Pessoas Solitárias
Espero sobre a dor que corrói vejo o tempo rui e sobre lamentos solitários aguardo seu regresso
E sombras da tarde caminhará sobre o piso e os ventos tocaram um melodia andará sobreas calçadas folhas e flores e sobreas estações os olhos fitos na esquina onde você não mais andará
e na distancia dos anos outono cobrirá primaveras...
Meus olhos envelhecidos lembrará da dor de um adeus
Na alvura da alvorada o gosto do fel na melancolia, e na gastura que aranha a mente tateio a insegurança entrelaçada na alma,
e que no meu fim desaguará em terra seca minha alma chorosa e sobre meus ossos âmbar outros pisaram
E entre os tempos contaram como o amor nascera e sufocado no tempo adormeceram na lembrança empoeirado registrado no livros a dor do poeta sonhador.
O VOO DAS AVES
Homens têm que voar, mesmo que sejam:
Voos solitários como os do sabiá
Voos em revoadas como os das andorinhas
Voos saltitantes como os do tiziu
Voos em forma de V como os dos pelicanos
Voos velozes ou pairando no ar como os do beija flor.
Voos como os das gaivotas sobre o mar
Voos rasantes como os do gavião
Voos certeiros como os da águia
Voe! Se o céu é o limite, sozinhos ou em grupos, lentos ou rápidos, devemos explorá-lo!
O anel
Aos solitários a vida garante um vazio
Mas aos desafortunados a angústia
É ser um dos poucos entre muitos
O destino cruel guardado ao olho cego
Por tais águas escuras e calmas navego
Um redemoinho me agarra e expõe
A carapaça da ignorância é penetrada
O sussurro é uma arma suja e cruel
Ainda mais depois da verdade revelada
Guio a embarcação até outro porto
Meu esforço sequer valeu-me
Não foi a água que me fez morto
Mas a palavra que se desonrou
Trem do amor
Estamos na estação com dois corações solitários,
esperando um ao outro para embarcação.
Te pergunto agora, estás disposto a ir?
E embarcar neste trem que está dando sinal que vai parar, coração?
Ou preferes ficar e esperar a próxima vez?
Mas desde já te aviso, este trem pode passar daqui a pouco novamente, pode demorar anos, ou uma vida inteira. Não porque no caminho não tinha corações solitários querendo preencher uma cabine, mas porque o trem não passa todo dia.
Te pergunto mais uma vez, coração.
Queres entrar agora neste trem?
E embarcar comigo na cabine especial que a vida reservou pra nós?
Ou preferes ficar aí, dando um tempo?
A esperar que o trem do amor passe novamente.
Talvez consiga em outro trem uma cabine, quem sabe se não vai ser a do amor, mas também pode ser apenas a do conformismo, da complacência, da alegria, da paixão ou até do consolo. Ela pode ser cinza, verde, vermelha, que certezas podes ter?
Cuida, por que acho que o trem já estar parando, ta escutando o sinal, já estar avisando que vai estacionar, não demores a entrar e deixar vazio o teu lugar.
Porque o trem para, mas ele não espera, coração. Já ouviste dizer que ele é rápido, aproveita antes que o sinal seja de partida e não der mais tempo, porque nem mesmo para correr atrás esse tempo existe, pois trata-se de um trem.
Tenha certeza que este trem, se partir sem ti, vai vazio, porque deixaste um lugar desocupado, talvez seu bagageiro vai também vazio, sem tantas coisas para o futuro, quem sabe o trem do amor não consiga andar o mundo? E ocorra de passar novamente nesta estação, mas lamento dizer, a força dele não será mais a mesma, seus faróis já estarão fracos, suas portas quase enferrujadas para conseguir abrir, sua cabine rasgada, manchada, alguns pedaços remendados, ou vidros embaçados de rodar por essa vida e não encontrar o que preencher ou quem preencher o vazio que vai ficar hoje quando ele partir.
Mas, podes escolher agora, entre e embarque, porque com satisfação aviso, ele já parou na estação.
Posso te prever o que vai acontecer se embarcares comigo.
Daremos a volta ao mundo, quem sabe não passaremos por essa estação em umas dessas voltas da vida, mas vamos apenas olhar e apreciar outros corações tentando embarcar em um próximo trem. Por que o nosso vai estar com o bagageiro cheio de histórias e sem espaço pra mais uma mala, com as cabines ocupadas porque o bagageiro num coube tudo, e claro a cabine especial já estará preenchida, com dois corações, que já não mais são solitários, pois terão um ao outro.
Todos que são solitários são poetas, dentro de si, dentre os poucos que tiram o ser de dentro, há belas poesias.
"" ETERNO CORPOS ""
Nas madrugadas os solitários são felizes,os abandonados são infelizes, os apaixonados sonhadores e os amantes loucos conscientes sem noção de tempo e realidade, donos de todas razões principalmente das promessas de eterno amor por toda eternidade,
Dois corpos juntos se conhecendo não sabe nem dos seus próprios nomes,
Como tem noção do amanhã.
“Momentos solitários não são vazios, mas espaços ricos para reflexões profundas e mudanças significativas.”
Rafael Serradura, 2025
Não cultivemos relacionamentos só para nós mesmos, não sejamos solitários, porque os amigos são o consolo de Deus para nossa vida (Livro: Os encontros de Jesus - pessoas que foram transformadas por ele).
Monótonos sons de um violino que faz eco aos bosques solitários onde vagueio sem saber se acordo ou se e para sempre, sem saber para onde voltar ou para quem eu continuo temendo o obscuro mas me unindo a ele.
E na Selva de Pedra
Há falsos brilhantes e luz escondida.
Há muitos solitários acompanhados.
Há celebração utópica de vida em sepulcros caiados.
Há corpos de estômago farto, de alma faminta.
Há juras de amor em janelas mecânicas,
e corações torturados pelo nada.
Há medo de partir e deixar tesouros perecíveis,
Mas o medo que impede é o mesmo
Que dá coragem para silenciar em morte sonhos de luta.
Há jovens velhos e velhos jovens.
Há sangue de resistência e cale-se da impunidade.
Há rios que não matam a sede;
Sua fonte é a amargura, lágrimas que levam a dor daqueles que tiveram sua alma e esperança despedaçadas.
Há nascer e renascer.
Há morrer e deixar de existir.
E na Selva de Pedra...
1. A poesia só nasce quando estamos sozinhos, penabundeados ou solitários por escolha. Para bebês-poemas virem à luz, é necessário ser 1) jovem. Ou então ser 2) velho, porém manter o espírito jovem, ou livre, o que no fundo é a mesma coisa. Contudo, atenção: existe um tipo de amizade nesse período inicial da vida, baseada na descoberta do outro, e tal encontro (tão raro) costuma ser frutífero para a poesia. Dele nascem escolas poéticas, guerras entre escolas poéticas, poeticídios de todo gênero, a origem e o fim do mundo.
Os grãos dourados solitários se chocavam na areia do Atlântico. Meu coração solitário, em casa se sentiu... E ali adormeceu.
SOLIDÁRIOS & SOLITÁRIOS
Se ainda não leram o “Fenómeno Humano” do jesuíta e filósofo francês Pierre Chardin (1881-1955), recomendo vivamente. Teilhard de Chardin foi uma “persona non grata”, na sua época, tendo sido ostracizado pela Igreja, de um lado, e pela Ciência, do outro, e acabando por ser submetido ao exílio na China.
Só mais tarde, com João Paulo II, Bento XVI e, mais recentemente, pelo Papa Francisco, é que a sua obra foi reconhecida e citada.
Deixo-vos descobrir livremente o autor e a sua obra. Apenas desejo realçar uma simples e curta frase da sua autoria: “a alma humana é feita para não estar sozinha.”
De facto, não viemos a este mundo para nos sentirmos sós. Viemos, tal como todos os seres humanos, com uma força invisível que nos une. Uma certa magia grandiosa nos liga, nos prende e nos vincula. No fundo, acabamos por não estarmos sós. Como podemos sentir-nos sós, quando conhecemos o caminho similar e tão profundo da condição humana?
Hoje, com a pandemia que assola o mundo, sentimos que essa força tão viva, tão acesa e tão frágil está presente.
Cada vez estamos mais próximos uns dos outros, porque um mesmo desígnio anda a planar sobre as nossas almas. E cada vez mais sentimos a necessidade do calor humano, do abraço, do beijo, do olhar, do diálogo, da compreensão e da solidariedade de todos. Sentimos a necessidade profunda de dar e de receber, não de bens materiais, mas sim de afetos, de amor, de vida!
Hoje, começamos este caminho individual e global; esta aventura de nunca nos sentirmos sós, mas de nos sentirmos UNOS, mais do que nunca. Mais do que nunca!
A todos, os meus votos de uma encantadora caminhada, cheia de alegria e de esperança, nas vossas almas nunca sós.
2020, José Paulo Santos
#COVID19
Os solitários, antes, loucos que viviam sós. Os hipócritas, pessoas que fingem se amar e se escondem uns dos outros através de parentes e amigos. No confinamento, em suas casas, suportam-se e fingem se amar. Não há o que se preocupar, depois disso, vamos continuar vivendo de aparências.
A política séria, nos torna solitários perante a vida, porque aprendemos a viver sobre as suas pressões e, sobre as suas imposições.