Pensamentos sobre música
Foram noites intermináveis, eu só chorava
Bem no auge da minha dor, nada me consolava
Mas eu sobrevivi como a águia solitária
E a sorte, de novo, sorriu pra mim
Deus me escondeu bem debaixo de suas asas
Nenhuma peste me matou
Nenhuma flecha me atingiu
Eu aprendi a ganhar perdendo
Aprendi a subir descendo
Doeu, doeu, mas eu cresci
E cresci diminuindo
Apareci desaparecendo
E o poder de Deus na minha fraqueza
Se aperfeiçoou
Pai, me dá disposição para aprender de ti
Me dá disposição pra mergulhar
No mar da oração, mais uma vez
Pai, eu quero ser levado por Tua direção
Ouvir Tua palavra e entender
Com suprema exatidão o que quer de mim
Não creio, não creio num Cristo vencido
Cheio de amargura, semblante de dor
Eu creio num Cristo de rosto alegre
Pois creio no Cristo que é vencedor
São nações escravizadas
E culturas assassinadas
É a voz que ecoa do tambor
Chega junto, venha cá
Você também pode lutar, ei!
E aprender a respeitar
Porque o povo preto veio para revolucionar
Eu não compactuo com esse jogo sujo
Grito mais alto ainda
E denuncio esse mundo imundo
A minha voz transcende a minha envergadura
Com essa carne fraca
Eu sou do tipo carne dura
Se abriu os olhos de um celular
Aliviou a tela ao entrar, tirou de cena toda timidez
Alimentou as redes de nudez
Fantasiou o brio da rotina
Fez de sua pele sua sina
Se estilhaçou em cacos virtuais
Nas aparências todos tão iguais
Singularidades em ruínas
Não há
Chance de apagar
Deixa demorar
Lembrar você é bom demais
Vivemos tanta coisa
Lembra?
Tanto pra acertar
O tempo pra curar
Em câmera lenta
Acompanho o teu suor
De encontro ao meu
A gota da seiva do céu
Ninguém faz melhor
Que você e eu
Posso te contar
Tudo o que sonhei um dia
Tudo só pra chegar aqui
Pra sentar
E conversar
Falar besteira
Ter alguém
Pra confiar
A vida inteira
Nessa paz eu vou
Munido de amor
Como é gostoso te amar
E como tu me faz sentir
Teu rosto colado
E o beijo calado
Pronto para me despir a alma
Só a mudança é que se mantém
No caos dessa ordem: que maestria!
Uma linda e incessante coreografia
Da estrela ao teu peito, um só ritmar
Quem não escuta a canção
Não entende a gente dançar
Nesse jogo de tanto faz
Foi que a gente se desfez e agora a gente dança
Nessa guerra pela paz
Nessa insana lucidez
A vida nunca cansa
Por que será?
Quero viver, quero mudar, um motivo não há
E lá fora, o mundo volta a girar
Se é só o tempo, então releva
Já não há nada que possa irritar
Essa cura
Tem dias que parece
Que não vou conseguir
O medo me persegue
Me impede de sentir
Eu só quero amar direito
E ser tudo que eu puder
Seja o que for
Venha o que vier
“...venho de um lugar
Onde o tempo parou para descansar
E a poesia passeia pelos jardins
Nas asas das borboletas -
- E há música no ar...”
(in “Alegria ansiosa”)
Quando já não sei qual é a direção
E tudo que posso é seguir meu coração
Então me viro
E giro para onde gira o sol
Quando já não sei qual é a direção
E tudo que posso é seguir meu coração
É por instinto
Que eu encontro a luz, sou girassol