Poema 18 anos
A HORA
Morrer, Senhor, de súbito, eu quero!
Morrer, como quem vai em sua glória
Despedir-se do mundo em ato mero
De repente! Na bagagem só memória
Morrer sem saber, estou sendo sincero
Rogo, por assim ser, a minha tal hora
Morrer simples, sem qualquer exagero
Onde o olhar de Deus a minha vitória
Morrer, sem precisar ser feito severo
Das estórias que fique boa história
Fulminando sem lágrimas e lero lero
Assim espero, digno desta rogatória
Morrer fruto do merecimento vero
De ser ligeiro, cerrando a trajetória
© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
2017, junho
Cerrado goiano
Paráfrase Augusto Frederico Schmidt
Razões para te ter
As razões as vezes são contra as emoções, mas
toda discussão leva em conta a forma de criação que
por sua vez leva em consideração as consequências que causarão.
A razão por ter você é o louco querer de ter por perto,
mesmo que se tome decisões controversas que mas se
pareça com um verso do que exista em todo o meu universo.
A razão e o porque amo você não sei descrever,
nem quero saber pois só quero te ter e viver com você
nessa situação a razão a emoção leva a criação de uma motivação
para te amar de coração.
SONETO DUM AMOR IGNOTO
Obscuro este amor que me assume
E que delira no meu peito ativado
Me faz devanear, ser apaixonado
Do qual a razão não está incólume
Não o conheço, mas sinto, calado
Ruaceiro no juízo, em alto volume
Me extasiando com seu perfume
O coração totalmente encantado
Dele até me contamino com ciúme
Sem mesmo nunca o ter encontrado
E assim, no desejar, é só queixume
Este amor ignoto, e já tão amado
Neste oceano de vario cardume
O tal, reservado, virá a meu fado...
© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
2017, junho
Cerrado goiano
SONETO AO ACASO
Estou atrasado para nova direção
Dar ao destino uma nova fantasia
E ao espírito possa ter novo guia
Além dos afligir que fere o coração
Agora é tarde, entardeceu o dia
A alma está enrugada de emoção
Sonho entrajou-se de recordação
E o querer já não mais me alumia
Tenho ido empós do bom ideal
Nem sei qual será este tal final
Deste declínio que me barbaria
Afinal, pouca sorte foi meu ritual
Já o amor, o preservei bem jovial
Pra na lápide tê-lo como honraria...
© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
2017, junho
Cerrado goiano
Que bela manhã ensolarada!
Exuberante azul do céu;
Tão bela quanto sua face.
Beijarei teus lábios com sabor de mel.
Que noite linda, que honra é estar sendo iluminado por esse luar, que sençação única e gratificante me invade o peito
A lua está na zênite, nuvens dispersas pelo céu, cheiro de flores no ar, e eu, deitado na rede sob o telhado da varanda de casa, embalado ao som de Moonlight Sonata, depois de um dia extenso de trabalho
Esqueço totalmente de tudo e de todos, olho para o céu profundo e sinto uma profunda gratidão, pela grandeza do universo; por suas leis; por meus irmãos, os astros e estrelas; por fazer parte desse magnífico sistema; por estar vivo, mais vivo e consciente do que nunca
Não preciso de mais absolutamente nada, me sinto assustadoramente pleno, repleto da genuína paz do criador
Aqui e agora tenho a sensação de não estar mais sob a influência do tempo e do espaço, me sinto parte do todo e em um abraço acalentador com o divino. Me sinto grato.
ACALANTO
Ide amor.
Traga de onde quiseres
O ser amado. De onde for!
E,
se não o teres
No prazer do teu calor
Volte! Não é adeveres
Tê-lo como louvor
Se acaso cansares
Outro conforto há no Criador
Se desejares
Serás vencedor
Pois amor é satisfação
E,
não um gestor
Acalme o seu coração!
© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
2017, 12, junho
Cerrado goiano
Hoje dia de Santo Antonio e Fernando Pessoa.
Um nasceu no dia em que o outro faleceu.
Se Santo Antonio foi Fernando de Bulhões, Frei António e depois Santo,
Fernando Pessoa foi Ricardo Reis, Álvaro de Campos e Alberto Caeiro.
Um fazia milagres o outro criava poetas inteiros.
Aprende logo menina:
Tudo na vida passa. A vida não espera
Suas dores passarem, não seja só mais
Uma passageira diante da vida.
Não espera pelo tempo, nem
Pelo destino, nem por Deus.
Desapega do que só te leva para trás
E só te trava o andar e pega uma
Carona com a vida e corre
Atrás daquilo que te faz bem
E se afasta do que só te faz mal.
Seu sucesso
Seguido de sua queda
Vieram ambos repentinos
E lhe deixaram a mercê
De seus demônios
Com seus vícios famintos
A lhe corroer as entranhas
Não sou sábio e nem poeta;
Sou apenas um peregrino.
Sou passageiro viajando,
Nesse trem da vida chamado DESTINO.
Em pedras pisarei;
Espinhos me ferirão.
Sem medo, seguirei meu caminho.
Sem mágoas no coração.
Ainda que me assalte;
Essa solidão voraz.
Seguirei meu destino,
Com o coração em paz.
Ainda que eu caia;
Mas tão logo levantarei,
Mesmo com pedras e espinhos,
Com FÉ, sei que vencerei.
CANÇÃO ILUSÓRIA
No mistério do cerrado
estórias e mais contos
E, nos contos, alados
e, nos alados, pontos
nos pontos narrativa
e, elas, em confrontos
entre a quimera e o real
no voo da imaginação viva...
© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
2017, junho
Cerrado goiano
ITINERÁRIO
Ainda deslizam fantasias pelos
meus cansados, tristes dedos,
na saudade vã do passado,
em copioso senso alienado.
Todos os dias ainda presente
no pensamento descontente,
a insistente dor na inspiração,
ó doidivanas e dura sensação.
Não sou mais do que um peregrino
viajante solitário no meu destino,
que a sorte me guia de mão dada,
pelos devaneios da vida, mais nada...
© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
2017, junho
Cerrado goiano
Aprenda a demonstrar
Carinho é ato nobre de se valorizar.
Quem nunca recebeu pode aprender a dar.
Mas que economiza no afeto é melhor evitar.
Hesite em escolher quem sofre de mal estimar.
Pabulagem dos covardes
Vade-retro com sua inveja faceira.
Mau sintoma de cobiçar a habilidade alheia.
Abrenúncio toda infestação de raiva pela incapacidade.
Tarrenego o desperdiçar da vida e fica aí, comendo poeira.
Escreveu não leu
Fiz poesia pra você
E você nada, você nem
Um dia você vai ver! Um dia você vai ler!
Se vai gostar ou não
Aí o poema é seu.
BORBOLETA (soneto)
À flor de lobeira do cerrado, azulada
Voa a borboleta erradia lentamente
De asas tal multicor do sol poente
Num dueto de um balé na estrada
É tão imponente e é tão refulgente
No horizonte rubro, em uma toada
Que hipnotiza o ver e mais nada
Doidejando o encanto da gente
Só a flor, o que importa, a ela atada
Somente! E ao seu redor indiferente
Onde ali, a vida se faz multiplicada
Neste valsar vaporoso e inocente
Do diverso do cerrado camarada
Borboleta em voo, é o belo ingente!
© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
2017, junho
Cerrado goiano
TRAGÉDIA, SANGUE, SOLIDARIEDADE
"Bom dia" só que não pra muita gente
Que em luto hoje chora magoado.
Batida, a colisão de frente a frente
Com morto e ferido, atordoado.
Se foram muitas vidas preciosas
Em última viagem, vaticínio.
Viagens e estradas furiosas,
Ceifando muitas vidas, extermínio.
Eu quis doar um pouco do que tenho
E ia com alguns outros doar sangue.
Mas muitos outros querem nesse empenho,
Eu não vou mais, mas calma, não se zangue.
Pois já tem muita gente nesse ato
É a superlotação de doadores.
Por isso, tendo em vista esse fato
O grupo aqui adiou nossos favores.
Mas deixo aqui meus pêsames e digo:
Seja mais consciente nas estradas.
Também, sim, doe sangue, seja amigo,
Ou queres ver outras vidas ceifadas?
23/06/2017
Onde mora a fé, tem esperança.
Onde mora a felicidade tem um sorriso disponível.
Onde mora a saudade, tem um amor escondido.
Tudo passa
O tempo passa
O amor passa
A vida se vai
Até o orgulho se desvai
Não há sentimento que perdure
O tempo deixa cicatriz
Nos magoamos infelizmente
E perdemos tudo em um tris
Perdão e amizade
Mesmo não tendo o que se espera
Podemos lutar
E vencer o mal que dilacera
Deixemos a paz
Deixar tudo ir
Ninguém é de ninguém
Por mais que haja desdém
A felicidade brota de si
O amor próprio também
Podemos seguir a vida
Mesmo depois da despedida