Poema 18 anos
Receita para fazer um poema Dadaísta
Pegue um jornal.
Pegue uma tesoura.
Escolha no jornal um artigo com o comprimento que pensa dar ao seu poema.
Recorte o artigo.
Depois, recorte cuidadosamente todas as palavras que formam o artigo e meta-as num saco.
Agite suavemente.
Seguidamente, tire os recortes um por um.
Copie conscienciosamente pela ordem em que saem do saco.
O poema será parecido consigo.
E pronto: será um escritor infinitamente original e duma adorável sensibilidade, embora incompreendido pelo vulgo.
aqui estou eu
aqui estou eu, sentada em frente a tv, escrevendo esse poema.
penso em palavras para rimar, gírias para usar, formas de interpretar...
aqui estou eu, sentada em frente a tv, pensando no futuro.
penso se vou me formar, vou trabalhar, vou ser o que eu desejar...
aqui estou eu, sentada em frente a tv, pensando no passado.
palavras que poderia ter dito, coisas que deveria ter vivido, coisas que eu poderia ter abduzido...
aqui estou eu, sentada em frente a tv,
pensando no presente.
penso que estou estudando, estou me esforçando, estou me dedicando...
aqui estou eu, em um universo paralelo.
Poema de Finados
Amanhã que é dia dos mortos
Vai ao cemitério. Vai
E procura entre as sepulturas
A sepultura de meu pai.
Leva três rosas bem bonitas.
Ajoelha e reza uma oração.
Não pelo pai, mas pelo filho:
O filho tem mais precisão.
O que resta de mim na vida
É a amargura do que sofri.
Pois nada quero, nada espero.
E em verdade estou morto ali.
Gijeólis
(Poema para Bóris)
Bom dia,
Deus te abençoe,
Vá com Deus.
Boa noite,
Durma com Deus,
Deus te abençoe.
Fosse quando fosse,
As palavras portavam
Sinceridade.
Fosse quando fosse,
Transportavam
Divinidade
E iluminação.
PRECE
O que era pra ser um poema,
acabou virando uma prece:– Oh Deus, humildemente, vos peço:
Não permitais nunca que eu perca
a humanidade.
com um poema simplório
o poeta disfarça pretensão
só escreve em caso de tédio
e se rima ruim é por opção
com um poema médio
o poeta pode ser qualquer outro
pisca os olhos pretos de novo
e a lua prata bate no prédio
com um poema pomposo
o poeta se leva muito a sério
é lido no hall por um amante maldoso
que imita a voz do pica-pau
Poema não tem que ser grande...
também não tem que ser pequeno...
alguns poemas tem sentimentos...
oque sente ou oque
sentiu por um tempo...
tudo oque viveu ou
tudo oque você passou...
não especificamente de
um rosto mão ou uma cor
a maioria é feito com amor...
mais nunca deixará de ser poema
por ter algumas frases de
medo ou rancor...
também não será um lindo poema
só por falar de amor...
Tipo meu poema
é simples e discreto
e de alegria repleto...
dependendo da ocasião
pois alguns poemas choraram.
um poema para Julia
poesia não se explica
poesia se sente
talvez por isso
ao te ver fico mudo
apenas apreciando teus detalhes
como versos de um poema sem fim
porque melhor que ler ou escrever poesia
é estar dentro de uma
Poema Paralelo Para Ela
Ansioso para te ver
É o dia de te encontrar
Esperando você vir
Sorrindo e me abraçar
Como se eu fosse o teu lar.
Tudo o que eu quis
Foi ver você do meu lado
Deitada nos meus braços, protegida.
Estou indo agora,
Já pensando no amanhã
E a saudade já se aflora
Nesta breve manhã.
Quero te encontrar
Quando o sol estiver nascendo
Para aproveitar a beleza florescendo
Do lado de um ser estrelar.
O meu coração arde de paixão
Tendo você em minhas mãos
Você faz parte da minha vida
Te quero para sempre querida.
(Lima de Albuquerque).
Poema Cearense
Grandes terras áridas
De onde saem os melhores frutos
Mesmo com toda secura
São trazidos pelos ventos.
De onde são soprados
De uma flor de cacto
Que vem flutuando
Como um dente-de-leão.
Para as terras irrigadas
Pousando em corações duros
Para transformá-los em moleza
Que se derretem apenas com olhares.
(Lima de Albuquerque).
Quem nunca teve?
Um lenço de batom manchado,
Um poema bem decorado?
Uma cor preferida,
Uma lágrima sentida?
Uma dedicatória num papel,
Um giro de carrossel?
Uma noite mal dormida,
Uma triste despedida?
Um filme que fez chorar,
Uma melodia para dançar?
Um beijo roubado,
Um desencontro mal contado?
Um segredo sem contar,
Uma música para cantar?
Uma dorzinha lá no peito,
Um brinquedo com defeito?
Uma jóia preferida,
Uma perda na vida?
Um doce irresistível,
Uma atitude suscetível?
Um amor de carnaval,
Um recorte de jornal?
Um verso no rascunho,
Uma agressividade de seu punho?
Um sonho de quimera,
Uma ilusão na primavera?
Um amigo que se foi,
Um abraço que deixou pra depois?
Uma vontade de ir embora,
Uma pressa na demora?
Um desejo de amar,
Um querer sempre voltar?
Um calafrio inexplicável,
Uma euforia imensurável?
Um medo terrível de morrer,
Uma alegria imensa por viver?
Poema: Canto do sabiá
Por que és tão cruel destino?
Por que desta forma me tiraste deste mundo?
Lembrado e esquecido,
Lembrado pelas minhas contribuições
E esquecido em um navio
Nas águas frias me pego a pensar
Nas terras de palmeiras
E no canto do sabiá
Agonizando vou indo ao fundo do mar
Imaginando minha terra de palmeiras
Onde canta o sabiá
Meu pedido atendeste
Me permitiu voltar antes que eu morra
Para ouvir o canto do sabiá
POEMA DAS PÉTALAS 24/03/2016
No primeiro dia do outono
quando o sol ia se pondo.
Na rua o vento contido
entre as paredes dos prédios
se fazia arredio.
Pôs se a dançar invisível
na valsa do solo
que procura o frio.
Rodava em círculos concêntricos
em seu dançar excêntrico.
E sozinho valsava
sem que ninguém o visse
e a sua felicidade se fez prece
no desejo de companhia.
No caminho de uma mulher
que se deu por passagem
ali naquela hora,
um outro enamorado
cedeu lhe uma chuva de pétalas
vermelhas como deve ser
a cor do amor.
A dama se foi sorrindo
e do intento desse enamorado
depois de findo
restou em espólios
espalhadas pelo chão
o que já foram rosas
e agora eram sobras.
O vento em seu caminho,
naquele momento
tirou para dançar
quem já se achava no lixo.
E nos caminhos concêntricos
onde os pensamentos
transformam-se em sentimentos.
Ficaram na memória
a poesia do carinho
e da sua momentânea glória.
Como o flutuar de pétalas no ar
vermelhas como amor
que se puseram a rodopiar
em um final de tarde
de um primeiro dia de outono.
Tornou-se mais uma memória
guardada para sempre
em sua maneira terna
da forma mais etérea.
Um presente em poesia
homenagem aos lembrados
que se fizeram ausentes.
A vida é um poema que talvez você só consiga compreender quando não puder mais ler.
— Fernando Machado
Um poema sobre o amor.
Várias vezes ouvi falar,
de ler, cansado estamos.
A maior escola que herdamos,
é o querer do mundo em amar.
Nos olhos, na manhã observo,
olhos universais, verdades metafisicamente testadas,
acaba com o pouco que tenho
de aliviar meu mundo correto.
O certo é não perder a vista.
A vista da montanha, à vista.
Ganhou meu coração não com parcelas,
Comprou, pagou em espécie, há vista.
O cheiro do almoço, costela com cominho,
eis onde vim parar.
No tempo da vó Alzira, do tutano,
no tempo da saudade de fulano.
Gostaria de saber que sinto,
exprimo a solidão e o afeto que a palavra tem em mim.
Saudosa poesia que invade,
tal os olhos da amada.
O poema é transcrição de sentimentos, onde o poeta transforma em palavras seus sentimentos.
Deixa escorrer sobre o papel suas angústias, coloca nos traços suas alegrias e tristezas e nas linhas suas paixões.
O poeta, por sua incessante paixão na escrita, escreve para aqueles que são amados e para aqueles que não são.
Coloca ternos sentimentos nos versos, e neles expressa sua esperança de oferecer amor em forma de poesia.
Todo poema necessariamente tem que ter poesia, porém nem toda poesia é um poema. Poema, sem poesia, não é poema é apenas um texto.
Posso encontrar a poesia numa crônica, numa carta, geralmente as cartas de amor carregam a poesia, as cartas de despedida também, mas nem todas cartas têm poesia.
Existe poesia em uma tela de pintura, numa construção arquitetônica.
Por fim, a poesia nos envolve como um plasma de uma física quântica , que por vezes percebemos existir, por vezes mesmo existindo nao percebemos.
POEMA PARA UM IRMÃO QUE NUNCA TIVE
Nasci só para ser só!
Tão só
Que quando nasci
E a luz vi
Disse a minha mãe:
Vê se me trazes um irmão,
Para podermos jogar ao pião...
E os partos dolorosos
Sulfurosos
De minha mãe, continuaram...
Nove anos, após o primeiro passaram
Depois do pedido feito
A minha mãe,
Agora no Além
Mas sem efeito
A súplica minha,
Talvez mesquinha.
E então, cá fiquei até agora
Sem aurora
Neste inverno da vida
Que nunca foi vida, não,
Sem ti, meu imaginado irmão!
Que triste é morrer
Sem ter
A costela de um irmão
Encostada à minha que vive
À espera desse irmão
Que nunca tive.
(Carlos De Castro, in Poesia de Mim Só, em 26-07-2022)
O MEU POEMA MAIS CURTO - o primeiro
Plantei uma árvore.
Sem enxada.
Não precisei de mais nada.
A não ser as mãos.
E a árvore.
(Carlos de Castro, in Há Um Livro Por Escrever, em 14-10-2022)