Pés de Criança
Tempo em que um sorriso se fez estático num rosto, e os pés pareciam não pisar o chão, a brisa que encostava o corpo era como pétalas de rosas caindo e chocando-se a terra... e aí... qualquer coisa ou nada... duas coisas tão insignificantes diante da indefinição que se pode por um ser humano a loucura dentro do seu próprio eu. Uma coisa chamada vida, uma vida dentro de um corpo que se dilacera aos poucos, quando tudo parecia calmo, essa vida se torna presente, mas distante ao mesmo tempo, e assim, dessa forma meio louca de passar o tempo, a vida vai caminhando... caminhando em passos incertos enquanto a indefinição toma conta desse eu, que não sabe como agir, mas sabe que pra se entregar a um relacionamento, é preciso mesmo estar muito certo disso. Evitar sofrimento pra ambos os lados, entendendo que cada um vive aquilo que tem que viver, talvez pra crescer e criar maturidade suficiente pra viver a história que Deus escreveu... no entanto, como dizia Cazuza "o tempo não para"... tomara que por conta do tempo não se perca a chance de viver aquilo que Deus escreveu, mesmo porque não sabemos o que ele escreveu, mas sim que com certeza algo nos espera em algum lugar, em algum momento... que não estejamos cegos no momento que isso acontecer.
Nossos pés...
São quem constroem as nossas estradas.
Galgam escadas...
E chegam-se aos nossos sonhos!
A Realidade é a verdade mais presente e envolvente... feita da mais intolerável e sublime razão.Apresenta-se desnuda, visível, inflexível. Não usa ornamentos, nem disfarces e a todos coloca com os pés no chão.
Que pés no chão que nada! Essa vida é pra sonhar, que é a nossa maior força pra alcançar a felicidade e, de fato, viver.
Dançando Com Você
Quando
danço com você…
Meus pés alcançam
a plenitude do meu corpo.
E me leva de encontro
ao seu corpo
desejoso de mim!
Que logo,
se estremesse
com um toque meu…
Descalçar os pés de toda a influência, do grande orgulho, do demorado egoísmo não é algo fácil, nem tão rápido quanto ao fato simples e físico de colocar os pés no chão, sentir a umidade, sentir a terra, a grama, a areia ou a água fazendo uma conexão direta com o sentimento de pertencimento ao nada.
Colocar os pés descalços no chão bruto sem interferência é um novo momento, é redescobrir-se em meio à falta de autoconhecimento que permeia nossos relacionamentos. É renovar as energias com a natureza, é sentir o criador através da criação, é libertar-se da prisão de barreiras que há entre o realmente importante e o simples desconcertante que toca a alma.
Pés descalços é sinal de contato, de libertação sim, mas principalmente de despir-se novamente e entender que se do pó viemos ao pó voltaremos. Nada se leva daqui, mas deixar-se existir, quando não se respira mais é um dom que muitos alcançaram em sua plenitude.
Descalçar os pés também é baixar as bandeiras que às vezes defendemos sem nem conhecer a essência, é lutar pelo povo, é lutar para que coisas simples e necessárias sejam reais e não causem tanto desconforto numa sociedade do “ter”.
Colocar os pés no chão é mostrar que estamos aqui, desapegando de tudo para nos apegarmos ao que somos e voltar às raízes do que éramos mostrando ao mundo o que seremos quando valorizarmos a natureza, o respeito ao próximo, o amor próprio e a fé em Deus.
Querem descalçar os pés? Mantenham por perto sua família, seus melhores amigos e os novos amigos que a vida lhe traz, mas não abdique de um tempo sozinho para fazer uma leitura de um livro, assistir a um filme ou uma boa cantoria ao chuveiro. Sorria e cante quando a vida lhe disser um não, chore, extravase, corra e grite quando a vida lhe disser um sim, dedique mais as suas emoções em coisas boas. Faça uma viagem ao invés de comprar um aparelho de TV mais moderno, ao invés de olhar todos os capítulos de uma novela porque você próprio não escreve uma, ou melhor, junte sua família na hora do jantar, pergunte-lhes como foi o dia, conversem, se amem. Seja satisfeito com o que tens, com as pessoas que vês, sejam simples, sonhem com os pés no chão, mas as mãos nas nuvens.
Muitas pessoas hoje estão andando por aí com um belo e importado calçado. Talvez muito apertado e de um modo que as machuque. Elas não conseguem mais tirá-lo. Elas não o podem. Aquele calçado está preso como se fosse parte dos pés. Eu escolhi andar de pés descalços.