Pessoas Sábias
Num certo sentido, pode dizer-se que a sua vida era exemplar. Era desses homens que têm sempre a coragem dos bons sentimentos.
Depois disse-lhe muito rapidamente que lhe pedia perdão, que devia ter olhado por ela e que a tinha desprezado muito (...)
- Tudo correrá melhor quando voltares. Recomeçaremos.
-Sim - concordou ela, com os olhos brilhantes - recomeçaremos.
Um momento depois voltava-lhe as costas e olhava através da janela. (...) e, quando ela se virou, viu que tinha o rosto coberto de lágrimas.
-Não- pediu ele com ternura. (...)
Ela respirou profundamente.
- Vai-te embora, tudo há de correr bem. (...)
Abraçou-a e, no cais, agora do outro lado do vidro, já não lhe via senão o sorriso
- Tem cuidado contigo, peço-te.
Mas ela não podia ouvi-lo.
Havia os sentimentos comuns, como a separação ou o medo, mas continuavam a pôr-se em primeiro plano as preocupações pessoais. A maior parte era sobretudo sensível ao que perturbava os seus hábitos ou atingia os seus interesses.
... mas olhava de novo para a criança, que não tinha deixado de o fitar com o seu olhar grave e tranquilo. E de repente, sem transição, o pequeno sorriu-lhe, mostrando todos os dentes.
«Filhos que tinham vivido junto da mãe mal olhando para ela punham toda a inquietação e angústia numa ruga do seu rosto que se fixava na sua recordação. Esta separação brutal, sem meio termo, sem futuro previsível, deixava-nos perturbados, incapazes de reagir contra a lembrança dessa presença, ainda tão próxima e já tão distante, que ocupava agora os nossos dias»
"Impacientes do presente, inimigos do passado e privados do futuro, parecíamo-nos assim bastante com aqueles que a justiça ou o ódio humanos fazem viver atrás das grades".
O fascismo, na verdade, é o desprezo. Inversamente, qualquer forma de desprezo, se intervém na política, prepara ou instaura o fascismo.
"Na minha frente não havia uma única sombra, e cada objecto, cada ângulo, todas as curvas se desenhavam com uma pureza que me fazia mal aos olhos (...)
Não os ouvia, no entanto, e custava-me a acreditar que tivessem realidade"
"A noite, neste sítio, devia ser como que um melancólico período de tréguas. Hoje, o sol excessivo que fazia estremecer a paisagem, tornava-a deprimente e inumana"
"Compreendi que destruíra o equilíbrio do dia, o silêncio excepcional de uma praia onde havia sido feliz"
"Como o poderia eu saber, aliás, pois que além dos nossos corpos agora separados, nada nos ligava, nada nos lembrava um do outro"
"Compreendia muito bem que as pessoas me esquecessem depois da minha morte. Já não tinham nada a fazer comigo. Nem sequer podia dizer que me custava pensar em semelhante possibilidade. Não há, no fundo, nenhuma ideia a que não nos habituemos"
Nas palavras há, portanto, força e, alerta-nos o pensador Confúcio “sem conhecer a força das palavras é impossível conhecer os homens”, porque "quem não vê bem uma palavra não pode ver bem uma alma", como complementa o poeta português Fernando Pessoa.
A Justiça do bom pai
Zilu perguntou a Confúcio: "Quando devo colocar em prática o que aprendi?". Confúcio respondeu: "Ainda estou lhe ensinando. Por que essa impaciência? Espere a hora certa". No momento seguinte, Gonchi perguntou: "Quando devo colocar em prática as coisas que aprendi?". "imediatamente", respondeu Confúcio. "Mestre, o senhor não age com justiça", reclamou Zilu. "Gongchi sabe tanto quanto eu, e o senhor não o proibiu de agir". "Um bom pai conhece seus filhos", disse Confúcio. "Freia aquele que é ousado demais e empurra o que não sabe andar com as próprias pernas".
Vi uma frase de Confúcio:
“Uma vez passei todo dia pensando, sem comer nada, e toda noite pensando sem ir para cama, mas descobri que nada ganhei com isso. Teria sido melhor gastar o tempo estudando”
Destarte da frase conclui de que nada adianta ficar prevendo o futuro e imaginado nas consequências, se o pensamento não for fruto de transformação.
Confúcio anunciava "O pessimismo torna os homens cautelosos, enquanto, o otimismo torna os homens imprudentes."
E o excesso de confiança e esperança em nós mesmos nos destruiu. As tecnologias, os saberes humanos que tanto aglutinam, nos distanciaram definitivamente – Isolaram-nos numa bolha de orgulho e egoísmo, onde ninguém precisa de mais ninguém.
No fim tudo o que conhecemos se desfará. E quando da última 'crise de riso' alguém se despertar, descobrirá enfim: Nós causamos tudo isso! Destruímos nossas famílias, para acreditarmos em ilusões medíocres, para erguer bandeiras de ódio...; Fingir parecia ser tão divertido, todos fingem afinal.
Será tarde demais para entender que exagerar nos planos que fazemos para o futuro rouba de nós o presente; nos faz morrer sozinhos sem nenhuma boa lembrança da vida; sem sentimentos de honesta satisfação. E por fim, não haverá ninguém para velar nosso corpo frio, ninguém para regar nossas sementes, ninguém para alimentar o nosso cão.
Propus que o pulso
não fosse expulso da via
que o próprio Confúcio
em sua mente diria
pra dar posse a mera justiça precoce
da Terra, que não corre
e em meio ao ócio sua paz
sempre espera.
Confúcio, filósofo chinês, disse que uma imagem vale mais que mil palavras. Mas um poema pode valer mais que mil imagens.