Poeira
Rainha do deserto (versão 2)
Pedras a rodeiam,
desenhando suas asas,
jogada num cinturão de poeira,
o sol drena a água das raízes,
sobre sua cabeça emulando uma coroa.
Calibres de areia se moldam,
sobre as curvas do corpo emulando um vestido.
A encapada flutua nas areias quentes do Saara,
o véu distorce ao vento,
até ladeira abaixo ornamentada.
Guiada por calangos e dromedários,
abutres e carcaças,
levando fé, paixão e garra,
ela é a rainha do deserto,
a cigana flamejante das terras
áridas e quentes,
escultura de areia que resiste as dunas,
a seca, as tempestades e a poeira,
na imensa vastidão desértica.
Você não olhava
Foi só um vislumbre
Dois anos atrás
Eu era chorume
Poeira estelar
Eu era faísca
Sujeira de ouvido
Eu fui seu amigo
E o seu carrasco
Fui tudo o que tinha
Retalho e maço
Antes das estrelas nascerem, elas são apenas poeira e gás, e só depois de se tornarem fortes, densas e fundirem seus elementos, elas se tornam estrelas.
É o mesmo que você precisa fazer com você, você precisa se fortalecer antes, você vai precisar se chocar com os seus próprios medos, vencer barreiras, se esbarrar com problemas e traumas do passado, passar por um processo de transformação, e, assim, a superação de todos esses elementos te fará mais forte, fortalecendo o seu coração.
É tanta descoberta, trabalho, dedicação e energia envolvida nesse processo que você passará a brilhar como uma estrela que finalmente estará se tornando uma — a estrela torna-se tal qual o que realmente é e o que nasceu para se tornar.
Somos
Todos
Estrelas
Perdidas
No céu
Não Vou Mais Lavar os Pratos
Não vou mais lavar os pratos.
Nem vou limpar a poeira dos móveis.
Sinto muito. Comecei a ler. Abri outro dia um livro
e uma semana depois decidi.
Não levo mais o lixo para a lixeira. Nem arrumo
a bagunça das folhas que caem no quintal.
Sinto muito.
Depois de ler percebi
a estética dos pratos, a estética dos traços, a ética,
A estática.
Olho minhas mãos quando mudam a página
dos livros, mãos bem mais macias que antes
e sinto que posso começar a ser a todo instante.
Sinto.
Qualquer coisa.
Não vou mais lavar. Nem levar. Seus tapetes
para lavar a seco. Tenho os olhos rasos d’água.
Sinto muito. Agora que comecei a ler quero entender.
O porquê, por quê? e o porquê.
Existem coisas. Eu li, e li, e li. Eu até sorri.
E deixei o feijão queimar...
Olha que feijão sempre demora para ficar pronto.
Considere que os tempos são outros...
Ah,
esqueci de dizer. Não vou mais.
Resolvi ficar um tempo comigo.
Resolvi ler sobre o que se passa conosco.
Você nem me espere. Você nem me chame. Não vou.
De tudo o que jamais li, de tudo o que jamais entendi,
você foi o que passou
Passou do limite, passou da medida,
passou do alfabeto.
Desalfabetizou.
Não vou mais lavar as coisas
e encobrir a verdadeira sujeira.
Nem limpar a poeira
e espalhar o pó daqui para lá e de lá pra cá.
Desinfetarei minhas mãos e não tocarei suas partes móveis.
Não tocarei no álcool.
Depois de tantos anos alfabetizada, aprendi a ler.
Depois de tanto tempo juntos, aprendi a separar
meu tênis do seu sapato,
minha gaveta das suas gravatas,
meu perfume do seu cheiro.
Minha tela da sua moldura.
Sendo assim, não lavo mais nada, e olho a sujeira
no fundo do copo.
Sempre chega o momento
de sacudir,
de investir,
de traduzir.
Não lavo mais pratos.
Li a assinatura da minha lei áurea
escrita em negro maiúsculo,
em letras tamanho 18, espaço duplo.
Aboli.
Não lavo mais os pratos
Quero travessas de prata,
Cozinha de luxo,
e joias de ouro. Legítimas.
Está decretada a lei áurea.
'QUANDO EU CRESCER...'
Abarcarei montanhas e mares de ausências, turbulência e poeira nos olhos tornar-se-ão verdadeiras. Ficará a saudade dos abrolhos nas plantas rasteiras exalando o que realmente seria a vida...
As lágrimas cor de sangue ficarão mais impetuosas e perceptíveis. Não haverá mais lugar para elas caírem ou mãos para agarrarem-nas nas pontas. O sol agora em ruínas tornar-se-á mais avassalador, dissecando dores e as poucas esperanças nas tempestades e dias sombrios...
Quando eu crescer, quero ter olhos de criança. Não o ser sem bonança que fizeram de mim: sem identidade própria e lugar no mundo, trancafiado numa caixa de pandora, respirando desvairados acasos e um amotinado de questões sem respostas ...
Tudo acontece lentamente quando se vai espichando o espírito. A coleta de sorrisos esparramados tornam-se resquícios, sem arco-íris. Quer-se acalanto, um mundo menos profano e de todos, sem metafísica...
Quando eu crescer, quero ser um casebre de palha, sem retratos pendurados nas janelas. Sem sequelas ou falas para reproduzir a harmonia passada. Tudo sem dualidades, sem metáforas que fazem da vida uma repetição desastrosa e colapsada. Eu nunca pedi para crescer! ...
O novo está se aproximando!
Vá tirando a poeira do passado e deixando o caminho aberto para realização de seus sonhos!
No caminho da vida vamos tomando decisões, algumas pequenas e outras que levantam poeira e muitas vezes são nestas decisões que descobrimos que só depois do desespero vem a paz.
Somos insignificante partícula atômica da poeira cósmica, devidamente aglutinada em cadeias moleculares dotada de uma força chamada fôlego de vida.
Na poeira suspensa pelo carro de boi a passar
ainda existe
pergunto eu
no ferro de brasa a passar
a roupa engomada pergunto eu
ainda existe
no mimiografo que copia o texto
pergunto eu ainda existe
e vi que o tempo passou e eu acordei...ainda apouco
Nesta poeira cósmica que é nosso planeta, já descobrimos quase nada frente ao que está encoberto…
Praticamos pouco frente ao que já conhecemos, porque desejamos obedecer bem menos do que poderíamos…
Quando entenderemos que não temos essa glória toda que costumamos nos dar?
"Aqui, além, pelo mundo
ossos, nomes, letras, poeira...
onde, os rostos? onde, as almas?
Nem os herdeiros recordam
rastro nenhum pelo chão (...)
choramos esse mistério
esse esquema sobre-humano
a força, o jogo, o acidente"
A Flor no campo perde a beleza,
quando coberta de poeira fica.
Sua formosura chora de tristeza,
toda vez que você briga.
Nas veredas da vida
A liberdade é poeira
Só os pensamentos voam
Os sonhos dançam com o vento...
Cada um constrói o seu cativeiro
E paga por cada segundo da existência
O custo da vida
É a própria vida...
Pelas beiradas do curral
a poeira verde levantava,
no arrastar da botina.
Arremate de quatro dias
de estio.
Antevi no revolto do tempo
que ele vaticinava chuva.
Aberta a derradeira cancela,
minha vista alcançou
no longe,
um véu esbranquiçado
de noiva virgem
entremeando os angicos.
Já molhava metade do alto.
Apurei meu passo sentindo
o sorriso que se desenhava
nos meus lábios.
Lá vem ela
colorir a pastaria
com a esperança das vacas.
Já vem ela
molhando de alegrias
os meus olhos pagãos.
E derramou.
Fiquei um tempo dentro da cabina da D20,
apreciando o barulho sonoro na lataria.
Vida de vaca
é felicidade à toa,
simpleza d'água,
ingenuidade de nuvem...
Mangueira, tira a poeira dos porões
Ô, abre alas pros teus heróis de barracões
Dos Brasis que se faz um país de Lecis, jamelões
(São verde e rosa, as multidões)
Brasil, meu nego
Deixa eu te contar
A história que a história não conta
O avesso do mesmo lugar
Na luta é que a gente se encontra
#POEIRA
Fim de noite...
De quem sou eu...
Um cigarro...a saideira...
Nem tão tonto...
Sem zueira...
Uma última catuaba...
Subir costurando...
Pela calçada...
Quando eu for...
Poeira no vento da madrugada...
De tudo serei um pouco...
E de pouco serei nada...
Sono chega de mansinho...
Saindo à francesa...
Devagarinho...
O tempo se encarrega de me cobrir...
Partirei só com a minha alma...
Tal qual como nasci...
Conversa demais...
Chega...
Não posso mais...
Que perfume é esse?
Que sinto agora...
Não condiz...
Com essa hora...
Homem cheiroso ...
Na madrugada...
Na hora vazia...
Balança tarda...
Já tô chato...
Melhor seguir um rastro...
Minha aldeia está morta..
Não se vê...
Nada nas sombras das casas...
Janela fechada não me protege da vida...
Em meu destino...
Esperança triste...
Me resta a saudade...
Linda assim...
Me entrego...
Menino sem medo...
Tudo vai ficar bem...
Seguir adiante...
Ave Maria...
Amém...
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