Pensamentos Sábios
Cintilei em nosso amor o fulgor de uma estrela, abrilhantado pelas virtudes de um mundo que não existe
Adulam-te como um deus ou um diabo! Choramingam diante de ti como diante de um deus ou de um diabo. Que importa? São aduladores e chorões, nada mais que isso.
Não existe na natureza criatura mais sinistra e mais repugnante do que o homem que foi despojado do seu próprio gênio e que se extravia agora a torto e a direito, em todas as direções.
A própria palavra cristianismo já é um equívoco — no fundo só existiu um cristão, e esse morreu na cruz.
Quem não sabe desprezar não sabe respeitar.
Quem combate monstros precisa tomar cuidado para que isso não o torne um monstro. Se você olha muito tempo para dentro do abismo, o abismo também começa a olhar dentro de você.
Não te acovardes diante de tuas ações! Não as repudies depois de consumadas! O remorso da consciência é indecente.
O pior inimigo, todavia, que podes encontrar, és tu mesmo! Lança-te a ti próprio nas cavernas e nos bosques. Solitário, tu segues o caminho que te conduz a ti mesmo! E o teu caminho passa por diante de ti e dos teus sete demônios.
Quem luta com monstros deve se cuidar, pois, ao fazê-lo, pode se transformar também em monstro. E você se olhar durante muito tempo para um abismo, o abismo também olhará para dentro de você.
É difícil evitar que nossas visões mais elevadas pareçam loucuras e por vezes até crimes, quando chegam a ouvidos que não são capazes de compreendê-las.
O sedutor involuntário
Atirou no ar palavras vazias,
Por distração — e abateu assim uma mulher.
Não é a maneira como uma alma se aproxima da outra, mas na maneira como se afasta que reconheço seu parentesco e afinidade com a outra.
O mundo gira, não ao redor dos inventores de estrondos novos, mas à roda dos inventores de valores novos: gira sem ruído.
Reduzir uma coisa desconhecida a outra conhecida alivia, tranquiliza e satisfaz o espírito, proporcionando, além disso, um sentimento de poder.
Chamamos espírito livre aquele que pensa de outro modo do que podia se esperar de sua origem, de suas relações, de sua situação e de seu trabalho ou das opiniões reinantes em seu tempo.
Começa-se por desaprender de amar os outros e termina-se por não encontrar nada mais digno de amor em si mesmo.