Pobres e Ricos
DECLARAÇÃO DE MALES
Ilmo. Sr. Diretor do Imposto de Renda.
Antes de tudo devo declarar que já estou, parceladamente, à venda.
Não sou rico nem pobre, como o Brasil, que também precisa de boa parte do meu dinheirinho.
Pago imposto de renda na fonte e no pelourinho.
Marchei em colégio interno durante seis anos mas nunca cheguei ao fim de nada, a não ser dos meus enganos.
Fui caixeiro. Fui redator. Fui bibliotecário.
Fui roteirista e vilão de cinema. Fui pegador de operário.
Já estive, sem diagnóstico, bem doente.
Fui acabando confuso e autocomplacente.
Deixei o futebol por causa do joelho.
Viver foi virando dever e entrei aos poucos no vermelho.
No Rio, que eu amava, o saldo devedor já há algum tempo que supera o saldo do meu amor.
Não posso beber tanto quanto mereço, pela fadiga do fígado e a contusão do preço.
Sou órfão de mãe excelente.
Outras doces amigas morreram de repente.
Não sei cantar. Não sei dançar.
A morte há de me dar o que fazer até chegar.
Uma vez quis viver em Paris até o fim, mas não sei grego nem latim.
Acho que devia ter estudado anatomia patológica ou pelo menos anatomia filológica.
Escrevo aos trancos e sem querer e há contudo orgulhos humilhantes no meu ser.
Será do avesso dos meus traços que faço o meu retrato?
Sou um insensato a buscar o concreto no abstrato.
Minha cosmovisão é míope, baça, impura, mas nada odiei, a não ser a injustiça e a impostura.
Não bebi os vinhos crespos que desejara, não me deitei sobre os sossegos verdes que acalentara.
Sou um narciso malcontente da minha imagem e jamais deixei de saber que vou de torna-viagem.
Não acredito nos relógios... the pule cast of throught... sou o que não sou (all that I am I am not).
Podia ter sido talvez um bom corredor de distância: correr até morrer era a euforia da minha infância.
O medo do inferno torceu as raízes gregas do meu psiquismo e só vi que as mãos prolongam a cabeça quando me perdera no egotismo.
Não creio contudo em myself.
Nem creio mais que possa revelar-me em other self.
Não soube buscar (em que céu?) o peso leve dos anjos e da divina medida.
Sou o próprio síndico de minha massa falida.
Não amei com suficiência o espaço e a cor.
Comi muita terra antes de abrir-me à flor.
Gosto dos peixes da Noruega, do caviar russo, das uvas de outra terra; meus amores pela minha são legião, mas vivem em guerra.
Fatigante é o ofício para quem oscila entre ferir e remir.
A onça montou em mim sem dizer aonde queria ir.
A burocracia e o barulho do mercado me exasperam num instante.
Decerto sou crucificado por ter amado mal meu semelhante.
Algum deus em mim persiste
mas não soube decidir entre a lua que vemos e a lua que existe.
Lobisomem, sou arrogante às sextas-feiras, menos quando é lua cheia.
Persistirá talvez também, ao rumor da tormenta, algum canto da sereia.
Deixei de subir ao que me faz falta, mas não por virtude: meu ouvido é fino e dói à menor mudança de altitude.
Não sei muito dos modernos e tenho receios da caverna de Platão: vivo num mundo de mentiras captadas pela minha televisão.
Jamais compreendi os estatutos da mente.
O mundo não é divertido, afortunadamente.
E mesmo o desengano talvez seja um engano.
Paulo Mendes Campos, in O amor acaba
O princípio do verdadeiro luxo é ter conhecido o inverso. Um depende do outro. É preciso ser um pouco pobre para ser realmente rico. E vice-versa. Para suportar a pobreza, você precisa saber que a riqueza existe.
Somente uma coisa me fascina: aquela em virtude da qual me sinto livre na sujeição, contente no sofrimento, rico na indigência e vivo na morte. Aquela em virtude da qual não invejo os que são servos na liberdade, sofrem no prazer, são pobres nas riquezas e mortos em vida, porque trazem no próprio corpo os grilhões que os prendem, no espírito o inferno que os oprime, na alma o erro que os debilita, na mente o letargo que os mata.
O empresário e o seu empregado
O operário chegou ao seu patrão e perguntou-lhe:
- Meu patrão, com todo respeito, gostaria de lhe fazer uma pergunta: eu sou uma pessoa bonita, as mulheres me olham bastante, mas nunca recebo um convite dos amigos e nem de ninguém para participar de algo interessante. No entanto, percebo que o senhor é cheio de convites. Será que eu tenho algum defeito?
- Seu defeito é a falta de dinheiro. - Respondeu-lhe o seu chefe.
"Desde pequena ouvi
Que pra ser feliz
É preciso ter grana, um bom salário
Mas vejo o menor sorrir
Com o pé descalço
Até no lixão nasce flor, lembra?
Na miséria tem gente que é feliz
Divide espaço com a dor
Mas sabe cultivar o amor
Do alto de edifícios caros
Tem corpos caindo
Tem rostos sorrindo
Com a alma enferrujada
Dinheiro é bom
Mas não é tudo
Não preenche o vazio
Que os olhos não veem.
“A classe média é uma aberração econômica (porque é "rica" sem dinheiro); é uma aberração social (porque se vê como elite em relação aos miseráveis, mas é miserável em relação à elite); é uma aberração de grupo ou de classe (porque nunca deixou de ser classe proletária, mas se acredita classe megaempresária).”
Não conheço os caminhos do sucesso, pois não os tenho ainda, mas conheço os caminhos do fracasso pois é de lá que venho.
Com a modernidade da indústria funerária o provérbio italiano que dizia que "no fim do jogo rei e peão voltariam pra mesma caixa" foi alterado. Sim, hoje já existe a possibilidade da cremação. Eles sabem tudo e nós buscamos compreender. Detém a tecnologia mas não conseguem responder: Por que até pra ter um enterro digno se necessita de dinheiro? Sujeito teve o sonho de ser cremado um dia. Mas, era pobre.
O burguês utiliza o empregado para fazer o que não quer, o que não pode e o que não precisa: cuidar dos próprios filhos, da própria casa, do próprio jardim. Ele paga para não ter relação afetiva e se vangloria por dar emprego ao pobre. O pobre, coitado, aceita cuidar da família, da empresa, do carro, do corpo do burguês, enquanto sua própria família implora os cuidados do Estado. E o Estado - máquina insensível - está muito ocupado cuidando dos negócios do burguês, para cuidar das necessidades do pobre.
Os grandes que se entendam!
"Vejo tanta ignorância
Vejo tanta alienação
Brigas por times de futebol
Brigas por partidos e politicos
Gente perdendo a vida,
Gente se ferindo...
pura ignorância
puro fanatismo...
Enquanto os ignorantes brigam, os grandes estão rindo".
O MUNDO É CHATO
AS PESSOAS SÃO CHATAS
DEUS É CHATO
O DIABO É CHATO
OS ATEUS SÃO CHATOS
OS CRENTES SÃO CHATOS
TER FÉ É CHATO
SER RICO É CHATO
SER POBRE É CHATO
VIVER É CHATO
MORRER É CHATO
SER NOVO É CHATO
SER VELHO É CHATO
TUDO É TÃO SEM SENTIDO, MAIS MESMO ASSIM TEMOS QUE VIVER
NESSA CHATICE TODA, TENTANDO FAZER QUALQUER COISA CHATA, NO MEIO DE TANTA CHATICE.
Sua liberdade financeira não é determinada pela quantidade de dinheiro que possui, mas pela qualidade do poder que exerce sobre seu dinheiro
Do livro: "Não jogue seu dinheiro no ralo"
Não importa se sua situação financeira está boa ou ruim.
Para criar um futuro próspero, você precisa se planejar.