Pés
Qualquer lugar que seus pés tocarem se torna uma passarela. E vc? Tão bela, há pouco te observava em meio a uma platéia. Não possuo ingresso pra contemplar embora gostaria muito, poder comprar? Quaisquer distância, tempo, direito, de assim cm essas multidões de rostos a te cercar, poder finalmente mostrar, estou aqui, por ti, sempre, a te esperar?
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Estrada longa
estende-se longa
essa estrada que me sonda.
hiberna a anaconda
meus olhos foram além,
meus pés ainda não a têm.
Claudete P Soares
QUANDO TE SONHO
Quando me aposso da noite do sonho,
Os pés do mar correm em ondas,
E querem se aformosear em teus passos.
Tornam-se seixos encravados em tua espera.
Na terra os braços do vento te acariciam.
Matizam-se de cores para ornar teu ventre.
Tua boca me incita,
Ao não desver o querer imaginado.
Não desperto. Cubro-me de ousadia.
Continuo te inventando,
Antes que desenleie o dia da saudade,
Entre uma e outra possível eternidade.
Um dia ela olhou para trás, e viu que precisava tirar as sandálias e molhar seus pés, deixar que a lama a sujasse outra vez. Não importava como sairia dali, se teria como tirar a lama dos pés. Ela só queria poder sentir o frescor da simplicidade da infância outra vez.
Deita-te em meu leito
Permita-me beijar teus pés
E acariciar delicadamente teu corpo
O perfume das flôres de pequi confunde-se com o do teu cabelo
Caliandra, a Ciganinha, enriquece o contorno dos teus seios
Os velhos Ipês e Flamboyants são as testemunhas desse momento
O "diz que diz" do vento em suas folhas e o refrigério da correnteza das minhas águas
Parecem saudar tua presença
Deita teu corpo em meu abraço
Descansa em meu regaço
E me faça feliz...
Eu ando descalço..
Pra saber onde piso...
Pra me manter vivo.
Eu ando descalço
De ilusões e sofrimentos
Piso bem, piso limpo
Sem devaneios , sem sustos
Sigo meus instintos ..
Memória (microconto)
Tinha seis anos quando a conheci. Sorri, descobri, corri, comi, ouvi histórias ao redor do fogo. Sua voz me aquecia o coração. Vê velhinha! Eu cresci! Mas meus pés continuam sujos de chão.
Não há caminho
Enfrente os teus próprios medos, obstáculos, desertos ou pedras: que o caminho se fará debaixo dos teus pés.
A Bíblia narra histórias que parecem surreais e inacreditáveis, como atravessar um deserto em quarenta anos; sobreviver numa fornalha ardente; abrir rios e mares; caminhar sobre as águas ou transformar a água em vinho.
A mensagem viva que se extrai da letra que é morta, diz que não importa a dificuldade: se tivermos um desejo ou uma necessidade, temos que enfrentar os nossos próprios desertos, fornalhas, pedras, rios, mares profundos ou apenas o medo e os obstáculos.
Maria tinha um desejo de entrar no sepulcro (não era uma necessidade), mas ela sabia que tinha uma pedra na porta.
Moisés sabia que tinha um mar pela frente (atravessá-lo era uma necessidade).
Eles poderiam ter desistido, sem tentar, porque não tinham como remover a pedra ou atravessar o mar, mas optaram por seguir em frente.
É isso! Ainda que não haja um caminho, ele se faz debaixo dos nossos pés.
Não dê play neste ano somente com o pé direito e sim com os dois pés, confiante e seguro dos passos a trilhar, dos caminhos a percorrer, das voltas a fazer;
Não será fácil, mas não será impossível, precisarás de perseverança e força de vontade, para fazer o que precisa ser feito, mesmo sem ter o mínimo de vontade. É preciso começar, dar os primeiros passos e continuar, o resto? Não se preocupe, de os passos e os dias te darão os sinais das melhores rotas para chegar...
Dia de chuva...
Estrada molhada...
Vento frio...
Sigo as curvas do rio.
Descalço meus pés
Sigo com fé
As pedras do caminho...
Não me ferirão os espinhos.
O vento me desequilibra
Meu corpo nem liga
A chuva um açoite
Termina o dia... começa a noite.
Não há estrelas no céu
O que me cobre é só um negro véu
Não posso parar
Continuo... lágrimas pelo meu rosto a rolar.
Chuva sagrada
A lavar mais uma alma desgraçada
Tremo de medo... ou é de frio?
Não importa...
A vida é torta...
Continuo até do fim encontrar a porta.
E fim... deste frio em mim...
Ou será o começo de um frio escuro eterno que jamais terá fim?
Não importam os ásperos caminhos,
nem as beiradas de abismos sem a luz,
nossos pés descalços seguem seus passinhos,
pisando pedras, sem senti-las, a poesia nos conduz...
Pés descalços,
Calçados,
Com chinelo, coturno, tênis, tamanco,
Sapato de salto alto, sandália, e bota de falso couro,
E o que mais se tem nestes metros quadrados,
É pé rapado meu senhor dos desafortunados,
Sujos, soltos, cansados, presos e amarrados,
Me socorre de tanta pisadura dura,
Que nossa alma quase desgraçada,
Está descalça e sem doçura,
Se eu quiser andar e os meus pés não poderem me seguir então me manterei estática, pois meus pés já não me obedecem.
Se eu quiser pensar e minha mente me enganar então serei louca, pois meus pensamentos se tornaram rebeldes.
A certeza é a maior dúvida que pode existir.
Se os meus olhos podem te tocar, minhas mãos já não me servem pra nada, pois meu maior desejo é tocar você.
Entenda uma coisa: Você anda com os seus próprios pés e faz suas escolhas. Não culpe ninguém pelo que vive ou se você não consegue sair de onde se encontra.
Pés cansados
Procuraste exatidão
Sucumbiu em cansaço
Aventuras não solucionaram
Apatia desse opaco sentido
Ser em vão
Sem verdade, não há nada.
O passado é como nossas costas; foram feitas longe de nossos olhos para que não precisemos olhar para trás. O futuro é como um horizonte; ainda não o enxergamos, portanto, não precisamos cobiçá-lo. E o presente, como nossos pés. Eles apontam para frente, pois é para onde devemos seguir.