Pensamentos de Denis Diderot

A criança como o homem, e o homem como a criança, prefere divertir-se a instruir-se.

Engolimos de um sorvo a mentira que nos adula e bebemos gota a gota a verdade que nos amarga.

De todos os sentidos, a vista é o mais superficial. O ouvido, o mais orgulhoso. O olfato, o mais voluptuoso. O gosto, o mais inconstante. E o tato, o mais profundo.

Todos querem ter amigos mas ninguém quer ser.

Não se retém quase nada sem o auxílio das palavras, e as palavras quase nunca bastam para transmitir precisamente o que se sente.

Saber conter-se é uma das primeiras coisas que deve aprender.

O primeiro passo para a filosofia é a incredulidade.

Não lamento os homens, os homens refazem-se; não lamento o ouro destes tesouros, os tesouros voltam a encher-se; mas quem restituirá a estes povos os anos que vão passando?

Não existe antídoto mais poderoso contra a baixa sensualidade do que a adoração da beleza.

Um única demonstração impressiona-me mais do que cinquenta fatos.

Quando o padre apoia uma inovação, ela é má; quando se lhe opõe, ela é boa.

Só precisam de moral e de virtude os que obedecem.

Para se alcançar, quanto mais não seja, a fama do pai, é preciso ser-se mais hábil do que ele.

Ignoro o que sejam princípios, a não ser que se tratem de regras que se prescrevem aos outros para nosso proveito.

Cospe-se num bandido menor, mas não se pode recusar uma espécie de consideração a um grande criminoso.

A razão sem paixões seria quase um rei sem súditos.

Em geral, quanto mais um povo é civilizado, educado, menos os seus costumes são poéticos; tudo se atenua ao se tornar melhor.

Se tudo cá na terra fosse excelente, não haveria nada de excelente.

Não se é sempre estúpido por havê-lo sido várias vezes.

Clama-se incessantemente contra as paixões; imputam-se-lhes todos os males do homem, esquecendo que elas são também a fonte de todos os seus prazeres.