Pétala
Tem gente que parece rosa.
Uma rosa é sempre uma"flor que se cheire". Mesmo quando está despetalada.
A felicidade não é locomotiva em disparada, descendo a ladeira prestes a nos atropelar. É pluma que gentilmente se assenta quase imperceptível na superfície macia de um coração leve.
Hoje, a vida me fez um convite. Sinceramente, não esperava! Me pegou de surpresa. Ainda estou tentando digerir os pensamentos que ecoaram em minha mente só em imaginar como será a realização daquilo que me convidaram a fazer. Fui convidado para ser jardineiro, adubar a terra que carrega consigo uma surpresa diferente em cada pétala que brota. Esse encontro aconteceu num belo jardim cheio de flores. Seria até redundância da minha parte em falar que esse jardim tem flores, porém, apesar de existir flores, cada uma carrega consigo outro jardim. E foi este jardim que fui convidado a conhecer que, por algum momento, ervas daninha tentaram destruir. Avistei várias flores, algumas em botão, outras irradiantes para o astro rei, algumas precisavam ser cuidadas, irrigadas, adubadas, colocadas para receber a luz do sol... Amei vê o florescer de cada uma: dos lírios às orquídeas, das rosas aos cravos, do girassol ao dente-de-leão. Elas estavam nas sombras da vida, mas quando as coloquei na luz da esperança, puderam exalar sua verdadeira beleza. Ao entardecer, me via entre as pétalas de cada flor e me deparo com as suas essências, seus pólens, as suas estruturas. Só então me dei conta que o convite inicial era para o cultivo do jardim que há em mim. Agora percebo o quão florido és e que posso cultivar e colher qualquer flor que eu desejar. Das flores que cultivo, transbordo de pétalas as veredas deste lindo e imenso jardim que faço morada. O encontro aconteceu num jardim, através de uma flor pude perceber. O encontro aconteceu em mim, através do meu eu pude florescer.
As estrelas com o céu de chuva são os versículos
mais lindos que Deus criou, porque cada gota
que cai é uma pétala de amor.
Minha Dahlia
Instigante como vestígios de uma ruína antiga
O vermelho nunca combinou tanto com seus olhos castanhos e sua pele amarela
Sempre se sentindo um pouco perdida e inundada
A complexidade voraz de tuas curvas limita
Há uma perca de brilho em teus olhos, minha Dahlia
O vigor é drenado por um coração confuso e o pedúnculo agora murcho se inclina, já não há vestígios de pétalas, mas ainda assim és bela e graciosa
Como um dia chuvoso e as folhagens no outono
Sei que irás definhar ao anoitecer, mas peça-o que esteja está noite com você.
Sou flor, rosa que despetala amor. Sou espinho, furo o que me provoca dor. Sou eu mesma, quando tu nada for. ⠀⠀
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