Pobres e Ricos
Pobreza nem sempre é falta de dinheiro, pobreza é um estado de espírito. Algumas pessoas tem dinheiro, mas não tem prosperidade. Trabalhar pela prosperidade é melhor que trabalhar para ganhar dinheiro. Conheço ricos miseráveis e infelizes e pessoas com pouca condição financeira prósperas e felizes. Algumas pessoas conseguem dividir o pouco que tem e outras pessoas guardam o que tem e vivem como se não tivessem nada.
O Santo Evangelho traduz que para sermos escolhidos, a riqueza é o que menos importa, pois é da pobreza que se faz a porta para o alvorecer
Todos os que se beneficiam de riquezas ilícitas quando escorregarem na nota mais preciosa da vida, logo estarão pagando um preço alto por recusarem as decisões corretas e transformadoras em suas pobrezas espirituais.
Que pena! No Brasil tem pobre tão pobre, que mataria outro pobre pela oportunidade de comer as migalhas de um rico.
Não há naufrágio mais medonho do que o do Pobre que naufraga no abismo das misérias, pelo prazer em comemorar a morte de um Rico.
Somente uma coisa me fascina: aquela em virtude da qual me sinto livre na sujeição, contente no sofrimento, rico na indigência e vivo na morte. Aquela em virtude da qual não invejo os que são servos na liberdade, sofrem no prazer, são pobres nas riquezas e mortos em vida, porque trazem no próprio corpo os grilhões que os prendem, no espírito o inferno que os oprime, na alma o erro que os debilita, na mente o letargo que os mata.
Ser petista tem muito mais vantagem...
Por exemplo: O conhecimento em história é automático e imediato! Do dia pra noite viro uma expert, já posso dar aulas sobre marxismo na rede estadual e chamar os outros de acéfalos.
Sou automaticamente boazinha, quase uma Che Guevara, mesmo sem fazer absolutamente NADA para os outros com meu próprio dinheiro.
Tudo isso só por defender um partido que faz socialismo com o dinheiro alheio e enriquece do capitalismo opressor enquanto seus adeptos continuam pobres, mas conseguem ir à disney parcelando em 12x no cartão...
Partiu virar petista!
O crítico critica, o policial protege, o professor ensina e o médico salva, mas o fofoqueiro está à espreita para falar mal dos quatro.
DECLARAÇÃO DE MALES
Ilmo. Sr. Diretor do Imposto de Renda.
Antes de tudo devo declarar que já estou, parceladamente, à venda.
Não sou rico nem pobre, como o Brasil, que também precisa de boa parte do meu dinheirinho.
Pago imposto de renda na fonte e no pelourinho.
Marchei em colégio interno durante seis anos mas nunca cheguei ao fim de nada, a não ser dos meus enganos.
Fui caixeiro. Fui redator. Fui bibliotecário.
Fui roteirista e vilão de cinema. Fui pegador de operário.
Já estive, sem diagnóstico, bem doente.
Fui acabando confuso e autocomplacente.
Deixei o futebol por causa do joelho.
Viver foi virando dever e entrei aos poucos no vermelho.
No Rio, que eu amava, o saldo devedor já há algum tempo que supera o saldo do meu amor.
Não posso beber tanto quanto mereço, pela fadiga do fígado e a contusão do preço.
Sou órfão de mãe excelente.
Outras doces amigas morreram de repente.
Não sei cantar. Não sei dançar.
A morte há de me dar o que fazer até chegar.
Uma vez quis viver em Paris até o fim, mas não sei grego nem latim.
Acho que devia ter estudado anatomia patológica ou pelo menos anatomia filológica.
Escrevo aos trancos e sem querer e há contudo orgulhos humilhantes no meu ser.
Será do avesso dos meus traços que faço o meu retrato?
Sou um insensato a buscar o concreto no abstrato.
Minha cosmovisão é míope, baça, impura, mas nada odiei, a não ser a injustiça e a impostura.
Não bebi os vinhos crespos que desejara, não me deitei sobre os sossegos verdes que acalentara.
Sou um narciso malcontente da minha imagem e jamais deixei de saber que vou de torna-viagem.
Não acredito nos relógios... the pule cast of throught... sou o que não sou (all that I am I am not).
Podia ter sido talvez um bom corredor de distância: correr até morrer era a euforia da minha infância.
O medo do inferno torceu as raízes gregas do meu psiquismo e só vi que as mãos prolongam a cabeça quando me perdera no egotismo.
Não creio contudo em myself.
Nem creio mais que possa revelar-me em other self.
Não soube buscar (em que céu?) o peso leve dos anjos e da divina medida.
Sou o próprio síndico de minha massa falida.
Não amei com suficiência o espaço e a cor.
Comi muita terra antes de abrir-me à flor.
Gosto dos peixes da Noruega, do caviar russo, das uvas de outra terra; meus amores pela minha são legião, mas vivem em guerra.
Fatigante é o ofício para quem oscila entre ferir e remir.
A onça montou em mim sem dizer aonde queria ir.
A burocracia e o barulho do mercado me exasperam num instante.
Decerto sou crucificado por ter amado mal meu semelhante.
Algum deus em mim persiste
mas não soube decidir entre a lua que vemos e a lua que existe.
Lobisomem, sou arrogante às sextas-feiras, menos quando é lua cheia.
Persistirá talvez também, ao rumor da tormenta, algum canto da sereia.
Deixei de subir ao que me faz falta, mas não por virtude: meu ouvido é fino e dói à menor mudança de altitude.
Não sei muito dos modernos e tenho receios da caverna de Platão: vivo num mundo de mentiras captadas pela minha televisão.
Jamais compreendi os estatutos da mente.
O mundo não é divertido, afortunadamente.
E mesmo o desengano talvez seja um engano.
Paulo Mendes Campos, in O amor acaba
RECIBO UM QUATRO QUATRO
Em dias tristes lembro-me daquela mãe:
O brilho no olhar
O coração apertado
A boca seca lambendo o sal
O pesar de não ter podido ir além.
Cinco bocas;
Cinco vidas;
Cinco histórias;
Cinco futuros;
Uma só certeza.
Tanta gana
Tanta esperança
Falta quase tudo!
Falta esperança.
Mas, não falta gana.
Lutando se esquece momentaneamente dos problemas
Algumas horas com a família
Alguns momentos com os amigos
Uns poucos segundos de felicidade
Uma vida inteira de necessidade e privação.
Sozinha, os sábados são intermináveis
É acometida pela tristeza
Momento de reflexão cruel.
Como se já não tivesse sofrido o bastante!
Ainda se martiriza, como pode?
Chega o domingo:
A esperança se renova
Crianças correm brincam se mostram
A mãe se esconde se perde se acha.
E esse brilho no olhar!
Olhar de quem protege
De quem cuida
De quem ilumina caminhos
Olhar cansado da vida inteira
Olhar cego a si mesmo.
O coração está trancado
Um paredão se ergueu
O frio das geleiras se instalou
Amar não é mais possível
O coração agoniza.
E de repente mãe!
Forte, triste, só;
Independente, feliz, solitária...
Pronta para tornar sua prole digna.
O princípio do verdadeiro luxo é ter conhecido o inverso. Um depende do outro. É preciso ser um pouco pobre para ser realmente rico. E vice-versa. Para suportar a pobreza, você precisa saber que a riqueza existe.
Muitos nascem em berços de ouro, mas depois não os emprestam e nem ajudam os seus desiguais a ter. Enquanto muitos que nem berço tiveram, procuram dar assistência e o mínimo de conforto aos seus iguais.
"Pobre mesmo é aquele que não tem nada para dar."
Com a modernidade da indústria funerária o provérbio italiano que dizia que "no fim do jogo rei e peão voltariam pra mesma caixa" foi alterado. Sim, hoje já existe a possibilidade da cremação. Eles sabem tudo e nós buscamos compreender. Detém a tecnologia mas não conseguem responder: Por que até pra ter um enterro digno se necessita de dinheiro? Sujeito teve o sonho de ser cremado um dia. Mas, era pobre.