Pequenos textos sobre Morte
NÃO
Não morri ontem, hoje
Mas posso morrer amanhã
Morri com as palavras
De trapos velhos, rotos
Dos que se desfizeram de mim
Sem respirar, sendo sufocada
Morri vestida de negro
Como leitor ou escritor
Que já viveu, morreu muitas vezes
Naquele dia em que eu morri
O meu corpo queria estar
Envolto no teu corpo
Suado, quente, amarrotado
Morri de amor, de desejo
Mas também pequei, rezei
Só morri quando te perdi.
Conheci um homem muito rico
Que no dia do seu enterro
Vestia um terno fino
Seu esquife de madeira trabalhada
E de flores pela beirada
Conheci um homem muito pobre
Que no dia do seu enterro
Uns trapos lhe cobriam
Seu caixão estava mais para um caixote
E nas beiradas muita gente
Chorando sua morte
Depois de alguns dias
Não se via diferença
Da terra que os cobria
Diferença talvez
Só além do que meus olhos viam
Caixão ou caixote
Pro verme não se conta
Nem a sorte
Viver ou não viver
Querer ou não querer
Já não sei o que fazer
Eu quero morrer!
Ai vida esta
Que me detesta,
vou te dar o prazer
De me veres morrer.
Vida a minha
Que me encaminha
Mal encaminhada,
Aii se eu pudesse cair envenenada...
Nunca mais ninguém me via
Só minha alma pedecia
Ia para a cova
Punha-me à prova.
Apenas te pergunto,
Eu mereço isto?
Agora vou virar defunto
Eu já não resisto!
SIGO
Sigo a areia que corre
Com pressa na ampulheta
Dos passos dados ao vento
Entre a brisa que bate na face
De suspirados silêncios
No tempo em que vive esquecido
E que me olha com a verocidade
É na espuma da areia que a alma
Chora em silêncio na água
Do calor sentido no teu corpo
Sigo as rochas entre a praia
Deste meu desejado silêncio
Feito pela espuma do meu mar
Memórias de ti, simplesmente em mim.
DE QUE ME SERVEM
De que me servem as camélias
Se me faltas como o ar
Que tento respirar
E não me deixa sonhar
A vida é uma cruz de espinhos
Feridas abertas que sangram
Espinhos que se cravam na alma
Nesta dura vida sofro só, a sós
Sinto-me um fantasma
Nestas lágrimas soltas de sal
Temperadas de saudade
Na cruz que carrego todas
As noites neste meu desfadado
De triste quimera miragem solta
De espinhos cravados em mim
De que me servem as camélias sem amor.
Olá Você
Olá, meu amor
Por que você voltou?
Não que eu não te queira por perto
Mas é que depois que se foi fiquei mais esperto
Ainda não deixei de te amar
Mas será que você já me esqueceu?
Acho que não
Já que voltou pra perto d'eu
Outra pessoa que nos reaproximou
Tenho de me lembrar de agradecer
Ela trouxe de volta a luz da minha vida;
Fiquei novamente perto de você.
Eu estava com saudades
Desse teu sorriso que me faz sorrir
Não acho que conseguirei parar de te amar
Mas talvez quando eu partir
Somente Deus é digno de ter o poder sobre todas as coisas.
O poder sobre todas as coisas nas mãos de uma criatura
do criador sempre haverá imperfeição, que é o mal.
Creio que o diabo é pioneiro de um poder de Deus sem Deus,
depois o poder como de Deus, veio para os homens,
quando ele comeu o fruto proibido. Deus já jugou uma condenação
de morte para aquele que tem o poder como ele tem.
PALAVRAS DE SILÊNCIO
Digamos que é admirável
o silêncio das pedras extintas.
Digamos que a lama
é uma chuva de palavras irreprimíveis.
Estas são as águas correntes na nebulosa
da vida. Rios nocturnos que morrem
eternamente na secreta sombra.
Já sei que vou morrer mesmo.
O meu corpo absorve o silêncio
celeste de uma memória de flores
que vagueiam as ruínas da alma.
Vou morrer! Paciência...
Alguém me traga um cavalo.
Quero sair daqui a galope.
A vida não é o sonho negro
de uma manhã cinzenta.
A vida é uma flor que floriu
à chuva de um sorriso.
A vida não é nenhuma dor
sem cura, sem remédio…
A vida é uma esperança
que a morte não consegue vencer.
A vida tem olhos e asas
de pontas douradas com que
refaz o caminho do seu céu.
A vida é só e uma só
oportunidade, aproveita a tua
orgulha de ti a tua própria terra criadora.
Sim, transformaram-nos em coisas:
Em quantos carros temos na garagem ,
No patrimônio material que juntamos ao longo da vida ,
No volume de nossa conta bancária .
Grandes coisas!
No caixão serás só tu.
E uma roupa que de favor te vestiram,
Qual tal o mendigo que humilhastes ,
Ou o operário que explorastes .
Um corpo em breve fétido,
Como a consciência que nunca tiveste .
E pelos cantos dirão:
Morreu a peste!
Morrer...
Termina a vida, morrer, com ela o viver
Vão-se as dores, homenagens com flores
Rezas, choros e suplicas pros pecadores
Depois, uma furtiva lembrança a prover
Aos amores e aos meus admiradores...
... para as lágrimas fingidas
Meu até mais...
Cheio de saudações garridas
E minhas retribuições iguais!
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
02/09/2020, 17’00” – Triângulo Mineiro
Por que você acredita em Deus?
Você acredita pelo mesmo motivo que eu acreditava quando era criança?
Porque era me imposto pela sociedade e pela religião?
Ou você acredita pelo lado hipócrita que já fui?
Porque tem medo que depois da morte não existirá nada. É um eterno vazio e um eterno sono onde não se acorda?
Agora eu acredito em Deus pelo simples fato de tentar entender o porquê Ele nos colocou no meio de tudo isso que chamamos de vida.
A prerrogativa de estar só não encontra morada em mim, pois mesmo só, não estou sozinho!
Se sozinho em meu quarto meu Pai me vê em segredo!
Se sozinho no deserto estou coberto e alimentado bradando em meus lábios a visão messiânica, posso Vencer o inimigo!
Estar sozinho é não estar só, mesmo atribulado é não estar angustiado; mesmo perplexo, é não estar desanimado, mesmo perseguido, é não estar desamparado; mesmo abatido, é não estar destruído; sabendo que a morte traz a Vida, estar sozinho em uma sepultura, mesmo sem vida, a ressurreição é o que me resta!
Esperar impacientemente a paciência, deixar no passado todo o presente.
Existir, sem ao menos ter sua existência.
Poder ser igualmente diferente.
Essa é a lógica da contradição, completamente incompleta,
Sem sentido, mais tendo razão,
em um mundo de pensamentos onde só os fortes entenderão.
O dilema da galinha e o ovo,
Dividindo opiniões por terras, mares, nações...
Aqui o novo se faz velho e o velho se faz novo.
Um lugar onde fraco se faz forte, e o azar da lugar a sorte.
Onde a opinião é dividida.
Vida... Morte.
Quando você mais precisou, eu não estava lá,
mas vi sua partida e senti sua despedida.
Viajei a noite toda nas suas asas e o firmamento era o meu chão,
não queria voltar sem você, não queria largar sua mão.
Impossível não sofrer em cada lembrança,
isso acontece mesmo, todas às vezes que o sonho volta.
Aquela noite nunca passou, ela jamais passará.
O olhar na porta do quarto, na boca o som da angustia
Sem querer eu disse adeus
E a vida segue....
"Heróis." Será possível que eles existam? Com certeza existe e conhecemos alguns usando seu disfarce humano. Vocês sabem, heróis estão sempre disfarçados!
Não importa o risco a correr, esses heróis estão ali... Agora imaginem todos esforços, cansaço, quebras de protocolos, exaustão, para resgatar um braço, o que serão capazes de fazer para salvar uma vida, quais serão os limites? Será que existe um limite? (........) Existe sim: A própria vida!.. (Arabiades Duarte, colaborador na 5a CIBM/Chapadinha)
"O melhor velório para mim é aquele em que ninguém espernea, se não chora em silêncio, entrojada em reflexões fica a gente que não tem tempo para negar a morte do morto, denunciá-lo a farsa por estar dormindo ao invés de morto; que não mexerica dizendo o morto está com os anjos; que não revela: o morto está num lugar melhor que toda a gente a volta do caixão. Que não o confere fadiga: o morto descansa agora no seio de Abraão.
Pergunto: quer gozar das prerrogativas do morto?
Só troca de olhares; ninguém responde.
Máscaras caem."
Desesperado eu a procurei
E a convidei para um jantar
Pensei em qual roupa vestir
E em flores para levar
O dia mais feliz da minha vida está pra chegar
Não sei se devo comemorar ou me preparar
Chega de odiar, chega de amar
Uma memória não deixarei
Nem mesmo nas histórias estarei
Pois quando for acolhido
Verás a paz no meu rosto adormecido.
Promete que vai deixar eu me ver?
Talvez eu me arrependa quando você chegar, talvez eu mude de ideia, talvez eu implore pra que me deixe mais um pouco.
Mas eu te peço que não me escute, você pode me causar medo, mas não tem um dia que eu acorde sem pensar nesse momento único.
E quando você chegar, só te peço que deixe eu me ver, ao som de Chasing Cars – Sleeping At Last.
Senhor Deus
Cansado de anjos sem asas
um passaro
resolveu chamar
Gostaste tanto do meu amigo
que ao seu lado resolveu colocar?
do silencio do piado
a rigidez do corpo
é confirmado
a alma dele não estava mais lá...
Não fique surpreso nem admirado
apenas com um olhar apatico
pois meu amigo não tive a chance de ensinar a voar
Não aprendeu a caçar
nem a cantarolar
so a pedir comida
e chegar perto quanto eu chamar
Se o senhor o levou
so te suplico uma coisa
cuide bem dele
e me de forças
para mais uma perda
eu conmseguir suportar.