Poema água
Navegue e percorra dez vezes a mesma água o mesmo mar, mas nunca será o mesmo. A mudança não existe apenas no ser, tudo é movimento e atraves do movimento existe as mudanças, nada é igual ao nada ..
Thiago 13/12/2012
O MÁGICO
Sidney Santos
Dei nó em pingo d’água
Peguei o vento na mão
Diminuí a língua de sogra
Fiz bolhas de pedra sabão
A ilha mudei pra lago
Do círculo fiz dois quadrados
Depois de todo esse estrago
Um cubo com cinco lados
Em toda essa ousadia
Não encontrei valor
Minha maior magia
Foi ganhar seu amor
Santos, ago 2008
A gota d'água que se espalha ao tocar uma superfície.
O balanço que causa a batida do prego no martelo.
O fiapo de madeira que sai quando a chave de philips gira o parafuso na mesa.
A borracha do chinelo que se contrai e volta ao seu estado normal após receber peso.
O impacto e o estrondo que causa a porta ao bater.
A espera da caneta que gira para soltar tinta.
O tum-tum do coração.
O tic-tac do relógio.
O abre e fecha dos olhos ao longo do dia, da vida.
Os músculos, nervos e vasos sanguíneos que fazem a máquina corporal funcionar.
FRENTE E VERSO
Sidney Santos
Paz da minh’alma
Luz do meu caminho
Água límpida e calma
Fonte pura de carinho
Vontade de fortes emoções
Presença no abraçar
União de corações
Pulsando o verbo amar
Sentença mais do que certa
Escrita no verso e frente
É como janela aberta
Tendo a brisa presente
Poças
As ruas estão cheias delas
Límpidas ou imundas- água parada
De seu modo refletem o céu
Imitam sua silhueta
Iludem os pássaros
Ficam ali, simplesmente imóveis
Esperando o dia de glória
Quando finalmente irão sublimar
Se juntarão as nuvens.
Ah! o alívio da tua pele em contato com a minha
como ferro em brasa e a água, que no abraço
sente um alívio tão imediato que geme.
Pedaços de água no olhar...
De sonhos desfeitos em nada
Cabelos em desalinho
Onde brilham em torvelinho,
Pérolas de pranto ao luar....
Olhos tristes de quem sofreu
Na vida, tormentos mil
Silêncios a quem doeu,
Um amor que já morreu,
Ainda por começar...
Embalada nos braços fortes
De uma recordação,
Vai tropeçando em pedaços
Vazios de um coração...
Sonha, menina triste,
Limpa as lágrimas, sorri
Também eu vivi morrendo
E morri, vivendo em ti....
Incompatibilidade
Eu gelo, você vulcão
Eu água, você erupção
Eu dia, você Lua
Eu mar, você rua
Eu falo, você foge
Eu me jogo, você corre
Em meio a tantas promessas
Vamos seguindo
Você e eu
Nunca nós!
Sempre a sós
Razão e coração
Frieza e emoção
Amor e paixão...
Entrega e resistência
Opinião e indiferença
Realidade e ilusão!
Era perfeito: eu e você.
Uma estúpida desconfiança
lá se foi por água abaixo
toda e qualquer confiança.
Você já percebeu como a mentira atrapalha
uma vez que você falha
noutra eu me atrapalho:
acredito ou não?
Pode ser tudo a mais pura verdade
mas também a mais (im)pura falsidade
estúpida mentira...
Conselho: então, nem tente
não confio nunca mais em quem mente.
Beira de rio.
Onde a paz na água se espelha
Pés mergulhados no raso da margem
Enquanto os peixes comem a isca
Um pintado assa na telha.
- E quantas mãos você tocou?
Depois de um doce vem sempre um copo d’agua
E o sal grita para ser devorado.
E quantas bocas você beijou?
Depois do arroto vem sempre uma desculpa
E um sorriso pior que o outro
E um novo gosto de amargura.
E quantas noites você dormiu?
Depois das vidas longas
Vem sempre as mortes curtas
E uma saudade imensa de tocar mãos.
Tô nem aí se o sol não abrir;
Nem ligo se a água estiver fria;
Nem vou me preocupar se minhas roupas estiverem molhadas;
O que eu quero mesmo é viver o momento comigo mesma!
Água turva
Já me indispus dos queixumes
Sem alento nos seus grelos
Que possam emanar um novo amor
Entre duas pessoas vulgares
Por debaixo de lençóis
Não perceptíveis pelos meus choros
Enroupados como uma encomenda
água furtada
És a água furtada
Da voz que não cansa
A esperança duma mulher
Que descansa
Na contenda do bem viver
És a água furtada do choro
Duma criança
O retrato perspicaz
Da mente que não pensa
Na conquista da paz
Que o calor recompensa
és a água furtada do canto
Que dulcifica a alma
Do homem em cada ponto
Do poema que declama
És a água furtada
Do bem-querer sem suor
Que as vezes transborda
No íntimo do gato trovador
és a água furtada
Das folhas secas do verão
Da garganta destroçada
Com um imporão
Da taça não domada
És a água furtada
Nas arranhas
Da vida em papel
Das aventuras que faço
Mesmo sendo fiel
Das minhas flores de aço
Água
onomatopeias vivas,
tão fortes, tão lindas.
Vida…
apelido te assim, vida.
pois de ti tiro minhas reflexões,
teu som me conforta!
exploro em mim novas emoções,momentos…
pois es tu quem me sacia
seja da chuva, ou seja ela fria.
sem ti não me vejo,
em ti também encontro aconchego, por ti tenho tanto apreço!
de pingos em pingos
uma chuva se forma,
hoje, não mais previsível
talvez inconveniente,descontrolada, em diversas formas.
gritante o meu despreso a quem te esnoba
saber,ver o disperdício que ti fazem,
não me conforma.
mesmo em toda sua imensidão
pode acabar com o passar do tempo
não de imediato, e sim digamos,
de grão em grão.
Isso não é choro, é só água caindo; gravidade.
Eu não sinto mais nada.
Deus do céu.
Eu não sinto mais nada.
No deserto a flor brotou
No deserto a vida surgiu
No deserto a terra se abriu
No deserto a água fluiu
No deserto meu pensamento emergiu.
Sobre domingos e minha mania de água
Domingo me mete o maior medo. Se eu já penso muito - talvez até demais -, não queira nem imaginar o tanto de coisa que passa pela minha cabeça num dia em que eu não faço nada. Sem falar de hoje, especialmente: nublado, com chuviscos o dia inteiro, vazio, parado no tempo.
Dias assim me deixam aérea. Voo longe, me perco dentro de mim. São tantas perguntas sem respostas. Tantos rostos, corpos, olhos, corações. Tantos lugares, esconderijos, mentiras e coisas velhas, guardadas de todo jeito. Tantos eus espalhados por aí. Tanto de nós que se foi.
Gosto muito de chuva. Rega meu jardim, cuida do meu interior e faz crescer (não sei mais pra onde) meu coração. Lava minha alma. Leva embora o que já não me pertence mais. E peço, sussurro, rezo: que chova mais em mim. E que dias assim - por mais que me baguncem completamente por dentro – se repitam mais vezes.
Numa de suas músicas, Cazuza perguntou qual era a cor do amor. Será que é cinza?