Pensadores Alemães
Quando certa manhã Gregor Samsa acordou de sonhos intranquilos, encontrou-se em sua cama metamorfoseado num inseto monstruoso.
Como é que uma coisa assim pode acometer um homem? Ainda ontem à noite estava tudo bem comigo, meus pais sabem disso, ou melhor: já ontem à noite eu tive um pequeno prenúncio. Eles deviam ter notado isso em mim.
Era ele um animal, já que a música o comovia tanto? Era como se lhe abrisse o caminho para o alimento almejado e desconhecido.
O que o mundo exigia de gente pobre, eles cumpriam até o ponto extremo.
Se não me contivesse, por causa dos meus pais, teria pedido demissão há muito tempo; teria me postado diante do chefe e dito o que penso do fundo do coração. Ele iria cair da sua banca! Também, é estranho o modo como toma assento nela e fala de cima para baixo com o funcionário – que além do mais precisa se aproximar bastante por causa da surdez do chefe.
Dificilmente o surpreendia o fato de que nos últimos tempos levava os outros tão pouco em conta; essa consideração tinha sido, antes, o seu orgulho.
Como seria agora, se todo o sossego, todo o bem-estar, toda a satisfação chegasse assustadoramente ao fim?
Que tal se eu continuasse dormindo mais um pouco e esquecesse todas essas tolices?
Como é possível alguém alegrar-se com o mundo, a não ser quando se refugia nele?
O animal arrebata a coleira do dono e com ela açoita-se a si mesmo para, por sua vez, sentir-se dono, sem saber que tudo não passa de uma fantasia.
A sorte de compreender que o chão sobre o qual você permanece não pode ser maior que os dois pés que o cobrem.
O amor não apresenta mais problemas que um veículo qualquer. Os problemas estão no motorista, nos passageiros e na rua.
“Ai de mim!”, disse o camundongo, “o mundo está ficando menor a cada dia. No início era tão grande que me assustava, eu tinha de estar sempre correndo e correndo, e ficava contente quando via muros distantes à esquerda e à direita, mas essas paredes se estreitaram tão rapidamente que agora estou no último cômodo, e ali no canto está a ratoeira em que irei cair.” “Você só precisa mudar de direção”, disse o gato, e o comeu.
“Puxa”, disse o rato, “o mundo fica menor a cada dia. No início era tão grande que me dava medo, eu vivia correndo sem parar, e fiquei contente quando consegui avistar muros distantes à esquerda e à direita, mas esses muros compridos se estreitaram tão rápido que já estou na última sala, e ali no canto está a ratoeira na qual acabarei pisando.” “É só você mudar de direção”, disse o gato antes de comê-lo.
Para os legisladores, os homens não passam de criminosos e covardes, que não obedecem a não ser ao medo e às ameaças de violência.