Pensadores Alemães
Os lugares onde se esconder são numerosos, mas só há uma saída, embora as possibilidades de escapar outra vez sejam tantas quantos os lugares onde se esconder.
ÀS VEZES, O DESTINO É COMO uma tempestade de areia que o faz mudar de direção. Você pode tomar outro caminho, mas o fenômeno o atrapalha. Você volta a mudar de rumo, mas a intempérie o desvia novamente. Ela brinca por cima de você como uma agourenta dança com a morte pouco antes da aurora. Por quê? Porque a tempestade não é algo que sopra longe, algo que não tem nada a ver com você. Essa tempestade é você. É algo dentro de você. Assim, tudo o que se pode fazer é render-se a ela, andar a passos firmes em meio a ela, fechando os olhos e protegendo os ouvidos, e caminhar através dela, um passo de cada vez. Dentro da tempestade não brilha o sol nem a lua, não há direção nem sensação de tempo. Só há a fina e branca areia fazendo redemoinhos para o céu como ossos pulverizados. [...]
E, uma vez amainada a tempestade, você não se lembrará de como se livrou dela, de como conseguiu sobreviver. Na verdade, não terá certeza de que a tempestade realmente cessou. Mas uma coisa é certa: quando sair da tempestade, você já não será mais o mesmo que caminhou por dentro dela. Essa é a essência da tempestade.
"Estava sempre disposto a aceitar os acontecimentos com toda a calma, a admitir o pior apenas quando este surgia, a não se preocupar com o amanhã, mesmo quando as perspectivas fossem assustadoras. Mas ocorreu-lhe que esta não seria a melhor política a seguir"
"Teriam eles estado a dissimular as suas verdadeiras opiniões enquanto ele falava e agora, que chegara ao fim do seu discurso, é que se mostravam cansados de todo aquele fingimento? Que caras o rodeavam! Olhos pequenos e negros apareciam furtivamente de todos os lados..."
«-(...) poderei não ser uma atracção para a maioria dos homens, mas sou-o para ele. Não consigo encontrar maneira de o afastar de mim»
"-... voltarei num instante e irei consigo se o senhor me levar, irei consigo para onde quiser ir, poderá fazer de mim o que quiser, adoraria sair daqui por muito tempo e até gostaria que fosse para sempre"
Quando certa manhã Gregor Samsa acordou de sonhos intranquilos, encontrou-se em sua cama metamorfoseado num inseto monstruoso.
Como é que uma coisa assim pode acometer um homem? Ainda ontem à noite estava tudo bem comigo, meus pais sabem disso, ou melhor: já ontem à noite eu tive um pequeno prenúncio. Eles deviam ter notado isso em mim.
Era ele um animal, já que a música o comovia tanto? Era como se lhe abrisse o caminho para o alimento almejado e desconhecido.
O que o mundo exigia de gente pobre, eles cumpriam até o ponto extremo.
Se não me contivesse, por causa dos meus pais, teria pedido demissão há muito tempo; teria me postado diante do chefe e dito o que penso do fundo do coração. Ele iria cair da sua banca! Também, é estranho o modo como toma assento nela e fala de cima para baixo com o funcionário – que além do mais precisa se aproximar bastante por causa da surdez do chefe.
Dificilmente o surpreendia o fato de que nos últimos tempos levava os outros tão pouco em conta; essa consideração tinha sido, antes, o seu orgulho.
Como seria agora, se todo o sossego, todo o bem-estar, toda a satisfação chegasse assustadoramente ao fim?
Que tal se eu continuasse dormindo mais um pouco e esquecesse todas essas tolices?
Como é possível alguém alegrar-se com o mundo, a não ser quando se refugia nele?