Pensamentos de Michel de Montaigne

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À proporção que o homem exterior se destrói, o homem interior se renova.

Ninguém determina do princípio ao fim o caminho que pretende seguir na vida; só nos decidimos por trechos, na medida em que vamos avançando.

Todos estão sujeitos a dizer tolices: o mal esta em as anunciar com pretensão.

Se não posso regular os acontecimentos, regulo a mim mesmo.

Podemos ser instruídos com o conhecimento de outro, mas não podemos ser sábios com a sabedoria de outro.

Não há paixão que abale tanto a sinceridade dos juízos como a cólera.

Faço dizer aos outros aquilo que não posso dizer tão bem, quer por debilidade da minha linguagem, quer por fraqueza dos meus sentidos.

Um leitor inteligente descobre frequentemente nos escritos alheios perfeições outras que as que neles foram postas e percebidas pelo autor, e empresta-lhes sentidos e aspectos mais ricos.

É uma perfeição absoluta, dir-se-ia divina, sabermos desfrutar lealmente do nosso ser.

Nós apenas trabalhamos para encher a memória e deixamos o entendimento e a consciência vazios.

Viver é o meu trabalho e a minha arte.

Preocupa-nos mais que falem de nós, do que a maneira como falam.

A mais sutil loucura é feita da mais sutil sensatez.

Os que têm tentado reformar os costumes do mundo, no meu tempo, com opiniões novas, reformam os vícios da aparência; quanto aos da essência, deixam-nos intactos, quando não os aumentam.

Caso não ponha fim à guerra, esta não será uma vitória.

Ensinam-nos a viver quando a vida já passou.

Embora possamos ser sábios do saber alheio, sensatos só poderíamos sê-lo graças à nossa própria sensatez.

Quem viu jamais um médico aproveitar a receita do colega sem lhe tirar ou acrescentar alguma coisa?

As leis mantêm-se em vigor não por serem justas, mas por serem leis.

A natureza é um doce guia, mas não mais doce do que prudente e justa.