Perdão de Irmão
Assim como Deus não plantou a vinha chamada Israel para dar uvas bravas, não escolheu sua igreja para obras da carne!
E quem nunca errou?#11;
Me diga alguém que nunca errou
e que não tenha defeitos...
Nós precisamos reconhecer que somos
e o nosso próximo também é humano,
ser imperfeito!
Deus, ser perfeito,
Ele perdoa...
A mulher adúltera não morreu mas não foi lhe dito que o que fazia não era pecado, então os pecados na Lei ainda são pecados na Graça mesmo que não lhes apliquem a morte física!
Caniço rachado
Às vezes tenho vontade de acabar de quebrar
O galho que só se sustenta pela casca.
Nem mesmo sua aparência dissimula mais.
Mente que está ligado à raiz,
Mente que dele algo ainda brotará.
Então me lembro do caniço rachado
Na Bíblia citado...
"Ele não quebrará o caniço rachado,
Nem apagará a chama que fumega..."
É hora de recordar as tantas vezes
Em que o caniço era eu
Em que minha chama era só fumaça.
Melhor deixar o galho pela casca atado
Quem pode saber o que vem do tempo e da graça?
Se aguçar com jeito o olhar,
Possível será, bem na rachadura,
Ver o novo broto a despontar!
Um dia é preciso deixar para trás
As pequenas maldades da infância
E as crueldades da juventude.
Aquele que você foi ontem
Não compreendia a dor do outro.
Perdoe-se pelo que fez.
O perdão foi feito
Para dar também a si.
Acostumar com o errado, nos incapacita de forma doente pelo erro e nos vitimiza como coitados. A esperança atrofia e nos distancia de qualquer possibilidade do acerto para vivermos um dia, pelas melhores mudanças felizes que merecemos naturalmente por vida.
Nunca mais fico de bem.
Vez ou outra, na minha infância, eu escutava alguém dizer: "vou ficar de mal! Nunca mais fico de bem". Achava isso bem estranho; ficava pensando o que seria esse 'de mal'. Fato é que não entendia aquela fala. Até porque, como geralmente vinha da boca de uma criança, depois de poucos minutos, uma chamava a outra para "voltar a ficar de bem". Lembro que nunca fiquei de mal. Por volta dos 8 anos, tive uma discussão com umas amigas e fui embora pra casa. Não tinham se passado nem 15 minutos quando elas foram me chamar para jogar queimada. Não havia em mim um só resquício de irritação. Nem nelas.
Mas, lá com uns 13 anos, voltando de ônibus da escola, uma de minhas amigas que cresceu e estudou comigo entre os 7 e 9 anos, começou a me instigar, falando que a escola dela era milhões de vezes melhor que a minha. Tivemos uma discussãozinha de adolescente, em que eu fiquei curtindo com ela, levando-a na brincadeira, e, no final, ela ficou bem brava. Foi uma tolice, porque foi a primeira vez que alguém ficou de mal de mim. E o afastamento que veio em seguida foi bem doloroso. Nunca deixei de gostar dela, mas não a procurei para pedir que voltássemos a ficar de bem, nem ela a mim. Só fomos voltar a trocar algumas palavras quando já éramos adultas, casadas, com filhos. Não é lamentável?
Depois disso, aprendi o que era ficar de mal; é deixar o mal crescer dentro da gente; é perder aquela virtude infantil de sentir o valor do outro. É óbvio que o outro não deixou de ser querido; é óbvio que gostaríamos de reatar os laços; mas deixamos o rancor ir crescendo, permitimos que ele vá dando um sabor amargo nas lembranças antes tão doces ou tão bem temperadas. Tantas aventuras, gargalhadas, travessuras que nem nos permitimos mais ventilar na memória... Agora estamos de mal.
Antes fossem só as crianças que ficassem de mal; elas sim, sabem fazer isso do jeito certo! Jovens e adultos perdem a linha, esquecem como se faz. Para a criança, o outro é o que importa, porque nem mesmo consegue distinguir de fato onde é que termina o eu para começar o outro. Esse é o tempo em que se é um com o outro. Não é adorável?
Então começamos a crescer, nos individualizamos. Sabemo-nos separados e assim nos fazemos. Cada um para o seu lado e se há motivos para discussões, e sempre há, agora pode haver também a separação sem volta. De uma grande e linda amizade pode ficar apenas uma dor no peito de quem não teve o amor pueril que chama a crescerem juntos.
Isso acontece porque, em algum ponto, entendemos que o outro se apequena. Não somos mais um com ele, agora somos mais. Quando o olhamos, ou dele lembramos, maior que ele está aquilo que nos irritou, chateou ou indignou; e isso toma uma proporção maior do que o valor do outro. É importante perceber o quanto isso é sério e é fácil entender se exemplificarmos usando uma cédula de valor.
No Brasil, a cédula de maior valor é a de 100 reais. Pois bem, se acharmos uma cédula suja de barro, ou com um pequeno rasgo, ou toda amassada, embolada, ainda assim nos alegraremos pela sorte de tê-la achado. Independentemente do seu estado, ela não perde o seu valor. Com as pessoas deveria acontecer exatamente assim: a pessoa tem o seu valor e não o perde por ter-nos feito algo que nos entristeceu. Jogá-la fora, 'matá-la' em nossa vida, querer nunca tê-la conhecido é, para mim, um dos maiores males que pode existir entre as pessoas. É mesmo algo comparável à morte; tão ou mais doloroso que ela.
Quando vejo amigos se afastando com o tom de até nunca mais, ou um tempo próximo ao nunca, dói em mim. Quanta estupidez! Quanta vida jogada fora! Lembro da parábola do filho pródigo. Sim, porque aquele filho ficou de mal do pai. O pai não; este nunca guardou rancor pelas intempéries do filho. Com certeza, ficou muito triste, muito chateado; mas rancoroso, jamais. E, desde então, sua vida foi esperar o seu retorno, esperar para poder o abraçar novamente. Claro que seguiu a vida fazendo o que devia fazer e amando todos os seus. Mas vivia à espera do filho que nunca deixara de amar.
Penso que eu 'puxei' isso do Pai. Não sei ficar de mal. Nunca soube e espero jamais aprender. Fico sim irada vez ou outra, e me derramo feito lava de vulcão. Mas passada a erupção, mal lembro do que a causou. Tantas feitas, uma questão qualquer que poderia ser resolvida de uma maneira mais amena. Tantas vezes tenho de pedir perdão... Mas ficar de mal, isso não é pra mim. Continuo achando estranho como da primeira vez que alguém falou isso perto de mim. Só que naquela época não doía, até porque nem era sério. Hoje, no mundo adulto, o 'ficar de mal' é uma terrível doença; é um grande mal. É a própria doença do mundo!
Eu confio em você. Mas se, por algum motivo, você de fato tiver feito algo errado, precisa olhar para trás e pedir perdão.
Quando te encontro
Me sinto numa montanha de
Sentimentos não ditos e
Frases mal faladas.
A voz sufoca na garganta...
E eu me calo...
Sufocado na covardia
De não te pedir perdão.
Quem bem sabe perdoar-te
bem sabe amar-te e
entende o quão o erro é
percorrer até ao verdadeiro amor
-Mbuvane
Entre o preconceito e o pecado
Há mais de 2000 anos, quando o ego dos escribas e fariseus preconceituosos queria o apedrejamento de uma mulher adúltera, o Mestre da Sabedoria disse assim:
“Aquele que dentre vós está sem pecado seja o primeiro que atire a pedra contra ela” (Jo 8.7).
Depois dessa perfeita argumentação, nenhum acusador conseguiu permanecer naquele lugar. Somente ficaram Jesus e a mulher. E o Mestre da Sensibilidade continuou perguntando:
“Mulher, onde estão aqueles teus acusadores? Ninguém te condenou? E ela disse: Ninguém, Senhor. E disse-lhe Jesus: Nem eu também te condeno; vai-te e não peques mais.” (Jo 8.10-11).
Por fim, o Mestre do Amor ofereceu misericórdia sem, no entanto, endossar o pecado daquela mulher. O Mestre da vida ofereceu perdão, mostrando um novo caminho a seguir debaixo da sua maravilhosa graça e livre do poder do pecado.
O autoperdão se manifesta por três elementos: o processo de arrependimento, arcar com as consequências do erro e a reparação. Somente assim nos libertarmos da culpa e adquirimos a paz de consciência.
Livro: Inteligência Consciencial - a conquista da autonomia da consciência
O coração nutre a saudade toda vez que a razão decide que o melhor é ficar longe. A razão dá lugar a uma nova razão quando é o coração que decide.
Porque está tão longe de mim?
Porque o escárnio de tuas palavras vazias me assolam dia e noite?
Porque há de se levantar sobre mim chuva e vento, e mesmo assim, não consigo me ver liberto da sua frieza?
Porque o relvado se torna cinza enquanto tua pele brilha como o sol?
Onde foi que eu errei?
Porque não me perdoas de uma vez se o mandamento dEle é esse?
Porque não tira de sobre mim esse fardo que só tu podes tirar?
Haverá um dia em que te amarei sem embargos, sem máscaras e sem esperas exageradas. Espero ansioso o dia em que me dirá sim, com os olhos ardendo em lágrimas como também os meus.
A culpa é resultado da fixação da mente no passado, projetando-o no futuro em forma de autopunição. O autoamor se manifesta somente no aqui e agora e permite o autoperdão.
O autoperdão é fruto do arrependimento consciencial, no qual somos convidados a realizar exercícios de aceitação de nós mesmos e das condições da vida para evoluirmos, trabalhando efetivamente na direção do bem e da nossa própria dignificação.
Livro: Inteligência Consciencial - a conquista da autonomia da consciência
O autoperdão não se constitui em uma anulação simplista dos erros cometidos. Isso não existe na lei divina. O autoperdão é o mecanismo que Deus sempre nos faculta para trabalharmos na reabilitação da nossa própria consciência, anulando, por meio da reparação, as máculas geradas pelos erros existenciais.
Livro: Inteligência Consciencial - a conquista da autonomia da consciência
A amargura se não tratada é como um câncer que aos poucos e sem perceber vai corroendo a alma da forma indolor até virar metástase.
Depois de enraizada só um milagre, uma profunda metanoia em que se decide perdoar e esquecer o passado e viver a vida longe das sombras da dor.
Quanto mais tempo, mais difícil pode ser.
Quanto antes entender o mal que se está alimentando dentro de si, menos penoso será o caminho de volta a sensatez de uma vida com paz interior, sem que lembranças do passado interviram no presente.