Percepção
O que um monstro descontrolado mais teme é ver o seu reflexo nos olhos de quem se atreve a ser também uma força monstruosa em equilíbrio.
A capacidade de colocar-se no lugar do outro que precisa, faz de um ser algo acima da média, logo distinto e parte dos planos de ação de Deus na Terra.
Se desejas algum tipo de ajuda real, empática, espere daqueles que não tem muito a oferecer, mas conhecem o peso doloroso da necessidade que no seu passado imprimiu marcas importantes ou ainda imprime.
Feliz daquele que percebe, em meio a tantos "ruídos" e distrações da mente, as belezas, diferenças e detalhes de tudo que o cerca.
Falta à energia masculina transferir seus anseios como se estivesse no corpo da mulher e navegá-la em busca de seus maremotos.
Quando nos desconectamos do "ruído" externo passamos a nos ouvir e daí em diante o entendimento, a compreensão, preenchem todos os espaços vazios.
Existem aqueles que aprendem com seus momentos ruins, os perceptivos, que refletem, questionam e mudam, e os que passam a morar em cemitérios antes do tempo natural, por más escolhas e teimosias.
Quem não conseguir ver Deus numa tempestade, num dia belíssimo de sol ou olhando as estrelas, deveria dispensar a necessidade dos olhos.
Se as pessoas entendessem e vivenciassem o bem estar que existe em poder ajudar, leis e presídios seriam desnecessários.
"Mais cedo ou mais tarde você vai descobrir que tanto a felicidade quanto a tristeza são sentimentos passageiros, fugazes, alternando-se ao longo da vida."
Quando você perceber que todas as peças estão exatamente onde deveriam estar e que você é apenas mais um peão na vasta imensidão de um tabuleiro de xadrez, você enxergará o invisível diante de seus olhos.
Tudo é perfeito diante dos olhos dos cegos; pois são nossos próprios olhos que ocultam toda a beleza.
"Os que me tocam de longe"
por Luiza_Grochvicz.
Há pensadores que me abraçam.
E há outros que apenas me roçam os ombros — e mesmo esse toque breve é suficiente pra deixar marcas.
Com Sartre, danço na mesma praça da liberdade.
Ele me ensinou que somos condenados a ser livres — e isso dói.
Mas ele escreve com bisturi, eu escrevo com flor.
Ele exige do mundo um sentido; eu só pergunto se há beleza mesmo sem ele.
Nietzsche me sopra no ouvido: “viva intensamente.”
E eu ouço.
Mas ele é raio, trovão, fúria.
Eu sou mais vento, silêncio, brisa que corta devagar.
Ainda assim, seu amor fati ressoa em mim como um eco antigo.
Levinas me lembra do outro.
Do rosto que me olha e me exige responsabilidade.
Eu também carrego a dor alheia no peito — talvez por isso minha escrita seja tão cheia de pele.
Mas ele fala do infinito; eu falo da finitude que nos salva.
Com Arendt, compartilho o espanto.
O pensar como gesto político, o cotidiano como campo de batalha.
Mas ela fala de regimes; eu falo de ruínas interiores.
Ela escreve história; eu escrevo feridas.
E Pascal, ah…
Ele fala do coração com lógica, e eu falo da lógica com o coração.
Ele apostou em Deus — eu aposto no instante.
Mas ambos sabemos: há coisas que só se entendem com o que pulsa.
Esses são os que passam por mim como vento em tarde quente: não ficam, mas refrescam.
Me pareço com eles às vezes — mas apenas em lampejos.
O resto é meu.
Temos a sutil necessidade de exercitar o controle em nossas vidas, mas quando nos deparamos com sua falsa percepção, nos damos conta do quanto somos perecíveis.
Quem acredita em tudo o que se ouve precisa ter discernimento e reflexão do que acontece ao seu redor para apurar melhor a sua perceção sensorial da verdade e dos fatos.