Pés de Criança

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A escrita da criança não resulta de simples cópia de um modelo externo, mas é um processo de construção pessoal.

Uma criança mimada nunca ama a sua mãe.

Vazia é a casa sem uma criança.

A verdadeira pergunta é inocente e é por isso mais própria da criança. A resposta perdeu já a inocência e é assim mais própria do adulto.

Vergílio Ferreira
FERREIRA, V., Pensar, Bertrand, 1992

Rosto no vidro
uma criança eterna
olha o vazio

Só um gênio conseguiria inventar um vidro de aspirinas impossível de ser aberto por uma criança que consegue fazer funcionar um gravador de vídeo.

A vida não dá o que espera dela a criança caprichosa mas apenas o que lhe arrancam à força os corajosos e os audaciosos.

Ampara e ajuda a todos, desde a criança desvalida, necessitada de arrimo e luz para o coração, até o peregrino sem teto, hóspede errante das árvores do caminho.

Somente a curiosidade não envelhece conosco e fica sempre criança.

Deve-se o maior respeito à criança.

Quimonos secando
ao sol. Oh, aquela manguinha
da criança morta!

A criança dita e o homem escreve.

Quero tornar-me aquilo que sou: uma criança feita de luz.

criança traquina
saltita atrás dos pássaros
natureza em flor.

A criança responde às impressões que as coisas lhe causam com gestos dirigidos a elas.

Desejaria que houvesse o cuidado de lhe escolher [à criança] um condutor [preceptor] que antes tivesse a cabeça bem feita do que muito cheia.

Quer se trate de um animal ou de uma criança, convencer é enfraquecer.

Chuva de primavera -
Uma criança
Ensina o gato a dançar.

Sonho que sou Alguém cá neste mundo...
Aquela de saber vasto e profundo,
Aos pés de quem a Terra anda curvada!

O Inseto
Das tuas ancas aos teus pés
quero fazer uma longa viagem.

Sou mais pequeno que um inseto.

Percorro estas colinas,
são da cor da aveia,
têm trilhos estreitos
que só eu conheço,
centímetros queimados,
pálidas perspectivas.

Há aqui um monte.
Nunca dele sairei.
Oh que musgo gigante!
E uma cratera, uma rosa
de fogo umedecido!

Pelas tuas pernas desço
tecendo uma espiral
ou adormecendo na viagem
e alcanço os teus joelhos
duma dureza redonda
como os ásperos cumes
dum claro continente.

Para teus pés resvalo
para as oito aberturas
dos teus dedos agudos,
lentos, peninsulares,
e deles para o vazio
do lençol branco
caio, procurando cego
e faminto teu contorno
de vaso escaldante!