Pessoa Linda

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Mas também acho que aquilo que é bom, e de verdade, e forte, e importante – coisa ou pessoa – na sua vida, isso não se perde. E aí lembro de Guimarães Rosa, quando dizia que “o que tem de ser tem muita força”. A gente não tem é que se assustar com as distâncias e os afastamentos que pintam. Mas, vantagens? Ah, isso também tem. A melhor delas é conhecer gente. Não tem coisa melhor (nem pior) do que gente. E, na minha opinião, não é plantado no mesmo lugar, caminhando sempre pelas mesmas ruas, repetindo ano após ano os mesmos programas, que você vai conhecer pessoas novas.

Enquanto tiver saúde vou rolando até encontrar qualquer coisa (ou pessoa) tão fantástica que me dê vontade de ficar ali para sempre.

Não adoro nem venero, mas gosto na medida sadia e humana em que uma pessoa pode gostar de outra. O resto é detalhe.

A pessoa erra, você a desculpa. A pessoa erra de novo, você a desculpa. Será que se você errasse uma vez sequer, a pessoa te desculparia?

Sempre fui o tipo de garota que perdoa, que não julga, faço de tudo para ver a outra pessoa feliz, não sei dar um fora em alguém quando penso que vou magoar a pessoa, sempre tento fazer de tudo para um relacionamento dar certo por mais que eu esteja odiando. Penso muito nas pessoas, talvez devo parar de pensar nos outros e pensar mais em mim...
Porquê este meu jeito de ser? O que eu ganho ?
Ganho pessoas que fazem o que querem comigo se aproveitando deste meu jeito, pessoas que me magoam e fazem meu dia ficar ainda pior, ganho lágrimas e sofrimentos. E depois que tudo isso passar, a pessoa volta a pedir perdão e eu como sempre volto a dar confiança.
O que será que acontece com as pessoas ao meu redor, aparentemente ninguém possui sentimento algum, a maioria não se importa.
Mas não posso fazer nada se sou o oposto da maioria.

No deserto, as frutas eram raras. Deus chamou um dos seus profetas, e disse:

- Cada pessoa só pode comer uma fruta por dia.

O costume foi obedecido por gerações, e a ecologia do local foi preservada. Como as frutas restantes davam sementes, outras árvores surgiram. Em breve, toda aquela região transformou-se num solo fértil, invejado pelas outras cidades.

O povo, porém, continuava comendo uma fruta por dia – fiel à recomendação que um antigo profeta tinha passado aos seus ancestrais. Além do mais, não deixava que os habitantes das outras aldeias se aproveitassem da farta colheita que acontecia todos os anos.

O resultado era um só: as frutas apodreciam no chão.

Deus chamou um novo profeta e disse:

- Deixe que comam as frutas que queiram. E peça que dividam a fartura com seus vizinhos.

O profeta chegou na cidade com a nova mensagem.

Mas terminou sendo apedrejado – já que o costume estava arraigado no coração e na mente de cada um dos habitantes.

Com o tempo, os jovens da aldeia começaram a questionar aquele costume bárbaro. Mas, como a tradição dos mais velhos era intocável, eles resolveram afastar-se da religião. Assim, podiam comer quantas frutas queriam, e dar o restante para os que necessitavam de alimento.

Na igreja local, só ficaram os que se achavam santos. Mas que, na verdade, eram pessoas incapazes de enxergar que o mundo se transforma, e que devemos nos transformar com ele.

Um fato: Você passa a ficar mais desastrado perto da pessoa que ama. É normal ou nervosismo?

Você me fez a pessoa mais feliz do mundo e depois sumiu. Por que?

Libertar uma pessoa pode levar menos de um minuto. Oprimi-la é trabalho para uma vida. Mais que as mentiras, o silêncio é que é a verdadeira arma letal das relações humanas.

Martha Medeiros
MEDEIROS, M. Doidas e Santas. Porto Alegre: L&PM, 2008.

Nota: Trecho da crônica "Falar"

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É a pior morte, a do amor. Porque a morte de uma pessoa é o fim estabilizado, é o retorno para o nada, uma definição que ninguém questiona. A morte de um amor, ao contrário, é viva. O rompimento mantém todos respirando: eu, você, a dor, a saudade, a mágoa, o desprezo - tudo segue. E ao mesmo tempo não existe mais o que existia antes.

Martha Medeiros
MEDEIROS, M. Fora de Mim. Rio de Janeiro: Editora Objetiva, 2010.

É este o dia certo para a pessoa certa, na hora certa: você é a pessoa certa, na hora certa, no dia certo. O resto é confusão mental. Por favor, queira ser feliz e lute por esse direito, a vitória só depende de você, não aceite migalhas!

Idealizar uma pessoa
é um dos maiores pecados que se pode cometer contra alguém.
Todos nós erramos e temos nossos defeitos. Não somos deuses:
Ser humano é reconhecer que o outro também é humano.

Honestamente, não gostaria de estar ao lado de uma pessoa que não tem nenhum interesse pela vida. Nem em evoluir. Tem coisa mais fútil que só olhar pra si mesmo?… Antes de amar alguém a gente admira essa pessoa. O jeito, o caráter, as qualidades, a forma como ri, sei lá. Qualquer coisinha vira coisona. Tudo é inspiração quando a gente ama.

O ser humano tem medo da morte porque tem medo da dor.
Não creio que uma pessoa em sã consciência
possa mesmo desejar que exista vida após a morte.

Cada pessoa tece a sua própria versão dos fatos. Cada um de nós tem uma maneira particular de perceber as coisas, e há diversos graus de intensidade no sentir, o que torna absolutamente infrutífera essa perseguição pelo senso comum.

Desânimo, a pior coisa que pode acontecer com uma pessoa, porque quando você desanima de algo, em consequência você desanima da vida, você desiste das coisas e das pessoas. E não há nada pior do que desistir delas, porque você desiste delas e, no fundo, já desistiu de você mesmo há muito tempo.

Uma pessoa tão boa e tão infeliz, que injustiça.

Sou mais escritora do que vivente, que uma pessoa que vive.
Naquilo que vivi, sou mais escritora do que alguém que vive.
É assim que eu me vejo.

Se soubesses da solidão desses meus primeiros passos. Não se parecia com a solidão de uma pessoa. Era como se eu já tivesse morrido e desse sozinha os primeiros passos em outra vida. E era como se a essa solidão chamassem de glória, e também eu sabia que era uma glória e tremia toda nessa glória divina primária que, não só eu não compreendia, como profundamente não a queria.

Clarice Lispector
A paixão segundo G. H. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.

Uma pessoa bondosa nos é prestativa quando precisamos mesmo quando sequer lhes pedimos ajuda.