Pessoa Admirável
Te amo,mesmo sabendo que só me amas com os lábios,mesmo sabendo que omites sinceridade para me agradar,mesmo sabendo que me tens como opção,mas amar-te não significa aceitar migalhas do seu amor,o quanto eu puder omitir esse amor,serei forte,quando não mais puder,não sei o que será de mim...
A nossa vida não tinha dentro. Éramos fora e outros. Desconhecíamo-
nos. como se houvéssemos aparecido às nossas almas
depois de uma viagem através de sonhos. . .
Tínhamo-nos esquecido do tempo, e o espaço imenso empequenara-
se-nos na atenção. Fora daquelas árvores próximas,
daquelas latadas afastadas, daqueles montes últimos no horizonte
haveria alguma cousa de real, de merecedor do olhar aberto
que se dá às cousas que existem?. . .
Na clepsidra da nossa imperfeição gotas regulares de sonho
marcavam horas irreais. . . Nada vale a pena, ó meu amor longínquo,
senão o saber como é suave saber que nada vale a pena. . .
E nós não nos perguntávamos para que
era aquilo que não era para nada.
Nós sabíamos ali. por uma intuição que por certo não tínhamos.
que este dolorido mundo onde seríamos dois, se existia,
era para além da linha externa onde as montanhas são hábitos
de formas, e para além dessa não havia nada. E era por causa
da contradição de saber isto que a nossa hora de ali era escura
como uma caverna em terra de supersticiosos, e o nosso senti-la
era estranho como um perfil de cidade mourisca contra um céu
de crepúsculo outonal.
SEGUNDA. - Talvez por não se sonhar bastante. . .
PRIMEIRA. - É possível. . . Não valeria então a pena fecharmo-
nos no sonho e esquecer a vida, para que a morte nos esquecesse?
. . .
SEGUNDA. - Não, minha irmã, nada vale a pena. . .
Não sei o que é isto, mas é o que sinto. . . Preciso dizer frases
confusas, um pouco longas, que custem a dizer. . . Não sentis
tudo isto como uma aranha enorme que nos tece de alma a
alma uma teia negra que nos prende?
SEGUNDA. - Não sinto nada... Sinto as minhas sensações
como uma coisa que se sente. . . Quem é que eu estou sendo?
. . . Quem é que está falando com a minha voz?. . . Ah.
escutai. ..
DOBRE
Peguei no meu coração
E pu-lo na minha mão
Olhei-o como quem olha
Grãos de areia ou uma folha.
Olhei-o pávido e absorto
Como quem sabe estar morto;
Com a alma só comovida
Do sonho e pouco da vida.
Fernando Pessoa, 1913
Há um tempo atrás eu sempre deixava as coisas pra amanhã, até que comecei
a fazer as coisas hoje. Então hoje eu colho o que plantei ontem.
Quadras
Morto hei de estar ao teu lado
sem o sentir nem saber
mesmo assim isso me basta
para ver um bem em morrer
Quando passo o dia inteiro
sem ver o meu amorzinho
corre um frio de janeiro
no junho do meu carinho
Teus olhos tristes parados
coisa nenhuma a fitar
ah meu amor,meu amor
se eu fora nenhum lugar
Adivinhei o que pensas
só por saber que não era
qualquer das coisas imensas
que a minha alma de ti espera
Vai alta a nuvem que passa
vai alto meu pensamento
que é escravo da tua alma]
como a lua o é do vento
Ambos á beira do poço
achamos que é muito fundo
deita-se a pedra e o que ouço
teu olhar que é meu mundo
todas as coisas que dizem
afinal não são verdades
mas se nos fazem felizes
isso é felicidade
Maldita seca que racha o chão de meu querido sertão
Que afasta seus filhos
Dor tão doida de deixar a terra natal
Terra tão querida
Ao mesmo tempo tão árida
Árida como os rostos que vejo nas janelas
A olhar o céu...
Procurando um rastro de chuva
Mas apenas o sol brilha vermelho no horizonte
Aquele céu azul, sem nuvens, nada de chuva!
Canta ao longe a Acauã...
A ema também deixa seu cantar
Cantos secos
O sertanejo a chorar
Terra amada sente tanto
Queira poder te chover , queria poder te molhar...
Canta ao longe a Acauã...
A ema também deixa seu cantar
Cantos secos
O sertanejo a chorar
Terra amada sente tanto
Queira poder te chover
Queria tanto molhar teus olhos
Sertão amado, seco esturricado
Mas não de amor...
Mas não de furor que move meu coração
Meu amado sertão...
Pelo tudo , pelo nada
Pelo sol do meio dia
Pela chuva fria
Pelo frio da noite
Pela flor do juazeiro
Nas asas de um rolinha
E no cantar da Acauã
Pela seca nos acerca
Pelas garras do carcará
Pór tudo que ainda somos
Por tudo que ainda seremos
Pelas contas de um rosário
Desfiado em louvor
A virgem Maria , ao Padre ´´Ciço`` a Deus Nossso Senhor
Um pedido a fazer
Pela distância tão malvada
Pela lua que vai nascer
Pela vida , tua e minha
Pela mente vazia de um sertanejo a sofrer
Pelo sim, pelo não
Pelo hoje e o amanhã
Pelo certo , pelo incerto
Pelo cordel do repentista
Pelo chorar da sanfona de Gonzaga a cantar
´´A todo mundo eu dou psiu , Sabiá ``...
Pelos versos de um poeta
Pela réstia da janela , a luz de uma estrela clarear
Pelos sons do maracatu
Pelas ruas de Olinda
Pelas pontes de Recife
Por ti meu amor
Gritarei aos sete cantos , aos sete mares
Que és minha sétima maravilha
Por todo canto eu direi...
Por toda eterninade
Para sempre te amarei .
Eu adoro o seu sorriso enquanto meus dedos entre-lassados em seus cabelos te puxam para mim. Sua boca fria se aproxima enquanto o seu olhar penetrante e indecifrável me distrai. Os teus braços me envolvem e me pressionam contra o seu corpo, e automaticamente meu coração bate mais rápido e irregular. E então, em uma fração de segundos, o beijo vai ficando mais lento, suas mãos subindo da minha cintura até minha nuca. Adoro quando segura meu queixo com delicadeza e levemente se afasta. E por um instante, pressiona mais uma vez seus lábios, agora quentes nos meus, e me olha tão profundamente que, por alguns segundos esqueço-me de como respirar. É breve, é intenso, é a melhor sensação do mundo.