Poeira
No caminho da vida vamos tomando decisões, algumas pequenas e outras que levantam poeira e muitas vezes são nestas decisões que descobrimos que só depois do desespero vem a paz.
Somos insignificante partícula atômica da poeira cósmica, devidamente aglutinada em cadeias moleculares dotada de uma força chamada fôlego de vida.
Pelas beiradas do curral
a poeira verde levantava,
no arrastar da botina.
Arremate de quatro dias
de estio.
Antevi no revolto do tempo
que ele vaticinava chuva.
Aberta a derradeira cancela,
minha vista alcançou
no longe,
um véu esbranquiçado
de noiva virgem
entremeando os angicos.
Já molhava metade do alto.
Apurei meu passo sentindo
o sorriso que se desenhava
nos meus lábios.
Lá vem ela
colorir a pastaria
com a esperança das vacas.
Já vem ela
molhando de alegrias
os meus olhos pagãos.
E derramou.
Fiquei um tempo dentro da cabina da D20,
apreciando o barulho sonoro na lataria.
Vida de vaca
é felicidade à toa,
simpleza d'água,
ingenuidade de nuvem...
Sob a poeira do tempo, jaz imóvel tudo que outrora reluzia, imponente. Lembranças esparsas ao vento, epopeias submersas na lama do esquecimento. Quantas batalhas, derrotas e vitórias, espargidas ao vento. Agora, sozinho no obrigatório isolamento social e familiar, meu lamento é por tudo que deixei de fazer. Imperdoável adiamento. A locomotiva ficará imóvel, os vagões permanecerão estacionados, mas os trilhos continuarão por muitas décadas.
(Juares de Marcos Jardim - Santo André / São Paulo - SP)
(© J. M. Jardim - Direitos reservados - Lei Federal 9610/98)
Antes de você, eu te amei.
Te amo antes mesmo da poeira cósmica,
Antes mesmo do Big Bang,
Antes de haver o antes eo depois ser depois
Uma certa vez quando ainda nada existia, sentei com Deus para conversar sobre o amor, algo que me incomodava e até então nada servia a não ser para preencher um lugar escuro e vazio.
Deus disse que estudaria o caso!
Ele teve a ideia de fazer o primeiro Sol da maneira que acontecia em meu peito
Uma imensidão no tamanho onde poderia se ver em qualquer lugar da galáxia, algo que durasse bilhões de anos com um calor jamais visto neste universo,
Disse a Deus que o amor que eu tinha nunca morria,
Então Deus criou milhões de sóis para iluminar infinitamente o espaço,
Disse a Deus que meu amor era só um,
Então Deus disse que criaria algo único,
Nesse momento Deus criou você,
Eu olhei espantado e perguntei a Deus,
O Senhor criou algo além do meu amor? Como isso é possível?
Deus logo te deu dois olhos lindos e brilhantes como os das estrelas,
Disse também que refletia o meu amor,
Era metade de mim, daquilo que saia da minha alma, Ele disse que ocuparia e não incomodaria mais.
Perguntei a ELE se algum dia se apagaria,
Deus disse que enquanto minha metade refletisse a imensidão do amor que eu sentia,
eu nunca me perderia no escuro da minha alma.
Depois desse momento eu nunca mais me senti sozinho.
Eu fui dois em mim para preencher o que me faltava.
O que me faltava sempre foi VOCÊ.
Gabriel Murillo Lanzi
O vento balança a cortina cheia de poeira, sopra as teias de aranha na parede, em uma tarde de tédio, que venha a noite em breve. jsl
"Escuridão que absorve poeira cósmica, vai absorver falhas sistêmicas do meu amor? Escuridão que absorve fluido universal, vai absorver meu amor transversal por você? Escuridão que absorve espaçosideral, vai absorver meu amor multilateral por você? Então escuridão, absorveu minha galáxia, mas não vai asfixiar meu amor por você".
Na Estação.
Na estação não
havia senão o chão,
poeira de anos,
acumulados desenganos.
Intrigado percebi abismado
minha viagem adiada,
o trem de ferro, tornou-se
composição.
Aliviada a jornada
de forma indelicada,
solitária e desorganizada,
em uma outra conotação,
para continuarmos então.
Na ferrovia da imensidão,
os trilhos, filhos,
e a bagagem na mão.
Poderá alguém afirmar
onde é que esta estrada irá?
Certamente que sim.
A estrada está apenas lá,
o viajante decide onde ficar
ficaremos enfim,
vendo poeira e estrelas, beijos
da estrada sem fim.
Ontem saímos fomos a pé conversando e chutando as pedras que tinham na rua, e a poeira dos carro, eu olhava pra ela é me sentia bem de estar ao lado de uma pessoa imperfeita, mais tão maravilhosa, ela é incrível ela me dar conselhos sobre as merdas que eu fasso, sinto que tô mudando aos poucos, e espero muito que ela mude também hoje em dia nós faz coisas de casais coisas bobas .
monja de salto-agulha
encontra o teu destino
imola-te na laça poeira
do celeste e laço doce
uno absorvente e único
das infinitas cadências
porque virão galáxias
e cometas invisíveis
velar a mulher densa
untada do encarnado
quente e magmático
resplandecente corpo
onde a mulher morta
dá lugar ao vaticínio
há mil anos escrito
no sangue e no fogo
o universo ressurge
enquanto a deusa nasce
da kundalínica nébula
que os povos adorarão.
(Pedro Rodrigues de Menezes, "monja de salto-agulha")
Poema dedicado a Sheila
Poeira na estante
Saudade de um instante
Poesia no coração de Dante
Amante da vida
Sentimento em filtros
Sementes em vidros
Amores em vozes na cabeça
Dores que adormeça
Amor, não vá, a dor pode nos matar
Sei lá
Só quero escrever e não mais falar
Tudo acaba antes de começar
Desde o início eu tava la
Sem chances, mas com tade
Deus nos traz tempestades
E navegamos sobre ares
Saudade de um sentido do pôr da tarde
Reis e majestades
Fizemos artes sobre os olhares
Meu amor acordou tarde
A vontade se fez cedo
Acho que nosso mundo não tem enredo
Medo, saudade, saí atrasado, por isso hoje volto mais tarde, mas trouxe paz no olhar e histórias na sacola e endereço na sola
E carinho pra quem quiser me amar
Meu Brasil de Orixás
Levanta poeira
Gira roda gira,
Gira roda baiana
Verde e branco na avenida.
Vem meu amor,
Esse enredo é todo presente.
Os deuses ficam contentes
Com esse luau de esplendor.
Todos os diabos estão soltos,
Loucura é sinônimo de paixão,
Nanã é deusa da chuva,
Xangô é deus do trovão.
Omulu, o rei dos cemitérios
É a força da transformação,
Dono da vida e da morte
Me dê paz nesta vida de ilusão.
Quero ter o seu amor,
A magia começou.
No terreiro sou a gira,
Sou a raça multicor.
A caça é o vício de Oxossi,
É deus dos caçadores,
Protege a natureza generosa,
Aumenta a fartura de amores.
E por falar em amores,
Iansã se apaixonou por Xangô.
Sensualíssima e fogosa,
É tormento na avenida, Vem Quem Quer!
Vem quem quer meu pai Obá,
Vem girar ô mãe Nagô,
Quero ver você suar
Esse corpo de Oxalá.
Às vezes a morte é leve como a poeira. E a vida se confunde com um pó branco qualquer. Às vezes é uma fumaça adocicada enchendo o pulmão da gente.
Inanimar
Coração, Desligamento,
Respirar, Pause On,
Corpo foi matéria,
Agora, só poeira estelar,
Amor-Amar,
Afogou-se no aMAR,
Saudade agora,
Se era de amargar,
Será de sufocar.
Santos, 15 de setembro do ano de 2022
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