Poema de Albert Camus
"Como o poderia eu saber, aliás, pois que além dos nossos corpos agora separados, nada nos ligava, nada nos lembrava um do outro"
"Compreendia muito bem que as pessoas me esquecessem depois da minha morte. Já não tinham nada a fazer comigo. Nem sequer podia dizer que me custava pensar em semelhante possibilidade. Não há, no fundo, nenhuma ideia a que não nos habituemos"
Num certo sentido, pode dizer-se que a sua vida era exemplar. Era desses homens que têm sempre a coragem dos bons sentimentos.
Havia os sentimentos comuns, como a separação ou o medo, mas continuavam a pôr-se em primeiro plano as preocupações pessoais. A maior parte era sobretudo sensível ao que perturbava os seus hábitos ou atingia os seus interesses.
... mas olhava de novo para a criança, que não tinha deixado de o fitar com o seu olhar grave e tranquilo. E de repente, sem transição, o pequeno sorriu-lhe, mostrando todos os dentes.
«Filhos que tinham vivido junto da mãe mal olhando para ela punham toda a inquietação e angústia numa ruga do seu rosto que se fixava na sua recordação. Esta separação brutal, sem meio termo, sem futuro previsível, deixava-nos perturbados, incapazes de reagir contra a lembrança dessa presença, ainda tão próxima e já tão distante, que ocupava agora os nossos dias»
"Impacientes do presente, inimigos do passado e privados do futuro, parecíamo-nos assim bastante com aqueles que a justiça ou o ódio humanos fazem viver atrás das grades".
" Era-lhes fácil (...) percorrer o seu amor e examinar-lhe as imperfeições. Em tempo normal, sabíamos todos, conscientemente ou não, que não há amor que não possa ser ultrapassado e, aceitávamos, portanto, com mais ou menos tranquilidade, que o nosso permanecesse medíocre."
" Os homens são mais bons que maus, e, na verdade, a questão não está aí. Mas ignoram mais ou menos, e é a isso que se chama virtude ou vício, sendo o vício mais desesperado"
O fascismo, na verdade, é o desprezo. Inversamente, qualquer forma de desprezo, se intervém na política, prepara ou instaura o fascismo.
Sem dúvida, uma guerra é uma tolice, o que não a impede de durar. A tolice insiste sempre, e nós a compreenderíamos se não pensássemos só em nós.
« (...) tentavam sozinhos, com os seus falsos rostos de pedra ou de bronze, evocar uma imagem degradada do que tinha sido o homem»
"Na minha frente não havia uma única sombra, e cada objecto, cada ângulo, todas as curvas se desenhavam com uma pureza que me fazia mal aos olhos (...)
Não os ouvia, no entanto, e custava-me a acreditar que tivessem realidade"
"A noite, neste sítio, devia ser como que um melancólico período de tréguas. Hoje, o sol excessivo que fazia estremecer a paisagem, tornava-a deprimente e inumana"
"Compreendi que destruíra o equilíbrio do dia, o silêncio excepcional de uma praia onde havia sido feliz"
O mundo romanesco não é mais que a correção deste nosso mundo, segundo o destino profundo do homem. Pois trata-se efetivamente do mesmo mundo.
É um fato bem conhecido que sempre reconhecemos nossa pátria no momento em que estamos prestes a perdê-la.
É preciso tempo para viver. Como toda obra de arte, a vida exige que se pense nela.