Pipa
Bons tempos aqueles em que meninos soltavam pipa e meninas adoravam bonecas. Hoje, eles preferem brincar entre si.
A vida não tem planejamentos. Ela é como o vento que muda o rumo da maré, carrega a pipa pra longe da gente e faz os ponteiros do relógio alterarem nossos planejamentos ao virar o tempo. A vida não se define, pois está sempre em eterna construção. É o inacabado, porém sempre completo. O incorreto, mas que acerta-nos entre os erros cometidos. A vida não tem explicação. São as chegadas que não trazem nada e as partidas que deixam tudo pelos cantos. É o que se acumula na alma, mas não pesa. Porque a vida é sempre leve se soubermos a levar com paz. Morre quem não sabe aproveita-la, é eterno quem cultiva o amor. A vida não tem lógica. É se ancorar com um balão, conhecer as nuvens no fundo do mar. Porque viver é saber que a lei da gravidade é somente o que inventaram pra gente não voar. Viver é planar sem planos, rimar sem rumos e amar sem amarguras. O curto espaço entre nascimento e óbito não é vida, estes são somente os anos. A verdadeira vida se estende no curto espaço de entrelaçar as mãos, abraçar uma alma ou beijar calorosamente quem a gente gosta. No curto espaço do infinito.
Sou moleca com ORGULHO! Jogo bola, empino pipa, jogo pega-pega faço tudo. Afinal, nunca vi algum manual sobre o que as meninas tem que fazer. ;)
A Odisseia do artista independente:
ser um artista independente é como tentar empinar uma pipa. sem ajuda do vento. sem a linha. e sem a pipa. o que seria mais rebelde que este ato altruísta?
o mundo dobrou a arte em um corpo frágil e sinistro. hoje em dia no universo artístico não é suficiente ter talento. o artista precisa ser barulhento, desafiar o mutismo e sacrificar a si, mesmo que contradiga sua identidade, ou afundará em silêncio.
Eu quero voltar...
mas sem lembrar de nada!
Redescobrir a alegria de fazer um pião rodar,
da pipa voar,
de se equilibrar,
pra patinar ou pedalar,
sentir aquele vento soprar,
os olhos lacrimejar,
de tanto vento no olhar.
Queria a amarelinha,
ir do céu ao inferno em um só brincar.
Ser polícia ou ladrão,
fugir pro que é bom,
sair na mão com um amigo e logo voltar e se abraçar.
A mãe chamar pra almoçar,
o pai, uma coca-cola comprar,
e depois, brincar de arrotar!
Logo, todos reaparecem e de rouba-bandeira voltamos o brincar...
agora, vamos ver quem faz o vira-estrela?
Ahh, isso é bobeira!...e corremos todos a gargalhar.
Agora, se sentar na sarjeta
e com tijolo o asfalto riscar.
Enquanto quem gosta de ti,
não para de te irritar.
Vendo isso, seu amigo que apronta,
vem logo se aproveitar,
e num rabisco bem rápido
um coração no asfalto ele vem desenhar,
e com meu nome no meio,
grita pra todos os distantes: Corre, vem olháh!!!
E eu, vermelho de raiva olho pr'aquela chata
e ela, sorri a suspirar?
Eu, busco lá no horizonte,
um motivo distante,
pra conseguir escapar,
daquele belo instante, que na verdade,
só queria admirar.
E do nada o assunto muda
e voltamos todos a brincar.
Então, o entardecer aparece
e como uma linda prece todos dizemos: Preciso entrar!
Aí, naquela calmaria, os olhares voltam a se cruzar...
É ela,
aquela chata que no mesmo caminho
o destino nos faz caminhar.
Na porta da casa dela,
ela me dá novamente, aquele lindo olhar.
E de um beijo de tchau,
confundindo o lado do rosto,
um toque leve entre os lábios se dá...
Eu, muito assustado,
só olho pro lado,
desviando o olhar.
Ela, muito mais esperta, mais um tchau quer me dar...
Dessa vez,
acertando no meio,
sem dúvidas ou receio,
deixamos o primeiro beijo rolar...
Por esses doces motivos, que eu queria voltar!
Não para reviver o passado, mas pra reviver o sonhar.
"Na minha infância fui quase um moleque; empinava pipa, jogava pião, bolinha de gude e andava de carrinho de rolimã.
Hoje sou quase uma mulher que empina a procura pelo ser amado, jogo minha cara a tapa, tento ganhar algumas bolinhas de carinho e tenho meu coração riscado pelo rolimã da vida".
Quando era menino soltava pipa,
Tentei conquistar seu coração.
Agora que cresci te comprei uma tulipa,
Mas saiba já, não sou mais um pra coleção.
Quando nascemos, queremos coisas de criança. Brincar, jogar bola, empinar pipa e desenhar. Quando alcançamos a bagunça que é a adolescência, choramos à toa, queremos beijar na boca, trocar confidências com os amigos e estarmos certos em tudo. Quando passamos dessa fase aborrecente, e nos transformamos em adultos (ou quase) deixamos tudo isso para trás. Vem a faculdade, o trabalho e mais algumas iguarias de responsabilidades, as coisas de crianças esquecidas, a adolescência soterrada. Vem a construção de uma família, os filhos e os netos. E a velhice? Ah, a velhice vem. Traz de volta a vontade de ser criança. Traz idas frequentes ao hospital, e a aproximação da família. Traz aquela nostalgia gostosa, aquela vontade de chupar um picolé, e se lambuzar sem medo de alguém estar olhando. Traz aquela frase à tona "Ah, na minha época..."
Hoje eu procurei no Céu
Uma pipa com a cor igual aquela
da qual nunca mais se ouviu falar
Tamanha era a dor da saudade
e tanta falta me fazem
todas aquelas amizades
Hoje sabem todos os que ficaram
Que somente os ventos prosperaram
O tempo passou lento
e foi levando, lentamente
Quase tudo. Tudo aquilo que fazia
A gente rir. Meu Deus, e a gente ria!
Ria, como não se ri hoje em dia
Hoje eu acho que a gente
Apenas cria algum argumento
Uma desculpa qualquer
Pra continuar aqui
Olhando pro Céu de vez em quando
e compreender
Que somente os ventos
Continuam no comando
Arrastando pra um lugar distante
todas aquelas pipas
todas aquelas lembranças
todos aqueles amigos
e todos aqueles sonhos
hoje antigos
Tão antigos quanto a infância.
Todo humano tem uma pipa enganchada em uma antena. Alguns têm coragem de se arriscar, balançar a antena com uma vara até ela soltar. Alguns olham e deixam-na lá, presa. Alguns esperam que um dia o vento nosso de cada dia, sabido como só ele é, solte e leve a pipa pra distante. Outros alguns deixam a ceda rasgar e perder toda cor e continuar presa na antena para sempre