Poema 18 anos
ENCAIXE
O encaixe perfeito do seu corpo
Deixaram marcas
Um vazio
Ás vezes sinto
Ás vezes minto
Em outras sou a própria saudade.
DENTRO DO VERSO
Eu quis uma frase bonita pra colocar em meus versos
Um cheiro de saudade
Uma pitada de desejo
Uma pele molhada
Um gosto de quero mais
Um querer dolorido daqueles que nunca terminam
Acho que eu quis dentro do verso colocar você
Só não soube entender.
Elis Barroso
DESPOJAR
Carrego tanto ontem
Que o hoje não cabe em mim
Vou lançando no caminho
Fatias que guardei
Músicas que pararam de me tocar
Beijos que perderam o gosto
Amores que não mais encantam
Um passado amassado que não me veste mais
Um fui que já não me calça
Um pretérito em que não mais me reconheço
Vou lançando no caminho
Aliviando a bagagem.
MEMÓRIAS
Tentei guardar na retina aquela cena
O brilho da lua nova fazendo seu caminho dourado nas águas da Guanabara
O brilho das luzes da cidade
A ponte em estilo europeu do século passado
A arquitetura Imperial
E o sorriso dos seus olhos
Quis guardar aquela cena
Algo tão grande não coube em mim
Coloquei então no poema
Foi melhor assim
O sorriso dos seus olhos jamais terá fim.
VÍRGULA
Eu preciso de uma vírgula
Pra não atropelar o tempo
Tomar fôlego
Pra pausar
Pousar
Eu preciso de uma vírgula
Que dívida minhas orações
Marque meus momentos
Torne leve minha história
Eu preciso de uma vírgula
Que ajude a mim mesma a ler quem sou.
Flor di mel
Uamor é a eterna lua di mel
Seja amanti infinitu isi distancie du véu du
passadu e du disconhecidu futuru
Seja somenti abismu nu presenti.
Tormenta
Uamor é como flor qui só disabrocha na intimidadi
É como gota quiscurrega na bainha du vento
É como onda qui suspira na saia du mar
É a sinfonia mais pura du Zóio da Alma
Despidida
Meninu
Nuá segredo escondidu
Quando si tem pouco a ser dituai
Silencie púrum instanti...
Agora iscuti...
- É o coração!
Lembri-si o incontru é sempre nu Véu Duoiá
Capinando o Zóio
Meninu qui cê tá fazendo?
- Capinando o Zóio uai.
Mai pra quê homi de Deus?
- Pra nascê Flor!
- É pumodiqui em todo Zóio siscondi uma Flor
E toda flor tem qui ser regada
Assim como o Amor
Serpentina Colorida
Ocê nué um sonho,
É existência mais bela,
É a estrela sem nomi,
É fascínio e delírio
É o vazio mais preenchido
É pumodiqui ocê é a morada du Infinitu
Feliniana
Agora penso
Qui boca é essa?
Qui mata a sede e beija Flores
É a porta perfeita dos desejos indiscretos
Iscondi sorrisos di infância
Agora penso
Qui boca é essa?
Quinú fala com palavras
Essa boca é danada ficou mal acostumada
Nú pensava em ouvir nem amá-la
Mas essa boca é encarnada na linha doci du beijo
Constelação di Zúria
A Estrela pousou em meus versos
Em Alma Alumiou
Ouso insinuá qui é Amor
Aparecesti Suave vestida di Coragem
Arrebanhou Magnólias
Arodiou o meu Oiá
Nu Vão entre o Céu e a Terra
Tu és Trampolim di Bem-Querê
Disnorteia Peli
Arrepia o Riso
Oh Musa Estrelar!
Discansa em Mim seus ternos Beijos
Assim Transcendemos a Vida
Para Imprimir Colores
PALESTINAMOR
Queremos la pAz
Uamor habitado
Quieremos
la seguridad de la vida
Humana entre ela mundo
Existe um olhar diferente,
A tudo e á todos
Não imagino uma pessoa ínfera á outra,
Somos pedaços,
E nada nos leva a pensar
Que não exista...
Pessoas distintas a cada olhar,
Pessoas distintas a cada pensar,
Pessoas distintas a cada andar,
Pessoas distintas a cada falar,
[...]
Sem dúvidas,
realmente somos diferentes,
Por formas e pelas variáveis feições,
E ao mesmo tempo somos iguais,
Por dentro,
E essa igualdade não nos
fazem pensar que não exista...
Momentos distintos a cada pessoa,
Atitudes distintas a cada pessoa,
Personalidades distintas a cada pessoa,
Cada pessoa distinta a cada pessoa,
[...]
Nem somos forçados a existir,
Muito menos a resistir a essa oposição,
Se não consideramos o Deus
Nossa grande salvação,
Não seremos diferentes,
Não seremos distinção
[...]
MINHA PENA
De minha pena já escorreram dores
Derramaram saudades
Pingaram sonhos que não brotaram
Minha pena dói
Sangra
Rasga o peito
Minha pena liberta minha alma borboleta.
Ouvindo os cantos
dos pássaros
nesta manhã gris,
pelo menos tenho
algo que me diz
que apesar de tudo
ainda serei feliz.
Não faço idéia
onde você está;
no teu coração
um mundo todo
para nós dois
irei construir,
e nada irá destruir.
Algo me diz que não
posso por parar
de ir em tua busca
mesmo em dias
dias de sol ou chuva,
eu sou a eterna
tal noiva em fuga.
Amor, até a Lua
e o Universo todo
sabem do meu
plano convicto
até te encontrar
e o destino vir
a nos enveredar.
Por nós e tudo o quê
creio fiz um grande
e fino juramento
para não quebrar,
demore o tempo
que for e custe
o preço que custar.
Os sótãos e calabouços
rugem a devastação feita
pelo isolamento e pela tortura,
demoliram os sinais de fé
na vida e andam tentando
incinerar toda a poética:
(E ainda há quem insista
desfilar o seu ego inflado,
violar a lógica da hora
e espargir a vaidade política
neste momento de pandemia).
Cada versejar tem sido de minha
responsabilidade real,
versejo também a América Latina,
o tempo, o vento e os sonhos
de reconstruir os rumos da História:
(Não é segredo para ninguém
que não conheço a tropa
em situação muito brutal
e o General que continua preso
injustamente e incomunicado
há mais de sete meses).
Que me custe a simpatia de todos,
pois falo o quê a minha
consciência manda falar,
não dou aquilo que não se pode
ao autoritarismo de ninguém dar:
o silêncio como púlpito
para a voz da História se silenciar.
Não confunda a poetisa com a pessoa física.A poetisa é livre, é pessoa espiritual. A pessoa física não chega a ser uma pessoa completamente fechada para o mundo.
A minha poesia é disponível, eu não.
Buscando ler o futuro
nosso nas estrelas,
descobrir nada novo
sob a luz da Lua Nova,
sei que ainda há muito
nesta vida por fazer,
não deixando esquecer
quem pela consciência
correu o risco de deixar
nesta terra se prender.
O quê tem me levado
todo dia para você
talvez nem o Zodíaco
saiba explicar,
o antigo disco de vinil
coloquei baixinho
aqui na sala para tocar.
Correndo na estrada
rumo ao desconhecido,
mergulho no espelho
e o teu coração não
conhece mais perigo;
o ritmo do teu peito
Messier 77 que me tira
a distância para dançar,
doce oceano de amor,
és meu inequívoco lugar.
O quê é tarde
demais é
de verdade,
mesmo que
você nele
não acredite,
e o peito
não se dobre;
a conta com
Mariana não
foi saldada,
mas também
não foi olvidada.
A conta não
é pequena
tal qual a
mediocridade
do evento que
a tragédia
provocou,
nós não
sabemos
a proporção
do desastre
humano:
só se tem
notícias que
somos 200
brasileiros que
desaparecemos,
e no esquecimento
nós caíremos.
É sem sentido
seguir desse
jeito para ocultar
o quê não é mais
segredo para
o mundo inteiro
há muito tempo:
que o Brasil
não preserva
a Natureza,
todo mundo sabe;
e sempre seguiu
atirando da janela
a sua riqueza
não se importando
que se acabe,
e nem prevendo
quanto mais gente
se mate ou se
no futuro desmate.
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