de paz que uma mudança esperada traz.
Nem sempre ela foi leve assim, soberana, em pleno vôo. Como toda borboleta, em um tempo anterior ao casulo, teve a sua fase de lagarta.
A saudade é uma borboleta que pousa na flor do tempo em dias de nostalgia e nos traz memórias lindas.
" No inicio da vida a borboleta acreditava que seu destino era rastejar e ela não mudaria de ideia se não tivesse passado por uma transformação...