Perigoso
Como é perigoso libertar um povo que prefere a escravidão!
Nota: Tradução adaptada de um trecho do capítulo 27 do terceiro livro da obra "História de Florença".Trecho original em italiano: "tardi avvedutisi quanto sia pericoloso volere fare libero un popolo che voglia in ogni modo essere servo".
...MaisViver (...) é muito perigoso. (...) Porque aprender-a-viver é que é o viver, mesmo. (...) Travessia perigosa, mas é a da vida. Sertão que se alteia e se abaixa. (...) O mais difícil não é um ser bom e proceder honesto; dificultoso, mesmo, é um saber definido o que quer, e ter o poder de ir até no rabo da palavra.
Tenho medo de escrever. É tão perigoso. Quem tentou, sabe. Perigo de mexer no que está oculto – e o mundo não está à tona, está oculto em suas raízes submersas em profundidades do mar. Para escrever tenho que me colocar no vazio. Neste vazio é que existo intuitivamente. Mas é um vazio terrivelmente perigoso: dele arranco sangue. Sou um escritor que tem medo da cilada das palavras: as palavras que digo escondem outras – quais? talvez as diga. Escrever é uma pedra lançada no poço fundo.
Eu tenho tanto medo de ser eu. Sou tão perigoso. Me deram um nome e me alienaram de mim.
Busque agir para o bem, enquanto você dispõe de tempo. É perigoso guardar uma cabeça cheia de sonhos, com as mãos e o coração desocupados.
Perigoso é a gente se aprisionar no que nos ensinaram como certo e nunca mais se libertar, correndo o risco de não saber mais viver sem um manual de instruções.
O mais perigoso tipo de ateísmo não é o ateísmo teórico, mas o ateísmo prático. Este é o mais perigoso tipo. E o mundo, e mesmo a igreja, está repleta de pessoas que prestam culto com os lábios em lugar de um culto com a vida.
Viver – não é? – é muito perigoso. Porque ainda não se sabe. Porque aprender-a-viver é que é o viver mesmo.
É perigoso ter razão em assuntos sobre os quais as autoridades estabelecidas estão erradas.
Mostrar cólera e ódio nas palavras ou no semblante é inútil, perigoso, imprudente, ridículo e comum. Não devemos mostrar a nossa cólera ou o nosso ódio senão por meio de atos; e estes podem ser praticados tanto mais perfeitamente quanto mais perfeitamente tivermos evitado os primeiros. Os animais de sangue frio são os únicos que têm veneno.
Se o teu beijo doesse e torturasse,
transmitisse um veneno e uma doença,
inoculasse o germe da descrença
e destruísse a fé que não renasce!
Se o teu beijo ferisse e condenasse,
fosse um pecado, um crime e uma sentença;
se eu te beijasse e, numa angústia imensa,
fosse ficando negro de uma face!
Se o teu beijo deixasse ferida
e meus lábios sangrassem toda a vida
e eu tombasse murchando sobre o pó...
Tu serias o horror de toda a gente!
Mas eu te ampararia docemente
e pediria, em troca, um beijo, um só!