Pés de Criança

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Precisava ser apenas – terra. E quanto a esta, todos a têm sob os pés. Era tão estranho sentir-se viver sobre uma coisa viva.

Clarice Lispector
A descoberta do mundo. Rio de Janeiro: Rocco, 1999.

Nota: Trecho da crônica Doçura da terra.

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Inserida por thaseries

Foi, pois, assim que o explorador descobriu, toda em pé e a seus pés, a coisa humana menor que existe. Seu coração bateu porque esmeralda nenhuma é tão rara. Nem os ensinamentos dos sábios da Índia são tão raros. Nem o homem mais rico do mundo já pôs olhos sobre tanta estranha graça. Ali estava uma mulher que a gulodice do mais fino sonho jamais pudera imaginar. Foi então que o explorador disse, timidamente e com uma delicadeza de sentimentos de que sua esposa jamais o julgaria capaz:
– Você é Pequena Flor.

Clarice Lispector
Laços de família. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.

Nota: Trecho do conto A menor mulher do mundo.

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Inserida por Emilize

...e não se esqueça de que a terra gosta de sentir os seus pés e de que o vento anseia por brincar com seus cabelos.

Inserida por jeanrosana

Sapatilhas da Alma!

São fabricadas como um calçado normal, um pouco exóticas, porém sem sentindo nenhum, pois é no mínimo estranho alguém calçar algo com um gesso na ponta, com madeira na sola... Só passam a ter sentido quando são colocadas nos pés e tomam vida e são usadas por “princesas”, “fadas”, “cisnes”... Mas ao mesmo tempo em que proporcionam magia, trazem realidade, machucados, dores, bolhas... Coisas que você antes não deixava nenhum calçado fazer com seus pés, mas as sapatilhas são diferentes, porque elas machucam os pés, mas curam a alma.
Há pessoas que irão achar que é fácil, que não dói. Quando você fizer alguém pensar dessa forma, é porque está a usando corretamente, pois não é apenas coloca-la nos pés, você tem que coloca-las com a consciência que elas vão te levar para outro mundo, esquecer o que vive.
O momento certo de começar a usar uma, é quando a pessoa não quer usar para poder se sentir bailarina, mas quando já se sente uma bailarina, e é. Quando olha para ela depois de uma apresentação e percebe que ela vale muito mais do que foi pago, vê que ela não fez ficar nas pontas dos pés, mas sim que a fez voar.
Muitas vão olhar para elas guardadas no armário por não usarem mais, e irão lembrar-se de todos os sentimentos que sentiram ao usá-las, porque elas não “guardaram” seus pés, mas sim suas memórias, mesmo que velhas que rasgadas. Você pode ver fotos, vídeos com ótima qualidade, mas só sentirá como foi, o que sentiu, quando tocar nelas, porque sem elas você nunca teria sido uma princesa, você continuaria achando que liberdade era andar descalça.
As sapatilhas não tem pé direito nem esquerdo porque não foram feitas para os pés, foram feitas para o coração usar.

Pés, não me falhem agora
Leve-me para a linha de chegada
Todo o meu coração se rompe a cada passo que eu dou.

É para isso que servem os livros. Para viajar sem sair do lugar.

Jhumpa Lahiri
O xará. São Paulo: Globo, 2014.

Sob o Domínio da Arte

Todo amanhecer para bailarinos é complicado. O chão que você não sente ao pisar, as pernas que doem, as bolhas que perturbam... Seu corpo te dá bom dia estalando.
É uma relação de amor e ódio com a dor. É inevitável não se viciar nessas dores diárias que fazem questão de te lembrar sempre que você é bailarino. É um desgaste com sabor de trabalho.
E nunca vai parar. Tem dia que dói menos, tem dia que dói mais. Lembrando que me refiro ao corpo, pois se for avaliar o coração de um bailarino, perceberá que não existem feridas, porque não se deixa ferir.
Você entrega seu amor ao ballet sem medo, pois tem a certeza de que ele não te abandonará. Seu coração vai estar sob o domínio da arte, em troca você receberá algumas bolhas sim, feridas, lesões; mas prefiro um corpo dolorido à um coração machucado.
Todos chegam à aula reclamando das dores, às vezes até choram, mas no fundo sabem que fazem parte da sua felicidade, sabem que quando um dia não as sentirem mais, sentirão falta.
E acredito que sem as dores os aplausos não seriam tão gratificantes, com sonoridade de superação, e com uma sensação de orgulho, por nunca desistir.
E quando for reclamar da dor, substitua o semblante triste por um sorriso, porque se você não estivesse com ela, o ballet não estaria com você.

Ela é um poema com pés

Se por acaso você
não conseguir caminhar,
se seus pés enfraquecerem,
se a estrada se alongar,
Sempre haverá um alguém
capaz de lhe carregar.

Bráulio Bessa
Um carinho na alma. Rio de Janeiro: Sextante, 2019.

Nota: Trecho do poema Sempre haverá um alguém.

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Bailarina

Não quero
mais o seu amor!
Não quero
mais ficar nas
pontas dos pés,
para alcançar
o seu coração.
Quero ser apenas, eu!
A bailarina que
você esqueceu.
Mas que ainda
hoje continua
a dançar...
Porque essa
é realmente
a minha paixão.

Bailarinas

Bailarinas são seres maravilhosos.

Elas conseguem fazer um movimento delicado sem deixar transparecer o esforço que é preciso para exercê-lo;

Suas lindas sapatilhas escondem horas de dedicação á treinos pesados, que resultam em pés surrados e calejados;

Com a dor elas se acostumam para poder dançar sem descer da ponta dos pés, mantendo sempre o sorriso no rosto e a cabeça erguida até o fim do espetáculo;

Por esses e muitos outros fatores vejo algo de especial nas bailarinas, visto que por trás de tanto encanto e sedução nos olhares da platéia, há garotas nos camarins enfaixando seus pés com esparadrapo para amenizar a dor e mais uma música dançar.

Todos esses sacrifícios com o simples objetivo: ter a liberdade de sonhar e ser feliz, exercendo a sua própria paixão.

A felicidade é uma menina simples. Anda por aí sorridente com seu vestidinho de flores, pés descalços e laço de fita no cabelo. Chega sem fazer alarde e da mesma forma se vai sem que ninguém a veja.

Assim é a vida, num momento estamos aqui deslumbrados, sonhando, loucos, à espera de algo que nem sempre é o que parece. Mas a solidão, o abandono, nos faz crer, nos faz chegar mais perto, nos faz sonhar, acreditar. E em apenas um instante acordamos, percebemos, nos damos conta de que aquele não é nosso lugar, e acordados, percebemos que tudo aquilo que nos fez acreditar não passou de um lindo sonho, e, de volta a realidade, seguimos, machucados, cansados, desesperançosos, mas com os pés no chão.

Pessoas guiadas pelos pés, seguindo seus sonhos, deixam pegadas.

Já não sei se são meus pés que movem o mundo, ou o mundo que move meus pés. A direção que escolho é o rumo dos ventos. De manhã vou para onde o Sol nasce. A tarde, para onde se põe a dormir. E a noite, me sento para admirar no mar o reflexo da minha história que sopra aos pés da Minha Lua.

Quando a sua partida é mais desejada que a chegada, se faz a hora de descalçar os pés, sentir a areia no chão e seguir sem olhar pra trás. Feliz é aquele que pode recomeçar todas às vezes que o sol ameaçar em parar de brilhar.

Quero ir mais fundo
Leva-me mais perto
Onde eu Te encontro
No lugar secreto
Aos Teus pés, me rendo
Pois a Tua glória quero ver

Eu estava de pés descalços e foi assim que o verdadeiro amor me pegou.

DE CORPO E ALMA

Pés ligeiros, às vezes , cabeças vazias.
Mãos ágeis, pensamentos a mil;
Braços fortes, mentes fracas,
Respostas rápidas, discernimento pobre.

Pensar em voz alta, alma inquieta;
Olhar distante, perdido no tempo;
Corpo ereto, decisão tomada.
E cabeça alta, opinião formada!

Passos largo, pressa nas causas;
Passos curtos, mente despreocupada;
Plantado no chão, indecisão...
Ajoelhado, entrega total da alma!

Chutando pedras, complementado,
Apontando o dedo, ameaçando;
Mão no queixo, nada pra fazer....
O tempo todo, não se disfarça
Em algum momento se embaraça.

Vibre com as simples conquistas, voe se quiser voar... Mas quando alçar vôos mais altos, volte a colocar os pés no chão!