Poeira
Uma chuva fina cai sobre a cidade. No rádio a canção de Gal Costa que fala sobre a poeira do caminho. Pois é. O pó das eras também viaja comigo; bem acomodado no meu banco.
Não busque respostas,
elas virão com o tempo,
como poeira ao vento.
Se você as buscar,
estas virão pesadas,
e sem sentido.
Deixa que o tempo e o vento
as tragam até você,
Estas serão mais finas,
mais leves e soltas,
como a poeira que traz vento.
“Um homem de moral não fica no chão. ... Reconhece a queda e não desanima. Levanta, sacode a poeira, e dá a volta por cima” Livro Kintsugi
Já fui quebrada em mil pedaços,virei poeira.
Nas cinzas virei o pó...
Do opaco cinzento eu saí,
Abri enfim as asas dos meus sonhos...
Reluzi...
Me ergui...
Sou como a fênix,que mesmo ferida insisto
em resnacer.
Não importa quantas vezes você caiu,e sim a força que teve para se levantar e prosseguir.
Os fracos desistem,os fortes nunca.
Eu sou a poeira no raio solar.
Eu sou o sol circular.
Para os pedaços de pó eu digo, “Fiquem”.
Para o sol, “Continue a viajar”.
Eu sou a neblina da manhã,
e o suspirar da tardinha.
Eu sou o vento no topo do bosque,
e a arrebentação ao pé do penhasco.
Mastro, leme, timoneiro, e barco,
Sou também o recife de corais onde naufragaram.
Eu sou uma árvore com um papagaio treinado em seus galhos.
Silêncio, pensamento, e voz.
Quando o sonho alcança o céu
A poeira atesta a vontade do chão
de ganhar os céus em sua lida.
A flor realiza-se em seu pólen vão,
pegando carona nas abelhas.
Seu fruto não nasce sem antes sentir
a suave sensação dos ares.
O mar aspira também aos céus,
nas ondas que se erguem e depois caem.
Cada gota sonha em ser nuvem,
renascer no ciclo eterno da criação,
flutuar e chover liberdade.
E nas noites claras, onde estrelas brilham,
meus sonhos se elevam em constelações,
buscando no alto o brilho eterno,
a essência pura das canções.
É quando o sonho alcança o céu.
Tudo que existe anseia às alturas.
Assim, meu coração entrega-se ao vento,
em versos que ao vento se lançam,
tentando tocar o infinito,
onde reside o teu pensamento.
Meu pensamento criou asas,
fez minha alma ao alto voar.
Minhas palavras, essas sim, caminham.
Por isso, no poema, quando você é o tema,
nunca sei se vou ou se voo.
Acho engraçado como a poeira está no ar o tempo todo, mas a gente só a enxerga de verdade quando existe um feixe de luz.
Entre fios de letras soltas
e trapos de linhas livres
remendo palavras
envoltas no manto
bordado da poeira de poesia...
" As pálpebras limpam os olhos das poeiras. Que pálpebras limpam as poeiras do coração?
(In " Na berma de nenhuma estrada " - página 175)
Talvez o Natal exista para fazer as pessoas repensarem suas atitudes com os demais. A exaltação de diversas coisas boas ao próximo é tanta que a reflexão interna sobre isso deveria ser, no mínimo, obrigatória. Deveríamos amar uns aos outros simplesmente por sermos irmãos de alma, mas a inveja, junto com outros sentimentos destrutivos, nos tornou frios e distantes. Morremos desde os primórdios e cada dia o amor se apequena, tornando-se uma mera poeira cósmica em meio a uma galáxia de maldade sem fim.
Quando a agitação vem de dentro, nós fechamos para impedir a explosão e... implodimos silenciosamente. Paredes erguidas, vida fora que segue, aqui dentro... poeira.
Quando alguém entra na nossa vida e vira tudo do
avesso e vira poesia e canção, é porque valeu a pena;
valeu as lutas e provações, valeu insistir, valeu amar
cada segundo mesmo quando tudo parecia não ser
amor coisa nenhuma.
É verdade, sempre vai ter um que vai sentir mais, um
que vai chorar mais, um que vai fazer durar mais, um
que vai demonstrar mais... Mas também tem o
momento em que os dois quis tudo isso com a mesma
intensidade, sempre tem. E é isso que importa!
Não pense na poeira dos pés que fica dos que vão
embora da tua vida, pense na brisa que trazem quando chegam.
Ela me ensina isso todo dia...
- Vida -
Não seja idiota, não deixe isso se perder, virar poeira, virar nada. Daqui a pouco você vai crescer e achar tudo isso ridículo.
Ele fixaria em Deus aquele olhar verde-esmeralda com uma leve poeira de ouro no fundo. E não obedeceria porque gato não obedece. Quando a ordem coincide com sua vontade, ele atende mas sem a humildade do cachorro, o gato não é humilde, ele traz viva a memória da liberdade sem coleira. Despreza o poder porque despreza a servidão. Nem servo de Deus. Nem servo do Diabo.
Lembro agora daquela história que ouvi na infância e acreditei porque na infância a gente só acredita. Mais tarde, conhecendo melhor o gato é que descobri que jamais ele teria esse comportamento, questão de caráter. Dizia a história que Deus pediu água ao cachorro que lavou lindamente o copo e com sorrisos foi levá-lo ao Senhor. Pedido igual foi feito ao gato e o que ele fez? Escolheu um copo todo rachado, fez pipi dentro e dando gargalhadas entregou o copo na mão divina. Conheço bem o gato e sei que ele jamais se comportaria conforme aquela antiga história. O cachorro, sim, bem-humorado faria tudo o que fez ao passo que o gato ouviria a ordem divina mas continuaria calmamente deitado na sua almofada, apenas olhando. Quando se cansasse de olhar, recolheria as patas no calor do peito assim como o chinês antigo recolhia as mãos nas mangas do quimono. Elegante. Calmo. E mergulharia no sono sem sonhos, gato sonha menos do que o cachorro que até dormindo parece mais com o homem. Outro ponto discutível: dando gargalhadas? Mas gato não dá gargalhadas, é o cachorro que ri abanando o rabo naquele jeito natural de manifestar alegria. Os meus cachorros – e tive tantos – chegavam mesmo a rolar de rir, a boca arreganhada até o último dente. O gato apenas sorri no ligeiro movimento de baixar as orelhas e apertar um pouco os olhos como se os ferisse a luz, esse o sorriso do gato. Secreto. E distante. Nem melhor nem pior do que o cachorro mas diferente. Fingido? Não, porque ele nem se dá ao trabalho de fingir. Preguiçoso, isso sim. Caviloso. Essa palavra saiu de moda mas deveria voltar porque não existe definição melhor para um felino. E para certas pessoas que falam pouco e olham muito. Cavilosidade sugere cuidado, afinal, cave é aquele recôncavo onde o vinho fica envelhecendo em silêncio, no escuro. Na cave o gato se esconde solitário, porque sabe do perigo das aproximações. Mas o cachorro, esse se revela e se expõe com inocência, Aqui estou!
Não sou poeira cósmica.
Não quero ser poeira cósmica.
Jamais serei poeira cósmica.
À parte isso,
trago em mim todo um universo empoeirado.
Hoje acordei com um incessante desejo de mudar o mundo.
Lembrei que as rochas, um dia, foram poeira.
Decidi, então, começar por mim mesma.
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