Pés
Diário querido, hoje fraturei uma parte muito importante do meu corpo. O que me impressionou nas pessoas foi o fato de não me perguntarem se estava bem, se eu queria ajuda. Foi a desumanidade delas apenas por não ter sangrado. Sangue não houve, mas aqui dentro de mim parece ter passado um furação, uma onda tão grande que arrastou e jogou tudo pro alto. Estivesse caindo muito nesses últimos meses, acho que o mundo nunca esteve ao meu lado. Posso dizer que tentei ir em diversos médicos, tomar vários remédios para tirar a dor e de nada adiantou. Uma dor forte que provoca ânsias de vômitos terríveis e me joga para dentro de casa no escuro de meu quarto. Que me derruba na cama e me bate, me espanca. Que tira meu folego e arranca lágrimas. Essa droga de coração está batendo lento, sinto que está ameaçando parar. Mas já dizia os velhos sábios; ninguém morre de amor. O que mata é o que sobra dele. Maldito coração, apronta e quem sofre sou eu. E o pior, é que se ele voltar te ver amanhã, vai se apaixonar novamente. Mal se cura de uma ressaca e já é risco de querer tomar mais doses dessa droga de amor. Acho que ando precisando isolar, trancafiar meu coração, quem sabe assim consegue aprender ter mais amor próprio antes de tentar se aventurar por ai sabendo que o resultado vai ser um belo de um tombo.
Vamos mudar de ares?
Moldamos nossos corpos às nossas roupas,
nossos pés aos nossos calçados,
ficamos acostumados...
Não nos arriscamos,
não nos aventuramos,
não nos expomos,
simplesmente nos habituamos.
Isso é bom ou é ruim?
Depende:
Quando há perigo à vista...
mas quem não arrisca também não petisca ;)
Creio que o ideal seria que durante a nossa curta permanência por aqui, tratássemos bem todas as pessoas, mas não nos apegássemos em demasia a ninguém. Embora fosse o mesmo que pedir para que as pessoas não amassem por inteiro e sim pela metade. A vida pode ser resumida em dois momentos: o encontro e a despedida!
Meu tempo de criança.
As plantinhas dos pés no chão, já ao acordar, roupa remendada; porém limpa. Batata assada no borralho do fogão, broa de fubá e café,era a merenda matutina antes de ir à escola. Que delícia! ia com os coleguinhas cantarolando e conversando. Bornal no ombro, carregando os caderninhos, lapes partido ao meio; pois a outra metade para o irmão. A
realidade era esta. Outro pedaço de lapes,só ganharia quando não dava mais para segurar. Com carinho guardava e não perdia. Naquele tempo a professora era a segunda mãe, e era respeitada. Os ensinamentos eram feitos com todo amor, e o salário era apenas para sobreviver. O pais apoiavam todo corpo docente da escola.
No jardim da infância, aprendi ler, escrever, e fazer as primeiras continhas.
Nesta tenra idade, com nove anos, após chegar da escola, almoçava e ia ajudar o pai na roça. De pés descalços, com enxadinha no ombro subia e descia colina, até chegar ao milharal. O sol a pino, meio dia,era o início da jornada.
À noite estudava e fazia a lição com luz de lamparina.
Às vinte horas mais ou menos, meu pai contava estorinha antes de ir dormir, juntamente com outros irmãos. Que pai maravilhoso! A mamãe fazia broa e café para cearmos. Muitas vezes antes de deitar, socávamos arroz, ou debulhávamos milho à mão, para no dia seguinte ter o que alimentar. Com tudo isto, vivíamos felizes. Estudava, trabalhava e brincava. Nos finais de semana, tinha mais tempo livre para brincar.
Hoje as crianças têm tudo. Têm tempo de sobra para fazer coisas erradas. Não podem trabalhar, ou mesmo ajudar os pais; mas podem vender drogas e outras mais. Não podem ganhar um tapa dos pais, mas quando crescem podem apanhar da polícia. Que inversão de valores!. Eu era feliz e não sabia...
Homem, conte as lágrimas de uma mulher! A mulher não foi feita dos pés para ser pisada, não foi feita dos braços e das mãos para ser maltratada, mas das costelas e do coração para ser amada.
As soluções geralmente não resolvem problemas, são apenas patamares para firmarmos os pés e saltarmos `a busca de novos problemas.
Quem se preoculpa demasiadamente com as coisas terrenas, nunca derramará aos pés de jesus um perfume valiosissimo.
Desamarrei os cadarços, tirei os calçados!, coloquei meus pés no chão de terra fofa e macia!
Sentei-me de fronte ao Sol que se punha lindo e majestoso, depois de nos ter iluminado mais um dia!
Desamarrei também tudo que me prendia aquele momento, respirei fundo! e alí pude me sentir eu... depois de tanto tempo!
Parei de almejar coisas quais meus braços não alcançariam; e comecei observar o que a vida já havia colocado na palma das minhas mãos!
Quantas coisas! tão minhas... tão acessíveis, e quão feliz fiquei..quão feliz estou!
Obrigado! Universo Vivo e composto de uma única força e um único Criador!
Não tem algo mais gratificante que sentir-se, testado! experimentado, e observado por essa força maior!
Daqui pra frente meu coração pulsa firme no presente! e eu não quero nada mais que isso! De nada valeu-me viver de passado ou futuro!
Tudo obra de criação mental! O Prazer de viver está no agora!
E ser feliz consiste apenas em bater asas! e voar em direção do que já foi elaborado por Deus.
Se o salto da Cinderela não cabe no seus pés, não calce-os.
O calo que ele irá lhe fazer, será mais doloroso do que andar com os pés descalços.
Davi e os Leões
Venha!
Caminhe os pés no caminho
Não fique triste e parado sozinho
Ponha os pés para correr
Corra para apanhar
As metades alheias
Do mundo e das coisas
As danças que seu corpo ainda precisa mover
Precisa se conceder
Para começar a receber
Aquilo que faz o ser
Crescer
Aprenda a revigorar-se na luz da lua
Aprenda a anestesiar a dor
Com a sua própria cura
A vida é leoa na rua
Eu sou Davi
Seja Davi
Enfrentando os vilões
Vamos entrar juntos
Dentro desta cova de leões.
Viva!
Corra com os pés no caminho
E tire-os do caminho
Quando se atirar em águas
Rasas ou fundas
Mas claras de conhecimento
Salgadas de divertimento
Mergulhe sem consentimento
No misterioso mar que é seu ser.
Venha Viver!
Viva minha vida comigo
Me faça sorrir no abrigo
Mesmo embaixo do sereno
Sou teu amigo
Teu amigo mulher
Faça do teu riso o que quiser
Desespere!
Sorria e nunca espere
Que o riso venha com o vento
Pois o vento só leva as razões
Que existem para sorrir
Faça no teu rosto um cata-vento
Junte os meus sorrisos com os seus
Eu sou Davi
Seja Davi
Mesmo que que queiras chorar
Por inúmeras razões
Venha sorrir comigo para os leões.
No silêncio... que calas tantas vozes...
Me mantém refém...
Consigo sentir energias, vultos, pessoas...
Vejo e identifico palavras nas vozes que não ouço...
No silenciar... desta noite... como tantas...
Sinto teu coração...Sinto teu amor.
Penso, como deverá ser o som...
Sinto todos os sons, o pulsar, a energia.
Vejo que sou livre. Sinto que sei viver.
Incrível como pessoas que moram longe de você te dão mais valor do que as pessoas que te conhece pessoalmente.
Siga teus pés por esta estrada. É preciso continuar e de preferência, deixando marcas como sinal de que por aqui não passastes em vão.
Se não pode ajudar, ao menos tenha a ombridade de não atrapalhar a vida alheia! As pessoas têm o péssimo hábito de julgar os outros como se fossem peças de uma vitrine em comércio. Somos seres imperfeitos e cometemos erros.
Respeite!
Não era fácil me fazer mudar de opinião,
Pois mesmo sabendo que deveria ter os
Pés no chão, eu não sabia como fazer pra
Mudar o que conhecia e gostava até então,
Afinal, como levar pra outro lugar à emoção
Do céu que ao léu tinha nascido, crescido e
Permanecido sem motivo no meu coração?
Guria da Poesia Gaúcha