Pessoas Sábias
O processo evolutivo conferiu à espécie humana um poder de conceitualizar e solucionar tão grandes que expulsaram-no do paraíso selvagem do tempo presente, arremessando-o em um limbo cíclico e infinito de conceitualizar e solucionar problemas, gerando novos problemas, ad infinitum.
E foi justamente Na tentativa de escapar desse ciclo que alguns homens precisaram desenvolver o amor e a compaixão de uma maneira nunca antes existente no mundo. Na busca de sua pacificação interior, o homem conseguiu contrapor seus próprios horrores internos cim um elemento inexplicável pela concepção materialista de evolução, que vem a ser o altruísmo genuíno.
Os animais endotérmicos gozam de Potenciais afetivos similares aos humanos, normalmente restritos ao seu grupo basicamente Como resposta necessária à sobrevivência. E para a felicidade deles, não desenvolveram nenhum tipo de carma cerebral como o homem. Assim, não lhes foi necessário desenvolver o altruísmo no nível que desenvolvemos (capaz de beneficiar muito além do seu grupo). A condição selvagem dos animais lhes submete a severos riscos e hostilidades, mas suas mentes regulares de certa forma os protegem, limitando seu sofrimento ao tempo e à quantidade inevitável. O homem conseguiu se cercar de seguranças e amenidades, mas se tornou vítima de sua compulsão solucionadora, que lhe tira a paz.
Assim que coisa singular aconteceu na relação doméstica entre homens e animais endotérmicos. Esses animais, quando expostos a um ambiente não-selvagem propiciado pelo homem (livres do permanente alerta pela sobrevivência e expostos a afetos favoráveis permanentes) incorporam o amor sem as contrapartidas do conceito e da dúvida. Ou seja, colhem o benefício simultâneo do cérebro equilibrado e do ambiente altruísta. Por isso percebemos o amor dos animais como diferenciado, e temos nesses animais a condição de seres elevados, capazes um amor puro e pacífico como nós homens não somos capazes de experimentar. Em outras palavras, se configuram nos seres reais mais próximos daquilo que nas representações ficcionais humanas São denominados como “Anjos”.
A fé e a ciência ocidentais me ensinaram que minha mente administra meu corpo. Os anos por sua vez me mostraram equivalente necessidade do corpo comandar a mente, epecialmente na letargia ou na hiperatividade desta.
As religiões abraâmicas compartilham de um velho mal: a minoria barulhenta e submissa a líderes perigosos
A maioria de nós participa simbolicamente da religião grega reformada. A crítica do fundador de cidade à religião grega e a crítica de Nietzsche a Sócrates contribuíram para o desenvolvimento dessa concepção reformada e simbólica da religião grega.
A crença é prima-irmã do preconceito. Bom seria que não as tivéssemos desde o início, visto que ambos só distorcem a realidade e uma vez inculcados são difíceis de remover.
A ideia de autossuficiência para um ser gregário como o humano é a falácia capitalista mais propriamente dita possível: finge trazer a verdade para lucrar em cima da infelicidade.
Como a fé cristã pode ser considerada fomentadora do amor quando é totalmente sua corruptora? (amar a Deus por medo do castigo, amar ao próximo esperando recompensa eterna, etc). Isto não é óbvio? A honestidade requer pequeno esforço intelectual, mas grande esforço voluntário.
A partir do ponto em que o homem começa a ter recursos singulares dentro da natureza, surge a necessidade dele se pautar por moralidade igualmente singular.
As religiões indo-orientais ensinam a via pacífica há milênios como método pragmático (e utilitário no sentido do menor sofrimento para o menor número de seres) que pode ser conseguido pela aptidão e/ou perseverança da mente e/ou do coração. Ou seja, vemos vários caminhos diferentes, mas todos requerem pureza e esforço interior. Já para a violência, suponho que basta deixar a medula espinhal nos comandar sem restrição superior.
Por trás de qualquer vantagem da consciência sobre a fé; da laicidade sobre a religião, e da ciência sobre a pseudo-ciência; existe no fundo uma só: estas se apresentam como meios viáveis de comunicação entre todos. Agora, se a comunicação de fato entre as pessoas não for possível, um breve apocalipse parece uma hipótese bem provável.
Os novos líderes do século XXI e parecem ser resultado dessa turbina tecnológica para a mais ancestral tragédia da política: “uma minoria mal intencionada reúne mais recursos para influenciar uma maioria de influenciáveis”. Porque afinal, além das propagandas lícitas, essa minoria se utiliza das “outras formas”. Esse fator, sozinho, já explicaria o absurdo de tantos líderes nacionais medonhos.