Pequenos Recadinhos para o Coração

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Às vezes é preciso recolher-se. O coração não quer obedecer, mas alguma vez aquieta; a ansiedade tem pés ligeiros, mas alguma vez resolve sentar-se à beira dessas águas. Ficamos sem falar, sem pensar, sem agir. É um começo de sabedoria, e dói. Dói controlar o pensamento, dói abafar o sentimento, além de ser doloroso parece pobre, triste e sem sentido. Amar era tão infinitamente melhor; curtir quem hoje se ausenta era tão imensamente mais rico. Não queremos escutar essa lição da vida, amadurecer parece algo sombrio, definitivo e assustador. Mas às vezes aquietar-se e esperar que o amor do outro nos descubra nesta praia isolada é só o que nos resta. Entramos no casulo fabricado com tanta dificuldade, e ficamos quase sem sonhar. Quem nos vê nos julga alheados, quem já não nos escuta pensa que emudecemos para sempre, e a gente mesmo às vezes desconfia de que nunca mais será capaz de nada claro, alegre, feliz. Mas quem nos amou, se talvez nos amar ainda há de saber que se nossa essência é ambiguidade e mutação, este silencio é tanto uma máscara quanto foram, quem sabe, um dia os seus acenos.

Um livro aberto é um cérebro que fala;
Fechado, um amigo que espera;
Esquecido, uma alma que perdoa;
Destruído, um coração que chora.

Rabindranath Tagore

Nota: Por vezes atribuído, de forma errônea, a Voltaire.

A linguagem de seu coração é que irá determinar a maneira correta de descobrir e manejar a sua espada.

Melhor do que ter uma grande beleza, é ter um grande coração.

Se o seu coração é absoluto e sincero, você naturalmente se sente satisfeito e confiante, não tem nenhuma razão para sentir medo dos outros.

Aceitar-me plenamente? É uma violentação de minha vida. Cada mudança, cada projeto novo causa espanto: meu coração está espantado. É por isso que toda minha palavra tem um coração onde circula sangue.

Clarice Lispector
Um sopro de vida. Rio de Janeiro: Rocco, 2015.

Fizeste-nos, Senhor, para ti, e o nosso coração anda inquieto enquanto não descansar em ti.

Se você falar com um homem numa linguagem que ele compreende, isso entra na cabeça dele. Se você falar com ele em sua própria liguagem, você atinge seu coração.

Trago dentro do meu coração,
Como num cofre que se não pode fechar de cheio,
Todos os lugares onde estive,
Todos os portos a que cheguei,
Todas as paisagens que vi através de janelas ou vigias,
Ou de tombadilhos, sonhando,
E tudo isso, que é tanto, é pouco para o que eu quero.
(Álvaro de Campos)

O Impossível Carinho

Escuta, eu não quero contar-te o meu desejo
Quero apenas contar-te a minha ternura
Ah se em troca de tanta felicidade que me dás
Eu te pudesse repor
-Eu soubesse repor_
No coração despedaçado
As mais puras alegrias de tua infância!

Manuel Bandeira
Os Melhores Poemas de Manuel Bandeira, de Org. Francisco de Assis Barbosa, 1984

Estou cansada. Vazia. Desgastada, o coração desgasta de sofrer, sei disso.

Diante de um coração partido
Nenhum outro pode falar
sem ter tido o grande privilégio
De igualmente ter sofrido.

Emily Dickinson
The Poems of Emily Dickinson

O inverno cobre minha cabeça, mas uma eterna primavera vive em meu coração.

A linguagem de seu coração é que irá determinar a maneira correta de descobrir e manejar a sua existência.

Eu sou mole demais por dentro para deixar todo mundo ver. Eu deixo para quem eu acho que pode comigo. Ninguém sabe. Mas eu tenho coração de moça.

Ninguém consegue fugir do seu coração. Por isso, é melhor escutar o que ele fala. Para que jamais venha um golpe que você não espera.

Paulo Coelho
Coelho, P. O Alquimista. Rio de Janeiro: Rocco. 1990.

O seu coração está onde está o seu tesouro. E o seu tesouro precisa ser encontrado, para que tudo possa fazer sentido.

Paulo Coelho

Nota: Trecho adaptado do livro "O Alquimista", de Paulo Coelho.

Para meu coração basta teu peito
para tua liberdade bastam minhas asas.
Desde minha boca chegará até o céu
o que estava dormindo sobre tua alma.

E em ti a ilusão de cada dia.
Chegas como o sereno às corolas.
Escavas o horizonte com tua ausência
Eternamente em fuga como a onda.

Eu disse que cantavas no vento
como os pinheiros e como os hastes.
Como eles és alta e taciturna.
e entristeces prontamente, como uma viagem.

Acolhedora como um velho caminho.
Te povoa ecos e vozes nostálgicas.
eu despertei e as vezes emigram e fogem
pássaros que dormiam em tua alma.

Pablo Neruda
Vinte poemas de amor e uma canção desesperada

O coração delicado sofre menos das feridas que recebe do que das que faz...

Abre o teu coração
Ou eu arrombo a Janela