Pensamentos de Franz Kafka
A liberdade, tal como nos é possível tê-la atualmente, é uma planta bem frágil. Mas de qualquer forma é liberdade, de qualquer forma é um patrimônio.
Cumpro com meus deveres, mas não com minhas obrigações íntimas – e cada obrigação íntima não cumprida se transforma em uma infelicidade duradoura.
Teoricamente, há uma chance de felicidade plena: crer no indestrutível que há dentro de nós e não aspirar a isso.
Alguns negam a existência da miséria apontando para o Sol; ele nega a existência do Sol apontando para a miséria.
Duas tarefas no início da vida: estreitar cada vez mais sua órbita, sem deixar de verificar se você não está escondido fora dela.
Necessitamos dos livros que nos afetam como um desastre, que nos afligem profundamente como a morte de alguém que amamos mais que a nós mesmos, como estar perdido sozinho num bosque, como um suicídio. Se o livro que lemos não nos desperta com um soco no estômago, para que lê-lo?
“...Não há necessidade de sair da sala. É suficiente sentar-se à mesa e escutar. Nem sequer é necessário escutar, é só esperar. Nem sequer é preciso esperar, é só aprender a ficar em silêncio. O mundo se oferecerá a você livremente para ser descoberto..!”
O animal arrebata o açoite de seu amo para açoitar-se a si próprio, pensando que assim se transforma em senhor, mas ignora que tudo isso não passa de uma fantasia, criada por outro nó que o amo fez em seu açoite.