Perda de um Amor
Nem sempre é amor; às vezes, é apenas o medo de perder a pessoa que amamos para outra pessoa ou algo que nos faz sofrer.
Tirania Infantil
Com medo de perder o amor dos filhos, pais renunciam ao seu pátrio poder, entregando-se ao jogo sutil e hostil da tirania infantil, tornando-se frágeis e subservientes.
Colocados no trono por pais sem firmeza, sem voz, reféns de uma culpa atroz, acreditam que não dedicaram tempo e atenção suficientes para esses rebentos algozes.
Infantes exigentes, pais obedientes, autoridade enfraquecida, valência perdida, tirania fortalecida na culpa assumida.
No lar, o caos reina, pais sem direção, remorso que nutre em vão, jovens onipotentes em ascensão determinam o refrão.
Transfigurados em pais dos pais, esses pequenos tiranos comandam cada vez mais, numa inversão de papéis onde os filhos mandam e os pais apenas obedecem.
A perda da admiração é o principal desafio ao amor, geralmente causando distanciamento sem, necessariamente, ser o fim da ralação.
Hoje eu sei lidar com o amor, com a falta de amor, com a saudade, a dor da distância, a dor da perda, e todos os sentimentos que em mim habitam. Na dor tudo se aprende, e eu aprendi. Não sofro mais por pessoas pequenas e nem por amores fracos.
Sou grata pelos amigos que me ensinam constantemente o que é o amor, perdão, caridade, companheirismo...
Pelos problemáticos que me ensinam a não repetir sua atitudes. Pelos maus que me ensinam o quão feio é ser má.
Pelos mentirosos que me ensinam que não vale a pena enganar aos outros quando a única coisa que realmente importa no final do dia é uma consciência tranquila.
Sou grata a todos que passam pela minha vida, todos acrescentam coisas boas e mesmo que sua passagem pelo meu caminho tenha sido terrível o que fica é sempre aprendizado.
Hoje eu chorei por você,
Por não saber onde está
O meu amor, que se perdeu
E não soube voltar.
Sempre busco achar
Minha vida, um sentido, um altar.
Sempre irei lutar com o que encontrar,
E sentirei que o meu respirar é meu amar.
E o seu sorrir é o meu abrir,
E o meu ceder não é te ver.
E no seu riso crescer,
E depois poder te agradecer
Pelos momentos de embarcar,
E mergulhar no seu olhar.
A UM AMOR PERDIDO (soneto)
Quando a primeira vez se perde o amor
Que do leito acordou, ali gemendo e só
Dentro do peito a tristeza se faz em nó
E desabrocha a flor de lágrima e suor
A vida sente os olhos mareados, forrobodó
Sobe-lhe um amargo, e o primeiro ardor
Do queixume, do pesar, de um pecador
Tal a rosa, de perfume e espinhos, dá dó
Então a alma se traveste de desventura
Numa torpeza de paixão e de mágoa
Onde o sonhador é bravo sem bravura
Assim neste pranto em verso de bágua
Teu cheiro é açoite sem doce candura
E tua lembrança nos arde em frágua...
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
25/10/2019, 23’47”
Cerrado goiano
Olavobilaquiando
Choro de amor
E passamos junto muita coisa
dos nossos olhares muito perdeu
fui teu no amor, a saudade poisa
hoje, no tudo se foi, tudo morreu
Sei que é outra a sua jornada agora
que a nossa paixão no tempo ficou
que o coração está em diversa hora
e que o teu sorriso por mim gorou
Assim, o destino se fez em realidade
sem piedade de nosso amor zombou
deixando na poesia muita saudade
louca, e o rastro de não mais voltou
E nesta ressequida saudade dorida
ainda no peito o silêncio do seu olhar
que insiste em não dar a sua partida
restando a solidão na alma a chorar
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
02/06/2016, 12'00" – Cerrado goiano
NÃO CHORE O AMOR
Não chore nunca o amor perdido
No silêncio sombrio da sofreguidão
Deixai ir, à solta, o luto da emoção
Na dor de o afeto vão adormecido
E quando, à noite, o vazio, for valido
Abrolhai, no peito, a doce recordação
Pura, e feliz, das horas em comunhão
De outrora, e na história de ter vivido
Lembrai-vos dos enganosos, dos idos
Das sensações com haveres divididos
E das maquinas que te fez quiçá doer
E, ao considerar, então, a tua perca
Vereis, talvez, como é frágil a cerca
Da divisão. E que é possível esquecer!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
24/03/2020, 10’41” - Cerrado goiano
GORJETA
Eu sou aquele que no amor é perdido
eu sou o que no fado me falta aporte
sou esse da desdita, e nesta tal sorte
sou a contramão, a solidão desmedida
A sombra no meio fio da cara vida
e que no devaneio perdeu o norte
que fica no vagar num choro forte
rascunhando a chaga tão dolorida
Sou aquele que no silêncio habita
Sou pôr do sol sumido, desprovido
Sou aquele que na ilusão orbita
Sou talvez o ideal de alguma dita
Quiçá a que o rumo me é devido
Quem sabe uma gorjeta merecida
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
15/10/2020, 16’19” – Triângulo Mineiro
SONNET
Minha poesia tem seu segredo, o seu mistério
Um amor perdido, eterno, na alma concebido
Que o mantem quieto, e na sensação dividido
Um querer impossível, tão cheio de critério
Ai de mim! Nas trovas passei despercebido
Solitário ao seu lado, de uma sorte estéril
Indigerível e uma versificação no cautério
Sem pedir nada, sem nada, e tão bandido
Sentimento... aqui no peito doce e terno
Que segue o seu caminho, sem me ouvir
Num murmúrio árido e frio tal o inverno
E, o poema piedosamente fiel, no sentir
Tal rama em flores e espinho no verno
Verseja o amor e a tristura sem desistir
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
05/11/2020, 19’30” – Araguari, MG
AMOR PERDIDO ...
Depois que tu foste, só depois, da partida
Notei que do manso amor, o meu é sujeito
O grato sentimento da sensação, da vida
E, se tem maior bem, desconheço o feito
Afeto ardente e forte, repleto e perfeito
Que na emoção a conformidade é diluída
Um olhar, afago, gesto com poético jeito
Que na boa afetividade a ventura é parida
Depois do vazio, só depois, me vi corso
Num aperto no pensamento que tortura
Que conquista a mente dando remorso
Não tem preço, amor perdido, só trava
A sede, a inspiração, suspiros, a ternura
Tu foste! esvaindo o mimo que me dava! ....
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
13/01/2021, 19’18” – Triângulo Mineiro
BEM SEM PREÇO
Depois que te perdi, só depois, amor singular
Notei que fracassei com um bem sem preço
Sentimento profundo, vida, um ímpar amar
E, se existi equivalente imitante, desconheço
Caricia ardente e casta, tão uma, confesso!
E agora em uma saudade cortante e doída
Dum olhar nostálgico, e sem um endereço
Eu carrego a recordação, vaidosa e sofrida
Depois que ide, só depois, pobre o coração
Suspira tão triste, em uma constante tortura
Num remorso que invada a minha emoção
De não ter junto a ti, quando contigo estavas
A conformidade onusta de carinho e ternura
Hoje, cá a chorar, aquele amor que me davas!
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
25, novembro, 2021, – nas Gerais...
SONETO PERDIDO E TORTO
Se prosar que ignoro estou mentindo
Mas falar de amor eu não mais tento
Por essa tal poética eu vou convindo
Sem mais entender deste sofrimento
Se da saudade atormento vai saindo
Nesta sensação nada mais fomento
De tuas rememorações vou fugindo
Destinta quimera eu lanço ao vento
Se a prosa é de que me ama, maço
E se silencia, nem sei o que eu faço
Com a solidão na minha inspiração
Quanto mais o sentimento absorto
Mais o soneto se vê perdido e torto
Na prosa de um apaixonado coração
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
29 janeiro, 2022, 10’16” – Araguari, MG
PERDIDO AMOR
Na poesia, eu te chamava com teimosia
Saudando-te com um tal próprio jeitinho
Eram versos de sentimento e de alegria
Que nos quais eu te sussurrava baixinho
Era uma sensação que, muito, eu sentia
E já sabia da emoção que viria, carinho
Pois, em cada rima, de ti uma melodia
Urgia e, o tempo passava devagarinho
Por onde andara meus versos agora?
Sem ti, se só há lembrança de outrora...
Então, um aperto na alma, um ardor
E, aquela atenção que era companhia
Que trazia cheiro, agora, é prosa vazia
Tentando esquecer um perdido amor!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
16, agosto, 2022, 19’46” – Araguari, MG
Perca
Poetei quanto o amor me guiava
Senti paixão e de perde-la temia
O sentimento nas veias percorria
Os versos eram de quem amava
Era poético, sensação se criava
E demais, mais a emoção pedia
E o verso sentia, e o versar saia
Latejando, a inspiração sonhava
Não era para ser, foi, se perdeu
No choro da poesia, sofreguidão
A retórica numa solidão, morreu
Que me agouro, outro o azarão
A omissão na prosa. Adquiri eu
Saudades. Na poesia, inanição!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
5 setembro, 2023, 6’45” – Araguari, MG