Poema Azul
Meu mundo estava escuro, as cinzas caíam depois que a chama se apagou. Pra mim a viagem estava perto do final, mas talvez estivesse apenas começando.
Meu universo então foi tomado, e o que antes era fogo e cinzas, foi lavado com águas cristalinas. Inundando-me por inteiro.
Meus muros racharam e ruíram, estava completamente vulnerável. Então fechei meus olhos, enchi meus pulmões e flutuei naquele rio. Estava em meu próprio universo, um universo dentro do meu. E com aquelas águas cristalinas, meu universo dantes acinzentado tornou-se um pouco mais azul...
Um ombro amigo,
uma mão estendida na hora da dor...
Te quero como amigo;
Talvez quem sabe também como Amor.
Quero que me abraça e me faça
Um afago na alma
Quero sentir te bem perto a mim...
Sua presença me acalma...
E por aqui sigo eu
Recordando minha história
Que nem tudo foi azul.
Mas tenho um mundo,
Meu mundo azul de memórias.
Vou seguindo o meu caminho escrevendo versos e prosas
plantando o meu jardim com margaridas hortênsias e rosas.
Quem diria
Brinquei muito e me perdi
Certo ponto não sabia mais
O que era brincadeira ou paixão
A imensidão do mar azul me afogou
Mas me afogando sorri e quis mais
Quis me afogar nos beijos e abraços
Cheios de amor que nunca se puderam dar
A solidão de estar com você me confunde
Não sei se o perigo me ilude
A adrenalina me deixa sem saber
Se navego novamente ou no porto paro de te ver
Não sei se vou navegar novamente
Mas sei que não vou seguir a mente
Vou apenas seguir em frente
Sem olhar pra trás, sem pensar de mais
Há amores que se escondem
debaixo de uma camuflagem
com receio de se declararem
e perdem o tempo, que bobagem!
Querem que o outro advinhe
quais são seus sentimentos
correm risco de que tudo definhe
porque são teimosos jumentos !
Mãe,
Um ser que dá a vida,
alimenta, ampara, educa,
protege em cada segundo
Mãe,
é ternura sempre,
compreensão, lágrimas, sorrisos,
é o maior amor do mundo !
sou inteira recordações
somos
aromas, palavras, toques
passeio por esses caminhos
passeamos
encontros, acasos, desencontros
o céu todinho em meu olhar
no nosso
estrelas, nuvens, aquele luar
o que faço com tanto azul?
o que fazemos...
Escolhe a tua cor e
Põe o chapéu
Ou pinta o cinza
Roxo, pérola,
Carmim, verde paris
Magari blu
Azul no céu, no mar e
Na cabeça!
Saudade em cores
Se quiser me ver, espere pelo alaranjado do pôr do sol
Se quiser me ouvir, dance com o verde das folhagens
Se quiser me abraçar, repouse no branco das nuvens
Se quiser me sentir, toque no vermelho das rosas
Se ainda assim a saudade persistir, voe no azul do horizonte
O céu parace maciço
O véu translúcido
Ambos me deixa confuso.
O céu quando está azulado
É a imensidão, que desnorteia-me
O véu quarto posto
Esconde em rosto...
Engana-me.
O céu e o véu
Não apenas rima...
Parecem que zomba
E sorrir de mim.
Régis L. Meireles
levo junto a mim
lá no fundo do peito
o verso costurado
o olhar encantado
o amor encarnado
o brilho do luar
cartão-postal ilustrando
a noite que de azul
se banha ...
Tentar é preciso… mas desistir
Também faz parte do pacote
De quem por algum motivo já
foi forte o suficiênte, e suportou
Grandes tentativas em vão.
QUINTA JUSTA
Quinta justa
Perfeita dominante
Quinto grau, santo e imaculado graal
Sexto do Outubro, feminino Outubro
Seis horas, vinte e três segundos
Luz ciana, rósea menina
Clarificando dúvidas até então existentes
Acerca – e acima – da realidade gélida e intermitente das saturações necessárias para o aprendizado da vida...Sua vida...Nossa vida....
Vede, filha inocente! O quão esplendorosa é a vida, mesmo que às vezes penitente.
Vede, Ciana Luz, o quanto somos nada ante o significado do teu nome.
E num júbilo de pai presente como a justa quinta de um acorde maior
Acordo que sejas dominante da saúde nos próximos sextos dias dos décimos mês do infinito do tempo que és.
Quinta justa
Justo ser
Justa causa
Do vicejar e do querer.
À Luciana Nader Calazans.
JUSTO E FICO
Não que sejas injusta
É da alma, do amo, da natureza
Não que eu seja vão
Não que que sejas não
É que em versos sãos
Impossível é traduzir
O meu querer, o meu sentir
Embora palavras não bastem
Bastardas palavras que escrevo
Saramago, Galileu ou Rimbaud
Também hesitariam o tentar
A tentação que são suas galáxias
Suas luzes, em vários pontos
Exclamação, continuar
Contínuo ar dos seus pulmões
Veja, ó menina...
Como sofro em uma explicação
Sinta, ó menina
O que sou é transição
Perpétua amplidão de sonhos
Toque, ó menina
A minha alma como um violão
Não nascemos para a perfeição
Mas de que adianta a perfeição
Sem o amor quente e puro?
De que adianta a solidão
Em seu vazio obscuro
Sejamos brisa e vento
Chão e firmamento
Amor exato, humano
Veja, ó menina
Simplesmente amo você
Ponto de exclamação.
Luciano Calazans. Serrinha,Bahia, 22/12/2017
AGÁ, DOIS...Ó?
Qual um anjo...ou drone? Vejo o algo a mais
Que os reles pensamentos dos homens;
Vejo os algodões de outrora
Supérfluo luxo da agora.
Qual a mais célere...ou célebre?
Ave de rapina, que plana acima da biosfera
Acima dos agás, dos dois, dos ós
Sinto àquela criança franzina e curiosa
Que transformava qualquer espécie de nuvem
Em brincadeira, em prosa
Em assunto profundo de roda
Em contos sobre Dumont, Zeus, Deus
O sideral não era espaço, o tempo não tinha compasso, o azul mais que uma cor.
Os meninos gargalhavam às custas dos
Devaneios.
As meninas, não.
Algodão do doce azul do céu
Que agora vejo por cima
Qual uma ave de rapina
Qual uma nave espacial
Qual o próprio tempo em si
Me trague,
Me traga o menino, sempre.
O franzino que até hoje é deslumbre
Em suas silhuetas — formas, cumes, patos, gumes
Do cirros à quase cirrose do poeta
Dos cúmulos dissimulados dos falsos profetas
Do nimbo Argento
Do ninho,
Do chão, onde o vôo é mais alto.
Luciano Calazans, Céu Brasileiro, 27/08/2018.
CASO VOCÊ NÃO SAIBA.
Não! Não ouvirei o sussurro da sanha
De temer a luta — e não ser temido
De temer o luto — sem ao menos lutar!
De temer sanhas, façanhas e artimanhas
De uma vez por todas, daqueles que tentam amiúde fazer o auriverde, pendão auriverde, brado auriverde sangrar.
Não sou Aquiles tampouco Heitor
E Não serei o fígado de Prometeu...
Quero Atena atenuando a quase calefação do meu sangue, vermelho sangue, suado sangue — enquanto párias jogam xadrez
Macabras aritméticas
Tenebrosas equações
Quinhentos e treze é morte, é monturo e azar
Malfadado português falado por quem desconhece os verbos, incluindo o SER!
Preferem à revelia de milhões,
E em milhões o verbo Ter...
Poder? O que é poder?
Onde começa? Onde termina
Poder é não querer e poder não sucumbir à besta e suas quinhentas e treze cabeças
Línguas bifurcadas, perdidas, enroladas, perdidas e ensimesmadas.
Poder?
Prefiro não discorrer sobre tal verbo
Tão procurado da mais vil forma subsidiado pelo mais vil metal.
Quero o sonho, o pão e a arte
Quero a vida comungada em qualquer parte
Quero a lucidez da comunhão
Quero a loucura do sim e do não
Quero abrigo para os meninos
Quero abrigo para as meninas
Quero água do sertão
E a brisa beira-mar
Quero o rio doce em minha língua
Quero minha pátria
Tabaréus, cafuzos, mamelucos, mulatos – nação vira-lata!
Sim! Vira-lata!
Prestem atenção! A besta jamais dirá sim
Sem algo em troca.
Quinhentos e treze cabeças
Bilhões de Aves Marias
Amém .
Luciano Calazans. Salvador, Bahia.
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DÁ NÃO DÁ
A cidade quer a noite
A cidade quer o dia
As baladas querem ritmo
Não importa a harmonia
O menino quer poder
A menina também quer
O sagrado é profano
Bem me quer ou mal me quer?
Somos sós quando queremos
Somos brasa em pleno inverno
E no verão quase Dezembro
A alegria é eterna, terna!
"Vamos a la praia"
É o refrão mais que mais se ouve
Bichos e bichas num só grito:
Queremos mais amor
Seja como for
Seja o que for
Sentimento não se mede
Queremos mais calor
Queremos sol e mar
Sentimento não se pede
Queremos celebrar
Um segundo é importante
Depois vemos no que dá
Luciano Calazans, 10/08/2017
TRÊS
Três palavras, três suspiros
Três estrelas, cinturão de Órion
Três vidas, três canções
Três amores, vastidão
Três por quatro, três, quatro, cinco, seis, sete...
Nu quarto...
Três motivos, três centelhas
Três divinos, "trés bien"
Tríade perfeita, do sim, do não e do ser
Três quatros estações
Três letras : AMO!
Três anos de homogêneos pensamentos
De alguns poucos tormentos
De azul no firmamento.
Feliz sou por ser seu
Três mil vezes, três mil cantos
Três anos luz!
À Tais Nader, com todo amor que há em meus nada quietos, corações e mentes!
QUANDO TE ENCONTREI
Quando te encontrei
Num dia de sol
Eu pensei comigo:
Como é bom estar vivo e poder
Sei que a vida é mais
Que um amanhã
Vida é um dia
E hoje é o dia de você
Caminhei em busca de um nada
Nada encontrei até aqui
O som e a dor
E de cara encontro um sorriso
Foi você que fez nascer
Quando te beijei
Linda
Quando te toquei
Música
Pude acreditar
Que quando o sol brilhar
Quando entardecer
Quando ouvir um som
Será você
Quando o céu chorar
Quando o mar gritar
E a onda bater
Será você
Quando eu repetir
Eu vou te dizer
Como eu sou feliz em ter você.
ANÓDINAS
O que sou?
Sou um cão
Um grão
Um não
Um tudo
Um nada
Nada é talvez
Tudo é talvez
Mal-passado
Passado o mau
Peço anódinas
Quentes, frias, mal-passadas
Mas que cheguem depressa
Pois a depressão inútil e controversa
Está aqui, latente
Dentro de mim ou em forma de gente
Cercando minha casa de palha
Meu jardim de plumas
Meu viver de sonhos.
O que sou?
Um fruto de um ventre
Um soprar de um vento leste
Uma ponta de icebergue
Uma semibreve
Preliminar de uma vida seca
Linha torta desenhada pelo tempo
Que caleja e que ensina
Que somos o que não querem
Que fomos o que queriam
Seremos uma pergunta [sempre]
Quem sou?
A tépida face que gargalha
A funesta sílaba de uma fala
A sábia águia a voar
Na vastidão de mil tormentos
Em segundos, meses, momentos
Que voam em uníssono
Em diferentes cores e firmamentos
O grão germina
É da sua natureza
Quem enxergar tal grandeza
Há de ser sempre a tal águia
A grandeza de um grão está em sua morte
A grandeza do sim é suportar
Um simples não
Com ou sem anódinas
Passado mau
Leite derramado
Mal-passado.
Quem é você?
O que é você?
Outra luz a acender...
IN-SONE
Insônia
Única companheira que chamo também
De refúgio da criação
Invólucro dos pesares
Caixa de Pandora aberta
Em um eterno-efêmero momento de solidão
O estar perto e longe do firmamento particular
Uma algoz que atormenta o tormento
Uma sombra iluminada por idéias que se misturam
Em um liqüidificador de sons imaginários e reais ou solidificador de imagens de sons.
Vêm me buscar
quando não preciso
Me abandona quando o sim encontra o não
Paredes e arrebóis carregados de uma leve frustração
De quem quer o que tem e não pode ter o que quer
Penso! Penso! Penso...
Criação? Às vezes não.
A respiração predadora da alma inquieta
Não levanta sua flâmula, seu pendão branco.
E resta-me a réstia de um novo amanhecer.