Pensamentos de Bob Dylan
Sim, e quantas vezes um homem precisará olhar para cima
Antes que ele possa ver o céu?
Sim, e quantas orelhas um homem precisará ter
Antes que ele possa ouvir as pessoas chorar?
Sim, e quantas mortes ele causará até saber
Que pessoas demais morreram?
Nota: Trecho da música "Soprando no vento".
Sinos da Liberdade
Bem depois do pôr do sol, antes do badalar pungente da meia-noite
Nos atiramos pelo umbral da porta em meio a trovões que desabavam
Enquanto os sinos majestosos dos raios lançavam sombras nos sons
Como se fossem os sinos da liberdade cintilando
Roube um pouco e eles te jogam na cadeia, roube muito e eles te fazem rei.
Quantas estradas um homem precisará andar
Antes que possam chamá-lo de homem?
Quantos mares uma pomba branca precisará sobrevoar
Antes que ela possa dormir na areia?
Sim, e quantas balas de canhão precisarão voar
Até serem para sempre banidas?
Nota: Trecho da música "Soprando no vento".
Eu não me enterrarei debaixo da terra, porque alguém me diz que a morte está chegando.
Acho que as coisas verdadeiramente naturais são os sonhos, os quais a natureza não pode tocar com decadência.
Sim, e quantos anos uma montanha pode existir
Antes que ela seja dissolvida pelo mar?
Sim, e quantos anos algumas pessoas podem existir
Até que sejam permitidas a serem livres?
Sim, e quantas vezes um homem pode virar sua cabeça
E fingir que ele simplesmente não vê?
Nota: Trecho da música "Soprando no vento".
Está ficando escuro, escuro demais para enxergar
Sinto como se eu estivesse batendo à porta do paraíso
Algumas pessoas parecem se desvanecer, mas, quando somem de vez, é como se não tivessem se desvanecido em absoluto.
Para mim, as canções eram mais importantes do que um simples entretenimento ligeiro. Eram minhas preceptoras e guias para um estado alterado de consciência da realidade, uma república diferente, uma república livre.
Gente meiga e indefesa às vezes faz o maior barulho. Podem atrasar você de muitas maneiras. É inútil resistir ou lidar com elas pela força. Às vezes você tem apenas que morder o seu lábio superior e colocar os óculos escuros.
O que era o futuro? O futuro era uma parede sólida, nem promissora, nem ameaçadora – puro palavrório. Nenhuma garantia de nada, nem mesmo a garantia de que a vida não seja uma grande piada.
Eu realmente jamais fui mais do que era – um cantor de folk que fitava a névoa cinzenta com os olhos cegos pelas lágrimas e fazia canções que flutuavam em uma neblina luminosa.
Tudo o que eu havia feito era cantar canções totalmente sinceras e que expressavam novas realidades poderosas. Eu tinha muito pouco em comum com a geração da qual supostamente era a voz e a conhecia menos ainda.
É preciso que apareçam oportunidades para que você converta algo – algo que existe em algo que ainda não existe. Esse pode ser o começo. Às vezes você quer apenas fazer as coisas do seu jeito, quer ver por si mesmo o que está por trás da cortina de névoa.